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Estado de Minas CRIME RACIAL

Vídeo: professor se fantasia de Ku Klux Klan em escola de SP

Imagem circula pelas redes sociais e tem gerado revolta em internautas. Grupo de supremacia branca é conhecido por ataques terroristas


21/12/2021 15:51

Professor aparece fantasiado de Ku Klux Klan em escola de SP
Homem pode ser enquadrado na Lei Federal Antirracismo, com pena de um a três anos de reclusão (foto: Twitter/Reprodução)

Circula nas redes sociais um vídeo que mostra um homem vestido com a fantasia característica do grupo Ku Klux Klan. As imagens foram postadas nesta segunda-feira (20/12) e é possível ver o homem andando sem impedimento pelo pátio cheio de alunos. Ele foi identificado como professor de história da Escola Estadual Amaral Vagner, no município de Santo André, interior de São Paulo.

De acordo com nota publicada pelo grêmio escolar da instituição, e assinada pelo diretor Wagner Luiz Bonifácio dos Santos, a escola admite o fato e classifica-o como "ação infeliz" e "ato impensado". A roupa foi usada durante uma semana temática proposta pela organização estudantil Atlética, em que era incentivado o uso de fantasias variadas no lugar do uniforme escolar.

Segundo o texto, o professor foi chamado à direção para "uma conversa a fim de esclarecer o ocorrido e também compreender sua postura" e que, dias depois, ele enviou "de forma espontânea" uma retratação formal por escrito na qual se desculpa. Os fatos ocorreram na primeira quarta-feira de dezembro (8/12) e a retratação foi recebida pela escola no último sábado (18/12), conforme explica o posicionamento oficial da escola.
O Grêmio estudantil também emitiu nota, na qual diz que o professor "foi vaiado e retirado da quadra pelos estudantes e membros do Grêmio e Atlética que estavam presentes na hora do ocorrido, tirando a fantasia".



Procurada pelo Correio, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo disse que "abriu apuração preliminar e iniciou os trâmites para afastamento imediato do professor envolvido, que é efetivo, até o término da apuração". O posicionamento oficial também diz que foi formada uma comissão inter-racial para averiguar a denúncia. Leia na íntegra:

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informa que, assim que soube do caso, abriu apuração preliminar e iniciou os trâmites para afastamento imediato do professor envolvido, que é efetivo, até o término da apuração. A Diretoria de Ensino de Santo André formou uma comissão inter-racial para averiguar os fatos.

A Pasta não admite qualquer forma de discriminação e injúria racial. Com o compromisso de combater casos de racismo, a Seduc-SP trabalha veemente na formação de toda a rede com a Trilha Antirracista, bem como atua na promoção de um ambiente solidário, colaborativo, acolhedor e seguro nas escolas.

A gestão da unidade e a Diretoria de Ensino de Santo André estão à disposição de pais e/ou responsáveis para esclarecimentos.

Crime

O vídeo ganhou força depois que o deputado estadual Carlos Giannazi (PSol/SP) afirmou que acionaria o Ministério Público e demais autoridades competentes para investigar a situação. "Inaceitável", escreveu ele em legenda que acompanha as imagens no Twitter.



Atos como este são crime enquadrado na Lei Federal Antirracismo (7.716/1989). De acordo com a norma, é crime "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". A pena prevista é de um a três anos de reclusão.

Terrorismo histórico

A Ku Klux Klan é considerada por historiadores um dos mais cruéis grupos terroristas em atividade. O grupo supremacista branco foi fundado em 1866 no sul dos Estados Unidos, mas ganhou força a partir de 1915 quando instituiu símboloso como a fantasia toda branca e a cruz em chamas.

Na época, era comum que grupos racistas formados por supremacistas brancos incendiassem casas, igrejas e outros locais em que haviam pessoas negras. Foi um membro da célula terrorista que assassinou o ativista Martin Luther King Jr, principal nome na busca de direitos civis das pessoas negras nos EUA, em 1968.

Um década antes, em 1957, sete membros do grupo terrorista raptaram, espancaram, cortaram com uma navalha e abandonaram para morrer Judge Edward Aaron. Por sorte, ele foi encontrado por policiais e resgatado com vida. Um dos agressores nunca chegou a ser pego, enquanto dois deles receberam pena de cinco anos de reclusão. Os demais, ficaram presos por 20 anos.

Em 2015, um atirador ligado à seita invadiu uma igreja afro-americana na cidade de Charleston, matando nove pessoas e ferindo seis. Um ano depois, ele foi condenado pelo tribunal federal dos 33 estados norte-americanos à pena de morte pelo massacre.


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