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Brasil novo, tudo parecia ser mais fácil


postado em 24/04/2019 05:06

Se no campo das ciências sociais explica-se determinada postura de um povo através de sua indignação, eu me sinto confortável em saber que nas últimas eleições meu título de eleitor foi a arma que encontrei para buscar a mudança, votando em Bolsonaro. Por meio do meu voto busquei contribuir para que o partido culpado de toda corrupção que assolou o nosso país não ganhasse a eleição. E assim, como muitos por este Brasil afora, com a vitória do meu candidato, me senti vingado e esperançoso. Já com meu título de eleitor guardado na gaveta, observei, nesses 100 dias, uma outra e nova forma de fazer política, que é a de não fazer política.

O que era a princípio um Brasil devastado pela corrupção, pela decepção e pelo mal-intencionado uso do discurso sobre os pobres deste país, agora, neste novo cenário que observo da minha poltrona, pelos jornais, pelos noticiários, pelas redes sociais, está diante de um governo honesto, mas despreparado, e que na realidade pode ser tão nocivo quanto o anterior, que, por sua ideologia socialista, trouxe a massa carente mal informada como instrumento maior de dilapidação do erário público.

Do ponto de vista econômico, o mentor economista Paulo Guedes tenta se posicionar como um "profeta espiritual da economia", e num discurso ameaçador, no bom sentido econômico, profetiza que, se não conseguirmos, através do Congresso, o que ele entende ser o melhor, ou não o seguirmos em seus postulados, mergulharemos e seremos punidos como a Venezuela está sendo. Guedes avalia, também, que as projeções do mercado para a economia com a reforma da Previdência, em 10 anos, estão "erradas". Ele reiterou que acredita em um valor em torno de R$ 1 trilhão, bem maior do que os R$ 500 bilhões a R$ 600 bilhões estimados por economistas.

A grande questão é que existe, sim, uma desconexão gritante entre o presidente Bolsonaro, que de certa forma se vê inseguro na tomada de decisões impopulares, e o ministro, que é o "homem do número", repleto de convicções numerárias, insensível às questões sociais, visionário de que, através dos valores, cortes, perdas das conquistas trabalhistas entraremos numa rota de desenvolvimento, o que, ao meu ver, é um grande engano, uma vez que parece agarrar-se a uma percepção econômica liberal que, se não cumprida, será apocalíptica. Tenho em mente que, porque me vinguei da corrupção, não posso me vingar da imensa maioria pobre e desalentada deste país, desesperada e sem perspectiva de emprego.

Ademais, seguindo "o ministro profeta dos números", em nenhum momento vejo compaixão com os mais humildes. Portanto, é essencial o debate. O governo deve saber conversar com o povo, respeitar as diferentes opiniões no Legislativo e, acima de tudo, não utilizar e se aproveitar da nossa vingança eleitoral para nos jogar no universo liberal desenfreado, pois, segundo o governo, sofreremos as consequências por nos preocupar com o social e, ainda por cima ,seremos chamados de "comunistas disfarçados de conservadores". Enfim, é lamentável pensar que a arma democrática que tenho em casa, meu título eleitoral, talvez seja mais perigosa quando o uso do que quando descansa no silêncio na minha antiga gaveta, guardada no meio da papelada...

 


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