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Estado de Minas OPERAÇÃO SOL POENTE

Conheça a família de falsos videntes que ajudou em golpe milionário no Rio

Crime contra a idosa multimilionária expõe relação de descendentes de romenos ligados a tradições místicas ciganas


12/08/2022 10:31 - atualizado 12/08/2022 11:25

Na foto, família de falsos videntes que colaboram no crime contra a francesa Geneviève Boghici, de 82 anos
A Justiça do Rio de Janeiro define, hoje, em audiência de custódia, o destino dos quatro presos na Operação Sol Poente da Polícia Civil fluminense (foto: Policia Civil do Rio de Janeiro/Divulgação)
A Justiça do Rio de Janeiro define, hoje, em audiência de custódia, o destino dos quatro presos na Operação Sol Poente da Polícia Civil fluminense, que desvendou o golpe de R$ 725 milhões aplicado por Sabine Boghici contra a própria mãe, a francesa Geneviève Boghici, 82 anos, com a ajuda de uma família de cartomantes.

Após passar pelo Instituto Médico Legal (IML), para exames de corpo de delito, Sabine e as irmãs Rosa e Jacqueline Stanesco foram encaminhadas para o Instituto Penal Oscar Stevenson, na Zona Norte do Rio. O filho de uma das videntes, Gabriel Nicolau Translavinã Hafliger, também preso na operação, foi levado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, na mesma região.

Sérgio Guimarães Veras, advogado de defesa de Sabine, Rosa e do filho dela, diz que não houve um golpe. "Os quadros não são da mãe. Eram do pai, que faleceu. Há um inventário, e existem inúmeros quadros, não só aqueles que foram omitidos no inventário pela mãe. A mãe é a inventariante, mas a posse pode estar com qualquer um dos herdeiros", justifica. Para ele, o caso se trata da disputa judicial que existe entre a viúva e a herdeira, desde 2019.

A ação movida por Sabine pede busca e apreensão de nove cachorros e dois gatos e a reavaliação da divisão do inventário. "Existe um inventário, uma discussão judicial. Isso não veio à tona, mas, num momento oportuno, virá e a verdade será dita. Temos que deixar os preconceitos de lado e analisar os fatos. Mas, golpe não houve. Estamos terminando de estudar os autos. São cinco volumes. Hoje (ontem) vou decidir o que fazer", declarou o advogado.
 
Na foto, arte mostra ligação entre suspeitos
O bando, que ajudou Sabine Boghici a dar golpe na mãe dela, pertece a mesma família (foto: CB/D.A Press)
 

Imigrantes europeus 

O golpe milionário desvendado pela Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) revelou, ainda, uma suposta briga de família por quebra de tradições.

A quadrilha que se juntou a Sabine para praticar o golpe é descendente de ciganos, com forte influência da linha kalderash, que desembarcou no Brasil na segunda onda de migração de europeus no país, por volta dos anos 1900.

De acordo com reportagem do Jornal da USP, os ciganos chegaram pelo porto de Santos, em um boom de entrada de 15.475 romenos no país.

A maior parte dos imigrantes romenos se instalou em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde Jacqueline Stanesco frequentava e prestava serviços místicos. "Pela crença dela, só poderia atender em Nova Iguaçu, no terreiro, ou na casa em Ipanema, que tem um quarto específico para esse fim", explicou o advogado de defesa, Horácio Cariello.

Em seu perfil nas redes sociais, Jacqueline se apresenta como cigana e neta de Sinorô Stanescos. Para demonstrar que é ligada à tradição mística dos ciganos, diz que é capricorniana — signo relacionado com foco e persistência no trabalho.

Ainda de acordo com a defesa, Jacqueline tinha brigas constantes com as primas Rosa e Diana porque não concordava com a forma como elas praticavam a leitura de cartas e o jogo de búzios. "Elas não se falam há pelo menos 15, 20 anos. Ela não concorda com a maneira errada das primas trabalharem, acha desonesto", disse Cariello.

Diana foi presa em flagrante, quatro meses atrás, por ter ameaçado uma cliente após prometer uma consulta grátis em seu consultório, em Copacabana. A vítima foi uma dona de casa de 24 anos, atraída por Diana. Com o pretexto de operar uma "cirurgia espiritual" para desfazer um "ritual macabro", teria cobrado R$ 4,3 mil pelo serviço. O caso foi registrado na 13ª DP, em Ipanema. Ela foi libertada com o compromisso de cumprir pena alternativa. No caso do golpe milionário contra Geneviève, ela segue foragida.

Segundo o advogado, o reconhecimento de Jacqueline no caso contra a viúva foi um equívoco. Ele diz que o reconhecimento foi feito por fotografia, o que pode ter confundido a viúva por causa da semelhança das videntes por força do parentesco. "Em 2020, ela estava reclusa por causa da pandemia, por isso não estava atendendo. Quando atende é em casa, na (rua) Vinícius de Moraes, em Ipanema, e, no relato, o atendimento aconteceu na (Avenida) Atlântica (em Copacabana)", explicou.

A briga entre as primas também rendeu um inquérito na 14ª Delegacia de Polícia, no Leblon, por lesão corporal. O advogado esclarece que um dos motivos da rixa está relacionado com uma suposta "sabotagem" nos cartazes espalhados pelas ruas para divulgação dos serviços de adivinhação. "Não foi encontrado nada na casa dela (de Jacqueline). Não tem ligação com as primas, nem de telefonema, nem de depósito", assegurou.


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