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Estado de Minas

Jovem encontrada morta no lago Paranoá era carinhosa e trabalhadora, segundo amigos

Polícia deteve um suspeito do crime nessa segunda-feira. Ele conheceu Natália no dia do desaparecimento e tinha marca de mordida em um dos braços


postado em 02/04/2019 10:51

Ver galeria . 11 Fotos (foto: Arquivo pessoal )
(foto: (foto: Arquivo pessoal ) )

Dada como desaparecida no domingo, a brasiliense Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, apareceu morta na segunda-feira (2/4), no Lago Paranoá. O corpo da universitária estava próximo ao Clube Almirante Alexandrino (Caalex), último local onde ela havia sido vista com vida, ao participar de um churrasco no espaço de lazer dos suboficiais e sargentos da Marinha, no Setor de Clubes Norte.

Amiga de Natália, a vendedora Ana Carolina Ferreira, 21 anos, moradora do Paranoá, contou ao Correio, ainda muito abalada, que a jovem não tinha desavenças com ninguém. "Crescemos juntas. Natália não tinha inimigos ou desavenças com ninguém. Não sei o que pode ter acontecido, mas nada justifica essa maldade", lamentou. Ambas trabalharam juntas, como vendedoras, em uma loja de roupa. Recentemente, Natália decidiu investir na carreira de modelo. Ganhava dinheiro com ensaios fotográficos.

Assim que soube do desaparecimento da amiga, na noite de domingo, Ana Carolina iniciou uma mobilização nas redes sociais. "Todo mundo começou a fazer contato, espalhar telefone para que conseguíssemos alguma notícia. Tínhamos esperança de encontrá-la viva e bem. Ela nunca saía sem avisar, nunca mesmo", ressaltou.

Vaidosa e carismática


Tendo cursado um semestre de jornalismo na Universidade Paulista (Unip), ela foi aprovada para o curso de letras na Universidade de Brasília (UnB) no segundo semestre de 2018. Morava no Paranoá, onde nasceu e cresceu. Vaidosa e considerada a mais bonita da turma, Natália chamava a atenção também pelo carisma.

"Onde ela passava, deixava carinho e simpatia. Ela era carinhosa com todos. Isso que conquistava a gente. Namorei com ela por poucos meses e foram os melhores da minha vida", contou um amigo, que pediu para não ter o nome divulgado.

A estudante Rafaela Pereira Barbosa, 21, conhecia Natália há seis anos. “Gostava demais dela. Era sempre gentil e com um sorriso no rosto. Ela era estudiosa e trabalhadora. Nunca a vi triste. Ela sempre ajudou a mãe”, destacou.

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)
 

Marca de mordida


Depois que o corpo de Natália foi encontrado, policiais civis detiveram um suspeito. Ele prestou depoimento por duas horas e meia ontem. Ele se apresentou na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), de onde foi levado, algemado e descalço, para a 5ª DP (Área Central). O rapaz deixou a unidade às 19h35, livre, na companhia do pai, sem dar entrevista. Nenhum delegado deu declarações. A Polícia Civil não se pronunciou.

Com a mesma idade da vítima e ensino médio completo, solteiro, o suspeito mora na Asa Norte. Ele conheceu Natália no churrasco do clube, que reuniu ao menos 10 jovens. Amigas da jovem disseram ter visto ambos indo em direção à margem do Lago Paranoá. Depois, elas não tiveram mais contato com a jovem.

O suspeito tinha uma marca de mordida no braço, o que levanta a suspeita de homicídio, pois o hematoma pode apontar luta corporal, de acordo com os investigadores da 5ª DP. Ele passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).

Câmeras de Vigilância do Grupamento de Fuzileiros Navais, vizinho ao Caalex, filmaram os dois juntos na beira do lago. Elas mostram o momento em que Natália e o suspeito entram no espelho d’água. Ele deixa o lago, mas ela fica, sozinha. O jovem se senta, observa e sai. A distância das filmagens não permite ver com clareza o que acontece em seguida.

Ocorrência


O Correio teve acesso à primeira ocorrência do caso, registrada na 6ªDP como afogamento. Em depoimento, o suspeito contou ter ido ao clube com a namorada e três amigos. Em um momento, decidiu tomar uma ducha. Natália se aproximou, perguntou se estava tudo bem, e os dois caminharam ao parquinho infantil, a cerca de 30 metros de onde o grupo estava. Segundo o suspeito, ambos se afastaram para se secar, quando a universitária o elogiou e ele disse ter namorada. O jovem ainda alegou que ela perguntou o que a companheira dele acharia da aproximação e deu uma mordida no braço dele, na altura do antebraço.

O suspeito disse ter ficado surpreso. Perguntou o motivo da mordida. “Para causar ciúmes”, respondeu a garota, segundo ele. Natália disse que iria ao lago e o chamou, mas o jovem se recusou. “Assim, o declarante deitou e ficou olhando para Natália indo para o lago, até que em um ponto do caminho, que é formado por uma ribanceira, Natália saiu de seu campo de visão e o declarante passou a olhar para o céu, permanecendo por cerca de quatro a cinco minutos, e olhou de novo para o lago, se levantou e foi até lá”, diz um trecho da ocorrência.

Ao chegar ao lago, o rapaz alegou não ter visto mais Natália e que a água estava “muito quieta”. Por pensar que ela tinha voltado à churrasqueira, ele foi até o grupo. O jovem relatou que as amigas da menina acionaram um segurança para ajudar a procurá-la e ele foi embora em um carro de aplicativo com a namorada e outros amigos. Por fim, ele afirmou que soube, na manhã de ontem, que as amigas não encontraram Natália.

Laudo em 30 dias


Natalia Costa foi ao Caalex acompanhada de quatro amigos. Eles chegaram em um carro de aplicativo, entre 15h e 15h30. Colegas relataram, em depoimento, que estavam com a jovem e, em um momento da confraternização, ela se afastou com o suspeito. De acordo com o registro, os dois brincavam de “lutinha”, correndo pelo parque infantil do clube.

Na hora de ir embora, por volta de 18h, todos se reencontraram na porta do clube, menos Natalia. Os pertences dela, incluindo o celular, estavam com uma das amigas. O suspeito contou a amigos que tinha deitado sozinho no gramado à margem do lago.

Outra amiga de Natália afirmou à polícia ter certeza de que a universitária e o rapaz se afastaram juntos, em direção ao lago, porque, segundo ela, os dois brincavam de “lutinha”, de se morder. Mas, depois de meia hora, segundo a jovem, o rapaz voltou sozinho e, “muito bêbado, disse que não sabia dela”. As amigas, então, se dividiram para procurá-la no clube, mas não a encontraram.

O organizador do churrasco, filho de um sócio titular do clube, contou à polícia que foi ao local com amigos de escola, entre eles duas jovens. Segundo o rapaz, foram elas que convidaram outras três garotas, incluindo Natália. Ele disse que as três eram as únicas pessoas desconhecidas da turma. Contou, ainda, ter visto o amigo, apontado como suspeito, com a namorada no parquinho do clube, mas garantiu não ter visto Natália se aproximar dele, após a companheira do jovem ter se afastado.

Bombeiros resgataram o corpo da jovem às 14h33 de ontem. Ela estava com uma blusa colada e um short. Peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) farão a autópsia para confirmar a causa da morte. O prazo para que o laudo da casa morte fique pronto é de 30 dias.

Espaço alugado


Por meio de nota oficial, o Comando do 7º Distrito Naval, responsável pelo clube Almirante Alexandrino — onde o corpo da jovem foi encontrado — disse que uma das churrasqueiras foi alugada, por um sócio, para um evento particular no domingo.

“A Marinha do Brasil abriu um procedimento administrativo para o esclarecimento do acontecido e, junto com o Clube Almirante Alexandrino, está colaborando com as autoridades policiais para elucidação dos fatos”, diz o comunicado.


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