O Ministério da Saúde anunciou que reforçará a distribuição de medicamentos para intubação de pacientes com coronavírus. Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, em Brasília, a pasta reconheceu que houve problema em relação à demanda em vários estados e municípios, mas diz que vai trabalhar para evitar o desabastecimento nos hospitais.
Sedativos como o Midazolan e o Dormonid, além de bloqueadores neuro-musculares já estão em falta em vários estados, sobretudo na Região Norte do país. Eles são necessários para ajudar o paciente a continuar em coma, enquanto respira com a ajuda de aparelhos.
O MS atuará em três frentes e anunciou que tentará a compra de medicamentos via Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) com o objetivo de criar estoques para um período mais crítico da doença. Estados e municípios poderão ser coparticipantes no acordo e adquirir os remédios de forma mais rápida. O governo fez levantamento junto ao Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde) e Conasms (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) para ver a demanda particular de cada localidade.
“Identificamos um desajuste no mercado. Tivemos o tempo todo a preocupação de não desabastecer o mercado, já que temos a rede privada. Estados e municípios estavam com dificuldade de adquirir os medicamentos, mas eles não estavam em falta”, reconhece o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.
A diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, Sandra Barros considera que a doença vem numa expansão grande que o mercado não consegue absorver. “Por mais que o setor farmacêutico amplie sua capacidade produtiva, a demanda vem numa velocidade em maior da que estamos acostumados. Antes da COVID, tinha uma demanda siginitva, mas com a doença, isso extrapolou nossas expectativas”.
Ela entende que o setor farmacêutico organizará a demanda para solucionar a questão: "É importante relatar que desde quando foi decretada a emergência em saúde pública, o Conass detectou falta de medicamento no estado do Amapá, anestésicos e relaxantes. Depois, recebemos demanda por medicamentos de outros estados. Fizemos várias reuniões para identificar e ter diagnóstico. O setor farmacêutico sempre nos colocou que não havia problemas. Eles estavam conseguindo importar de Índia e China os medicamentos de intubação. Fizemos um diagnósticos de que estavam atendendo demanda dos hospitais públicos e privados, mas era necessário organizar a demanda".
Balanço dos repasses
O Ministério da Saúde também fez um balanço sobre os medicamentos e recursos distribuídos durante o período de pandemia. O governo já gastou R$ 50,4 bilhões aos estados e municípios, sendo R$ 9,7 bilhões para o enfrentamento ao coronavírus. Ainda foram entregues 6.410 ventiladores pulmonares, 115 milhões de equipamentos de proteção individual e mais de 4 milhões de unidades de cloroquina em todo o país.
Em Minas, foram disponibilizados 389 ventiladores pulmonares, 10,4 milhões de EPI's e 85 mil cloroquinas. O governo disse que repassou ao estado um total de R$ 5,48 bilhões, sendo R$ 979 milhões direcionados à COVID-19 e R$ 4,5 bilhões para outras atividades de rotina.