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Intervenção urbana: a arte de ressignificar espaços


postado em 23/01/2019 05:04

Recentemente, a artista Camila Lacerda, bacharel em artes plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais – Escola Guignard (Uemg), modificou a experiência visual de quem passa em frente à Escola Estadual José Bonifácio, no Bairro Santa Tereza, onde cresceu e hoje tem seu ateliê. O muro da escola foi pintado por ela e retrata becos da Vila Dias com alguns elementos improvisados. O trabalho foi realizado a partir do edital de Arte Urbana – Gentileza, que selecionou 40 artistas para ocupar a cidade com intervenções artísticas.


O projeto Gentileza, iniciado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 2017, tem o viés de estimular ações solidárias entre os cidadãos. Os artistas devem ter como missão a transformação do ambiente urbano em um espaço mais agradável, acolhedor, colorido e poético.


Quando falamos de intervenção urbana, estamos nos referindo às manifestações visuais em centros urbanos ou espaços públicos que provoquem impacto nas pessoas. Não se limita a um único gênero, pode acontecer através da dança, teatro, performance ou arte visual, com o intuito de disseminar uma mensagem ao público através de diferentes conceitos e representações.


Indo além de somente dar vida a espaços cinzentos, decadentes, sem nenhum motivo de interesse, que normalmente passam despercebidos pelas pessoas, intervenções urbanas ocupam prédios, muros, viadutos, entre outros espaços, com o propósito de também trazer reflexão sobre aspectos de caráter social: violência, discriminação, preconceito, respeito, diversidade, educação e política.


O trabalho do paraense Éder Oliveira, licenciado em educação artística/artes plásticas, pela Universidade Federal do Pará, reflete bem isso. O artista se apropria de retratos de pessoas que são exibidos em páginas de policiais de jornais, como uma forma de atentar ao estereótipo sempre presente nessas páginas, e leva ao espaço público grandes retratos, dando outra conotação ao retrato e ativando espaços muitas vezes degradados. Seu trabalho questiona, assim, a sociedade em aspectos ligados ao racismo e identidade cultural, e também dá mais expressão aos anônimos retratados em suas pinturas.
Outro exemplo ocorreu em 2017, em Belo Horizonte. A Galeria Periscópio Arte Contemporânea se apropriou do canteiro central da Avenida Álvares Cabral, que fica em frente à galeria, com uma instalação do artista Rafael RG. A obra consistia em uma placa verde, similar às placas de trânsito, contendo a frase: "Esqueça o futuro".


Acontece que nem sempre as intervenções urbanas são encaradas de maneira positiva. Exemplo disso foi o caso que ocorreu em janeiro do ano passado, em São Paulo. O prefeito João Doria mandou que fossem apagados os murais de grafites na Avenida 23 de Maio, alegando que seriam apagados somente alguns por conta das pichações, mas não foi bem isso que aconteceu, segundo moradores relataram nas redes sociais. Os muros foram pintados de cinza, porém, o caso repercutiu e no dia seguinte, por toda a cidade, surgiram pichações em protesto.


A intervenção urbana é arte de existência e resistência, é democrática, ocupa lugares públicos e cotidianos, atingindo todos que passam pelos locais que ela ocupa, incomodando as pessoas e tornando a cidade mais agradável, revitalizando lugares antes ignorados. É necessária para mostrar diferentes perspectivas, levar à reflexão sobre utilização do espaço, cultura e sociedade, na busca pela tomada de consciência individual e coletiva.


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