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Estado de Minas PANDEMIA

COVID-19: Fiocruz investiga hesitação de pais em vacinar crianças

Estudo teve participação de 15.297 pais, mães e responsáveis


17/01/2022 21:21 - atualizado 17/01/2022 21:33

Hesitação é maior na faixa etária de 0 a 4 anos, que ainda não foi contemplada pela vacinação
Hesitação é maior na faixa etária de 0 a 4 anos, que ainda não foi contemplada pela vacinação (foto: Tomaz Silva /Agência Brasil)
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que contou com 15.297 pais, mães ou responsáveis por crianças e adolescentes indicou que mais de 80% pretendem vacinar seus filhos contra a COVID-19. Chamada de VacinaKids, a pesquisa investiga os motivos da hesitação vacinal e aplicou um questionário online que teve 70,55% de participação de pais da região Sudeste, 11,13% do Sul, 8,27% do Nordeste, 7,6% do Centro-Oeste e 2,4% do Norte.

 

Segundo as respostas apresentadas, a hesitação é maior na faixa etária de 0 a 4 anos, que ainda não foi contemplada pela vacinação. Entre os pais dessas crianças, o percentual que não pretende vacinar foi 16,4%. A hesitação vacinal foi menor entre os pais de crianças de 5 a 11 anos, com 12,8%, e chegou a 14,9% entre os responsáveis por adolescentes.

 

A pesquisa analisa que os principais motivos associados à hesitação vacinal foram medo de reações adversas e supostos efeitos de longo prazo, minimização da gravidade da pandemia e a falsa ideia de que quem teve COVID-19 não precisa se vacinar. Entre suas respostas, esses pais também declararam com frequência que discordam que a vacina tornaria o retorno escolar mais seguro e que acreditam que a imunidade natural é uma opção melhor de proteção do que a vacina.

 

Outras crenças mencionadas pelos entrevistados foram a de que a vacina precisa de mais tempo para ser considerada segura e a de que as crianças e adolescentes não têm nenhuma chance de ficar grave se contrair a COVID-19. Também houve respostas no sentido de preferir produtos naturais à vacinação.

 

A Fiocruz ressalta que a vacinação de crianças de 5 a 11 com a vacina da Pfizer é segura e eficaz, e conta com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e outras autoridades sanitárias do mundo, como a dos Estados Unidos, onde 8,7 milhões de doses já foram aplicadas nessa faixa etária.

 

A coordenadora do estudo, a pediatra e pesquisadora clínica do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Daniella Moore, cita dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos que mostram que vacinação de crianças é segura e transcorre naquele país com a ocorrência de cerca de 4 mil eventos adversos, sendo 97% leves, entre as mais de 8 milhões de doses aplicadas.

 

"O relatório mostra que aproximadamente 8,7 milhões de doses da vacina Pfizer-BioNTech COVID-19 foi administrada em crianças nessa faixa etária durante o período de 3 de novembro a 19 de dezembro de 2021. Dessas 8,7 milhões de doses, foram notificados 4.249 eventos adversos, o que representa apenas 0,049% das doses aplicadas. A grande maioria (97,6%) dos efeitos notificados foi leve a moderado, como dor no local da injeção, fadiga ou dor de cabeça. Ou seja, a vacina é, de fato, segura e os dados comprovam a sua segurança, mostrando, na sua maioria, efeitos adversos que mães e pais já têm experiência em lidar com outras vacinas do calendário vacinal", conta Daniella.

 

A pesquisadora ressalta que a ocorrência de miocardite, que é uma inflamação do músculo cardíaco, foi registrada em 11 crianças dessa faixa etária que foram vacinadas, e todas se recuperaram. A complicação é um dos principais medos citados por pais que hesitam em vacinar seus filhos, mas a pediatra lembra que a COVID-19 também pode causar essa inflamação, especialmente quando a doença evolui para um quadro de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica.

 

"Alguns pais subestimam a gravidade da doença em crianças. No entanto, apesar da COVID-19 ser considerada menos grave em crianças quando comparada a adultos, elas ainda assim ficam doentes, podem ficar graves e ter evoluções desfavoráveis", alerta Daniella.

 

No ano passado, foram hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada à COVID-19 quase 20 mil crianças e adolescentes. Segundo levantamento realizado pela Fiocruz, 1.422 menores de idade morreram vítimas pela COVID-19 até o dia 4 de dezembro do ano passado, sendo 418 em menores de 1 ano; 208, de 1 a 5 anos; e 796, de 6 a 19 anos.


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