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Estado de Minas CHECAMOS

O governo do Amazonas não deve R$ 52 milhões à White Martins

Publicações alegam que falta de oxigênio nos hospitais de Manaus decorre de uma dívida do governo estadual com a fornecedora. Isso é falso


27/01/2021 16:31 - atualizado 28/01/2021 08:39

Publicações compartilhadas cerca de 800 vezes nas redes sociais ao menos desde o último 15 de janeiro alegam que a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus decorre de uma dívida de cerca de R$ 52 milhões do governo estadual com a fornecedora White Martins. Isso é falso. Segundo a empresa, que explicou que a necessidade de oxigênio durante a crise ultrapassou a sua capacidade de produção, a dívida do estado é atualmente de R$ 8,3 milhões.

“Na verdade, o que está acontece aqui, são mais interesses políticos do que outra coisa. Moro a uns 3km da White Martins e o que não falta é oxigênio. Aqui, o problema é que o governo deve à empresa 52 milhões”, dizem publicações compartilhadas no Facebook (1, 2) e no Twitter (1, 2). 

A afirmação tem circulado também em diversos formatos de imagem (1) e áudio

Captura de tela de publicação no Twitter em 25 de janeiro de 2021
Captura de tela de publicação no Twitter em 25 de janeiro de 2021

No entanto, tanto o governo estadual quanto a fornecedora de gases White Martins negaram a existência de uma dívida desse montante.

“Há fornecimentos realizados que totalizam 8,3 milhões de reais e se encontram em aberto junto à secretaria do estado do Amazonas, informou a empresa ao AFP Checamos no dia 26 de janeiro, detalhando que “este montante será tratado oportunamente na esfera comercial após este período de crise”.

“De forma alguma a empresa reduziu ou interrompeu o fornecimento de oxigênio para os hospitais públicos de Manaus, em função de débitos da secretaria do estado do Amazonas. Este boato circulou nas redes sociais e não corresponde à realidade dos fatos”, acrescentou a companhia, que representa na América do Sul a Linde, uma das maiores empresas multinacionais de gases industriais e medicinais.

O governo amazonense, por sua vez, respondeu por e-mail à pergunta da AFP sobre as alegações das publicações viralizadas com a nota emitida no dia 15 de janeiro, em que o governo estadual nega a dívida com a White Martins. 

“O Governo do Amazonas não está devendo à fornecedora de gás White Martins. Nos anos de 2019 e 2020, foram pagos R$ 29,6 milhões à empresa de gás, que é responsável por 90% do fornecimento de oxigênio para a rede pública de saúde do Estado”, indica o texto.

O governo estadual acrescentou ainda que havia uma dívida remanescente com a empresa, no valor de R$ 1,2 milhão, referente ao ano de 2018, e foi feita negociação em novembro do ano passado. A primeira parcela dessa negociação, no valor de R$ 100 mil, foi paga em dezembro de 2020”.

Captura de tela de publicação no Twitter em 25 de janeiro de 2021
Captura de tela de publicação no Twitter em 25 de janeiro de 2021

Em 14 de janeiro, a White Martins emitiu uma nota apontando para uma “escalada sem precedentes da pandemia de COVID-19 no estado do Amazonas” que teria levado ao desabastecimento de oxigênio em Manaus.

A empresa explicou que “somente o consumo atual de cinco hospitais locais é maior do que a capacidade de produção total da planta local da White Martins, atualmente de 28 mil metros cúbicos por dia”

“O consumo individual de boa parte dos hospitais do município já é mais do que o dobro da média de consumo dos maiores hospitais do país. Para efeitos de comparação, entre janeiro e março de 2020, o consumo diário era de 12.500 m³ por dia. Durante a primeira onda da pandemia, alcançou 30 mil m³ por dia. No segundo semestre de 2020, reduziu para 15.500 m³ por dia e, atualmente, atingiu cerca de 70 mil m³ por dia e segue crescendo exponencialmente”, comparou.

Na mesma nota, a White Martins esclareceu que comunicou formalmente às autoridades sobre o risco de desabastecimento, e que “tem comprado oxigênio de fornecedores locais” na tentativa de suprir a escassez. 

Desde meados de janeiro Manaus vive um período de caos na saúde pública em decorrência da explosão do número de casos de covid-19, que especialistas acreditam ser decorrente de uma nova cepa. Médicos têm denunciado que a falta de oxigênio nas unidades de saúde levou pacientes que precisavam de tratamento à morte

O AFP Checamos já verificou outros conteúdos a respeito do desabastecimento de oxigênio em Manaus envolvendo a White Martins.

Essa informação sobre a suposta dívida também foi checada pela agência Aos Fatos.

Em resumo, é falso que o abastecimento de oxigênio em Manaus tenha sido cortado por falta de pagamento de R$ 52 milhões. Segundo a fornecedora, essa dívida atualmente é de R$ 8,3 milhões, e o abastecimento não foi interrompido por débitos do governo estadual. A escassez de oxigênio se deve a um aumento da demanda, que chegou a 70 mil m³ por dia, ultrapassando a capacidade de produção da planta da White Martins em Manaus, que alcançou 30 mil m³ por dia, segundo a empresa, para enfrentar a crise sanitária da cidade amazônica.


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