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Medicina: sem qualificação não há solução à vista

Precisamos colocar logo em prática um projeto nacional que mire a excelência do ensino médico no nosso país


postado em 15/02/2020 04:00 / atualizado em 14/02/2020 22:12

Emerson Fidelis Campos
Vice-presidente da Academia Mineira de Medicina

Brasil se encontra diante de grandes e urgentes desafios na área da saúde. O primeiro é qualificar ao nível máximo a formação universitária dos estudantes de medicina. Em 1997, nosso país tinha 85 faculdades médicas. Hoje, são 340 escolas (das quais 140 públicas e 200 particulares), a segunda maior rede do mundo. Perdemos somente para a Índia, que tem 392 faculdades médicas.
 
Deve-se considerar que a população indiana (de 1,4 bilhão de habitantes) é seis vezes superior à brasileira (210 milhões). Os Estados Unidos situam-se na terceira posição do ranking, com 184 escolas, portanto, com um número 45% menor do que o total brasileiro. A população americana, de 327 milhões de habitantes, é 55% maior do que a nossa. No entanto, se sobramos em quantidade, estamos realmente muito mal na qualidade.
 
O oncologista, cientista e escritor Drauzio Varella publicou em seu site oficial artigo intitulado “A farra das escolas médicas”. Escreveu ele: “No país, não existem professores com formação acadêmica em número suficiente. A maior parte das faculdades autorizadas pelo MEC não conta com hospitais-escolas dignos desse nome. A expansão agravou a falta de vagas para a ‘residência médica’, que hoje mal atende à metade dos recém-formados”.
 
E acrescentou: “Alunos com preparo deficiente são reprovados nos concursos de ‘residência’, fase essencial para o aprendizado clínico. Vivemos um paradoxo: enquanto os melhores alunos investem mais cinco anos na formação (frequentando a ‘residência médica’), uma legião de despreparados vai atender gente doente”.
 
Então, eis um nó que precisa ser desatado. Precisamos colocar logo em prática um projeto nacional que mire a excelência do ensino médico no nosso país. Trata-se de matéria complexa, que não pode ser conduzida de forma precipitada. O tema requer amplo debate, conduzido por técnicos de alto nível e isentos de interferências corporativistas.
 
O ponto central é a formulação de uma política transparente, voltada à definição de bem lastreados critérios gerenciais, técnicos e científicos para a abertura de novas escolas médicas e para a correção dos desvios das escolas já em funcionamento. Não nos faltam escolas (tanto as públicas quanto as particulares) que podem servir de referência para todo o conjunto das 340 faculdades brasileiras. Por exemplo: nas terras paulistas e mineiras, as melhores práticas podem ser extraídas das escolas de medicina da USP e da UFMG, e, na esfera particular, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
 
O fato é que há uma significativa proporção de escolas médicas brasileiras precisando de professores melhor habilitados, com mestrado e doutorado. Necessitam, também, de instalações adequadas, aí incluindo laboratórios tecnologicamente atualizados. Outro aspecto de grande relevância é que a escola tem de se constituir em um complexo acadêmico, vinculado a uma estrutura hospitalar e ambulatorial igualmente bem qualificada.
 
A sociedade brasileira precisa estar informada sobre a gravidade desse tema. As consequências das precariedades nacionais inevitavelmente batem às portas do sistema nacional de saúde, sejam as provocadas pela selvageria no trânsito ou pela ineficiência da infraestrutura desta nação continental. Metade da população brasileira está fora do alcance das redes de água e esgoto.
 
Há, no nosso país, 35 milhões de pessoas que não têm acesso domiciliar à água tratada. A cidade do Rio de Janeiro vem evidenciando que não se pode confiar cegamente nas empresas estaduais de saneamento básico. Em 2016, o Brasil foi considerado território livre do sarampo. Mas ele está de volta, colocando mais um perverso elemento nos surtos de doenças infecciosas, como a dengue e a febre amarela.
 
E a globalização também vem bater às nossas portas. Está aí a ameaça do coronavírus (agora denominado COVID-19), que da China se espalha, indistintamente, a todas as regiões do planeta. O Brasil está minimamente apto a encarar essa terrível ameaça? A sociedade inteira tem de estar informada sobre a nossa descomunal fragilidade na área da saúde.


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