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Estado de Minas PRAENTEDER

Golpista do Tinder: por que algumas mulheres são vulneráveis

O Estado de Minas conversou com especialistas em direito, comunicação e psicologia para entender por que a busca pelo príncipe encantado pode ser perigosa


12/02/2022 10:00 - atualizado 12/02/2022 13:38

Golpista do Tinder, documentário da Netflix
As mulheres narram que, algum tempo depois de conhecê-las no aplicativo, o falso milionário começava a pedir dinheiro (foto: Reprodução)

Um homem bonito, bem relacionado e rico dá match com você em um aplicativo de namoro. É bom de papo, já te leva pra viajar no segundo encontro, se declara apaixonado e diz que você é pra casar, a mulher da vida dele. Olha que sortuda é você, encontrou o seu príncipe encantado! Você se sente especial, afinal, em meio a tantas mulheres, foi a escolhida por ele. Só que não! É golpe. E foi com esse discurso que um homem ficou multimilionário enganando mulheres ao redor do mundo. 

Aí você pode estar até pensando: "Tem gente boba pra tudo. O golpe tá aí, cai quem quer". Será? O Estado de Minas conversou com especialistas em direito, comunicação e psicologia para entender por que algumas mulheres são tão vulneráveis a golpes amorosos.


Para mais vídeos explicativos, acesse o canal do #PRAENTENDER

Em fevereiro de 2022, a Netflix lançou o documentário "O golpista do Tinder". O documentário conta como um homem supostamente enganou várias mulheres depois de conhecê-las pelo aplicativo. O golpista se apresentava como sendo filho de um famoso milionário que fez fortuna com a venda de diamantes.

As mulheres narram que, algum tempo depois de conhecê-las no aplicativo e iniciar um relacionamento - nem sempre amoroso -, o falso milionário começava a pedir dinheiro. Esse é um resumo bem geral da história. Um golpe que não tem nada de novo. É tão antigo quanto atual. E a pergunta que persiste é: por que nós mulheres ainda caímos nesse papinho de príncipe encantado?

Sentimento de confirmação

"Nós somos é socializadas tendo no casamento e na maternidade a confirmação do que é ser mulher. Isso a Simone de Beauvoir já falava lá no Segundo Sexo, também nessa perspectiva eurocêntrica. A gente é criada para ter a confirmação do que é ser mulher no 'eu ser escolhida'. Então, a mulher que não casa não é a mulher que não quis casar, não se interessou pelo casamento. Ela com certeza tem algum problema, ou ela não foi escolhida porque ela não fez o certo o caminho feito para ela ser escolhida", afirma Maria Carol Medeiros, doutora em comunicação e pesquisadora da socialização feminina. 

Ela pontua como no documentário, o Golpista do Tinder, é possível visualizar como as mulheres se arriscam. "Desde, você entrar num jatinho com um cara que você tomou um café, com quem você conversou durante meia hora, porque ela não está pegando um jatinho com aquele homem, ela não está fazendo isso com aquele cara, ela está fazendo isso com o sonho dela. Como sonho do casamento, como sonho dela, eventual, da maternidade. Aquele cara está personificando o amor romântico, que ela foi criada para acreditar", acrescentou.

Nesse modelo machista de socialização, nossa ideia de amor também é construída para colocar o homem nesse papel de validação. E a arma para a fraude é justamente o romantismo: eles falam o que as mulheres querem ouvir.

"Nossa autoestima fica terceirizada"

''O amor é aprendido para as mulheres de uma forma indenitária, como não é para os homens. Isso não quer dizer que os homens não sofram no amor. Tomar um fora é ruim pra todo mundo. Mas as mulheres não sofrem só quando estão em uma relação. Elas sofrem quando não estão em uma relação. A nossa autoestima fica terceirizada. A gente aprende no nosso processo de subjetivação de torna-se mulher que a gente só é desejável se tem alguém nos desejando'', disse Valeska Zanello, pós-doutora em psicologia clínica e autora do livro ''Saúde Mental, Gênero e Dispositivos''.

A especialista aponta que  aplicativo não é o problema. "O problema é o dispositivo amoroso. Então é buscar meios para ter o letramento de gênero, estudar, leiam, leiam o livro, leiam outros materiais, participar de grupo de mulheres. É ter consciência desse lugar que deixa completamente nebriada", disse.


E se o milagre é grande demais, desconfie. "Preste atenção nesse botãozinho em você porque ele é profundamente invisibilizado, inconsciente e muito facilmente manipulável", acrescentou, Valeska. 

 

Dicas para se proteger em relacionamentos amorosos

O delegado Éric Brandão, Titular da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos e Defesa do Consumidor, explica que o estelionato é previsto no Código Penal brasileirono artigo 171. "Ele prevê pena de 1 a 5 anos de reclusão para quem comete esse crime. Só que com a inovação legislativa, a fraude eletrônica, quando o estelionato é cometido diante informações repassados por terceiros ou pela vítima por meio de redes sociais e por aplicativo tinder, a pena é aumentada de 4 a 8 anos.’’


Não existe fórmula para escapar de qualquer tipo de violência que seja. Até porque a culpa nunca é da vítima. No entanto, segundo especialistas, para além da informação, também é possível tomar alguns cuidados.

"A gente quando fala de sentimento, no carinho, no amor, é difícil a gente ter uma fórmula. São situações específicas que a cada momento, cada pessoa que a pessoa está convivendo acontecem sentimentos diferentes. Obviamente, nós temos que nos precaver. Por exemplo: existe um perfil dos criminosos praticando esse tipo de golpe. Eles se mostram apaixonados de uma forma muito rápida, avassaladora", aponta. 

"Uma dica é: aproximar os familiares da pessoa que você está se relacionando. Esses golpistas costumam ser bem apessoados, bem vestidos, falam bem… O príncipe encantado. Não posso dizer que não exista, mas precisamos de ter cautela. Muito cuidado com esse tipo de envolvimento", acrescentou. 

 

Se você foi vítima de golpe em aplicativo de relacionamento, denuncie. Ligue 197 para falar com a Polícia Civil. Em caso de emergência, ligue 190



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