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Isolamento reduziu contágio da COVID-19 em mais de 50% no Brasil, diz estudo

Força-tarefa da UFMG com 24 universidades brasileiras e internacionais seguiu rastro do coronavírus pelo país; trabalho pode gerar vacinas mais potentes


23/07/2020 19:16 - atualizado 23/07/2020 19:46

Estudo mostrou que a taxa de transmissão do coronavírus caiu proporcionalmente à diminuição da circulação de pessoas(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Estudo mostrou que a taxa de transmissão do coronavírus caiu proporcionalmente à diminuição da circulação de pessoas (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Políticas públicas de controle da pandemia do novo coronavírus, como o fechamento das escolas e do comércio, reduziram a transmissão do SARS-CoV-2 (vírus da COVID-19) de forma significativa em pelo menos 22 estados brasileiros. Em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, as medidas proporcionaram redução da taxa de contágio (Rt, no jargão científico) de 3 para índices entre 1 e 1,6 – ou seja até 65% – no período aproximado 90 dias. 

A conclusão é de um estudo multinacional publicado nesta quinta-feira (23) no periódico Science, editado pela American Association for the Advancement of Science (AAAS). O trabalho é fruto de uma força-tarefa de pesquisadores da UFMG com 14 instituições brasileiras e 10 universidades europeias, como a Oxford e a Imperial College London.

A pesquisa contou com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outras agências de financiamento. 

O grupo de cientistas também realizou o sequenciamento genético de 427 genomas de versões do novo coronavírus SARS-CoV-2 que circulam em 21 unidades da federação, o que pode ajudar gestores públicos a acompanhar melhor a direção da pandemia, ou até mesmo no desenvolvimento de vacinas mais potentes. 

Cruzamento inédito

Um dos coordenadores da pesquisa é Renato Santana, virologista e professor do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG. Ele explica que os estudiosos trabalharam com três tipos de dados, coletados entre 28 de fevereiro e 4 de maio, em 85 municípios de 22 estados.

São eles: dados epidemiológicos da pandemia (como a taxa de transmissão), dados de mobilidade das pessoas – fornecidos por operadoras de telefonia e pelo Google –, bem como amostras genéticas do vírus colhidas em pacientes com sintomas da COVID-19

O impacto do isolamento social foi medido por meio do cruzamento das informações epidemiológicas com as de mobilidade humana.

“Os dados de mobilidade vêm tanto das operadoras como do Google Transit (ferramenta que acompanha o fluxo do transporte público nas cidades). As notificações epidemiológicas são divulgadas oficialmente pelo poder público. Conseguimos demonstrar que a taxa de transmissão do coronavírus caiu proporcionalmente à diminuição da circulação de pessoas e vice-versa”, esclarece Renan Pedra, professor do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução da UFMG, que também assina o trabalho.

Combinadas às análises, as amostras genéticas permitiram verificar o espalhamento do vírus, bem como a origem das mais diversas do patógeno que circula pelo país.

Os pesquisadores conseguiram detectar mais de 100 tipos do SARS-CoV-2, originários, sobretudo da Europa. A maior parte foi identificada nos estados com maior incidência de voos internacionais, como São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro.

Apenas uma pequena parcela das linhagens encontradas se dispersou por transmissão comunitária no país. 

O artigo sugere ainda  que 76% dos vírus detectados até o final de abril se agrupam em três grandes grupos – ou clados. Todos foram introduzidos no Brasil entre o final de fevereiro e o início de março, e se espalharam rapidamente, antes que as medidas de controle de mobilidade fossem iniciadas.

“A dinâmica de infecção pelo vírus é mais ou menos assim: eles entram em nós, se multiplicam e saem um pouco modificados. Identificar essas peculiaridades tem uma série de utilidades. Uma delas é possibilitar o desenvolvimento de vacinas capazes de proteger, com efetividade e segurança, pessoas do mundo inteiro, uma vez que os fabricantes e cientistas envolvidos na elaboração dos imunizantes terão conhecimento das diversas variantes do coronavírus existentes no mundo. Essa informação é valiosa para que seja possível criar vacinas polivalentes, ou seja, capazes de cercar as mutações do vírus”, afirma Renato. 

Próximos passos

 
Ainda de acordo com o virologista, a próxima etapa da pesquisa terá foco em Minas. Os cientistas pretendem calcular o impacto do isolamento social no estado, além de identificar as origens das cepas que circulam nos municípios mineiros a partir de dados epidemiológicos, além amostras genéticas colhidas da população local.

Até o momento o estudo considerou as cidades de Ipatinga, Montes Claros, Timóteo, Nova Lima, Belo Horizonte, Divinópolis e Araporã.
 
“Em breve, incluiremos dados de Betim, onde desenvolvemos um trabalho de testagem junto à prefeitura, com 5,4 mil habitantes. Nesse caso, temos amostras do vírus das pessoas infectadas, o que permitirá aos gestores públicos conhecer com muito mais precisão a direção da pandemia”, avalia Renan Pedra.


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