(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

O choro das águas


postado em 25/02/2020 04:00

Valdir Megale
Engenheiro

Nascemos do útero da terra. Como uma criança nasce!

Desde pequenas, já trazemos em nosso peito um coração cheio de purezas, que levamos ao resto do mundo, para tentar purificá-lo de suas impurezas, enriquecê-lo e, sem que ainda saibamos, permitir sua sobrevivência. Do alto das montanhas, um simples fio d'água começa a caminhar ainda pequeno e transforma-se numa imensidão, adquirindo volume e força. Inicia um ciclo de vida intenso: correndo, brilhando, evaporando, voltando em forma de chuva, criando e preservando a vida, para, do íntimo de nossos desejos, ver nossos olhos brilharem quando vislumbramos nossa realização.

Somos as águas! Que nasceram para sorrir, mas hoje choram. Que nasceram para fazer brotar a vida e tornar viável o mundo, mas hoje convivem com a desgraça.

Que ainda existem para permitir o cantar na chuva, em contraposição ao morrer na chuva.

Não existimos para destruir. Essa não é a nossa história. Fomos criadas para empreender, junto com o homem, ajudando-o a construir o mundo e a sociedade de acordo com seus próprios anseios.

Somos as águas!

E hoje choramos.

Porque encurtaram os caminhos, roubaram os espaos, desviaram nossos rumos, bloquearam as passagens, retiraram nosso perfume e acabaram com o que temos de mais sagrado: a nossa própria pureza!

Mas entendemos não ser possvel parar a caminhada. Isso significaria, para nós, o fim. Então, contra nossa vontade, destruímos o que está à nossa frente, eliminamos vidas, geramos sofrimento e vamos, curiosamente, praticando exatamente o oposto de nossas intenções, invertendo toda a lógica de nossa existência.

Choramos porque nossa realidade é outra. Choramos porque sabemos que tudo isso não seria necessário e poderia ser evitado, e essa afirmativa nos entristece mais ainda, quando concluímos que, com um pouco de vontade, com um olhar mais sensível às nossas necessidades e o despertar do homem para a busca da compatibilização de seus interesses com a nossa realidade no mundo atual, tudo pode acontecer de forma diferente, como deveria ser, preservando-se o que há de mais essencial e prioritário no planeta Terra: a própria vida. Choramos, também, para chamar a atenção de todos que, de alguma forma, têm uma parcela de responsabilidade e contribuem para essa tragédia que provocamos, mas que não é só nossa. 

Somos originalmente puras, nascemos assim e queremos ser assim por toda a vida. Nos permitam ser apenas o que somos: águas que nascem das fontes, preservam a vida e trazem vida e alegria aos seres viventes!

Águas que, em sua essência, compõem a própria vida humana desde o seu nascimento até a morte, vida essa que não existiria em outras condições, dentro de um mundo quase todo feito de água.

Choramos, mas queremos transformar esse nosso choro em sorrisos de alegria novamente!

Ouçam nosso clamor. O que queremos é apenas contribuir para que esse mundo seja melhor e permita a todos os seres que o habitam usufruir de nossa presença em suas vidas, e, com toda simplicidade e alegria, dançar na chuva.

Nos permitam ser apenas nós mesmas: águas que geram e preservam a vida! É apenas isso o que pedimos. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)