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Tempo da mudança

O atual modelo de prosperidade ocorreu às custas da degradação de recursos naturais e de crescente desigualdade social


postado em 25/09/2019 04:00 / atualizado em 24/09/2019 21:15



Sergio Andrade
Diretor-executivo da Agenda Pública e especialista no aprimoramento de serviços públicos

 
 
 
 
 
Há uma transformação de consciência notória em curso. Falamos, hoje, muito mais sobre diversidade, sustentabilidade, buscamos alternativas de deslocamento no dia a dia. Sabemos a importância de mais mulheres na liderança gerando impactos para suas comunidades. Já entendemos a ligação óbvia entre educação, saúde, saneamento, conservação ambiental e energias renováveis para a qualidade de vida das populações e a geração de trabalho, emprego e renda. Porém, governos conservadores surgem pelo mundo em uma tentativa incomodada de mudança do status quo de privilégio e poder para poucos. Em perspectiva histórica, movimentos como a luta por direitos civis ou em favor de causas ambientais, apesar de enfrentar reveses políticos sérios, avançaram tremendamente e transformaram o mundo. Da mesma forma, expressões do conservadorismo contemporâneo buscam frear a compreensão da sociedade de que não podemos mais esperar para mudar hábitos e comportamentos nocivos ao planeta, às economias e às pessoas. Por uma ótica otimista, como antes, também não conseguirão parar a poderosa onda da mudança. O futuro é sustentável, ou não será!

Este 25 de setembro, Dia de Ação Global pela Agenda 2030, ou Dia dos ODS, marca o quarto ano de adesão de 193 estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o mundo – Brasil entre eles. E o norte desta agenda de oportunidades econômicas e de soluções de problemas acompanha essa transformação de consciência. Para solucionar os problemas complexos do nosso tempo, precisamos agir de forma coordenada, combinando esforços entre governos, empresas e sociedade civil. Ações fragmentadas não produzem efeitos satisfatórios sobre questões sistêmicas que têm causas interligadas, como segurança, desenvolvimento econômico, pobreza, conservação ambiental ou bem-estar. Por isso, estamos diante de uma nova forma de organizar a administração pública e os negócios. Uma revolução nos modelos de trabalho que trará os empregos de que precisamos e possibilitará avanços civilizatórios e segurança coletiva.

Muitos de nós estão trabalhando, realmente empenhados para que esses objetivos sejam alcançados. Organizações e empresas integraram os ODS em suas estratégias de ação e negócios, priorizando temas como erradicação da pobreza, agricultura sustentável, cidades e comunidades sustentáveis, igualdade de gênero, saúde e bem-estar, consumo responsável, instituições eficazes, só para citar alguns. Apesar disso, estamos no caminho de alcançar tais metas? Não exatamente.

Cientistas independentes publicaram suas conclusões no relatório “O futuro é agora: ciência para alcançar o desenvolvimento sustentável”, avaliando o desempenho dos países em relação ao cumprimento da Agenda 2030. O documento completo será revelado hoje, durante o Fórum Político de Alto Nível na Cúpula dos ODS de 2019, reunindo chefes de Estado em Nova York.

Vale destacar que nosso país-irmão, Portugal, está entre as 30 nações mais sustentáveis do mundo, em um honroso 26° lugar. Por lá, foi criado o Ministério do Ambiente e da Transição Energética, provando que o país compreendeu a importância das tecnologias verdes e das energias renováveis, tanto para mitigar os impactos ambientais quanto para impulsionar a economia.

Apesar de bons exemplos como Portugal, o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (Desa) da ONU classificou, a partir dos resultados do relatório, que o progresso rumo aos objetivos globais está em perigo. Ressalta que o atual modelo de desenvolvimento ameaça reverter cerca de 20 anos de progresso, com evidente desigualdade social e declínios "potencialmente irreversíveis" no ambiente. O documento conclui que as mudanças estão sendo lentas demais, não garantindo o cumprimento dos ODS até 2030.

É urgente a mudança da relação entre pessoas e natureza. O atual modelo de prosperidade ocorreu às custas da degradação de recursos naturais e de crescente desigualdade social, impossibilitando o crescimento global. O incentivo a um consumo desenfreado também mostra seu preço: até 2060, passaremos de 89 gigatoneladas de recursos para 167 gigatoneladas, resultando em aumento de emissão de gases de efeito estufa e outros efeitos tóxicos da extração de recursos, dizem os cientistas.

Por outro lado, milhares de iniciativas têm florescido mundo afora apontando caminhos desse futuro possível, agora. Aqui, no Brasil, movimentos como Amazônia Possível, Estratégia ODS e Coalizão Clima, Floresta e Agricultura mostram que dicotomias simplistas e maniqueísmos não tornarão essa revolução possível. Produção e conservação, público e privado, sustentabilidade e consumo, crescimento econômico e igualdade social são dimensões conciliatórias. É hora de todos assumirmos responsabilidades e agir de forma coordenada – setor público, iniciativa privada e a sociedade civil organizada –, seja a partir de um território delimitado ou de um tema dessa agenda.

No plano individual, se cada cidadão repensar o próprio consumo, mudar comportamentos no cotidiano, exigir transparência e conhecimento dos governos e das empresas sobre como estão tratando os ODS, apoiar e incentivar o trabalho de organizações não governamentais comprometidas com a Agenda 2030, ainda temos chance de construir um futuro mais sustentável e humano. Temos as condições e os incentivos para isso. O tempo da mudança é agora!




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