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Estado de Minas

Lorena lidera estudo da violência em SP; polícia pede reforço


postado em 26/04/2018 12:54

Lorena, 26 - Ernani Braga é delegado de polícia há 15 anos em Lorena, cidade a 200 quilômetros de São Paulo, na direção do Rio. "Aqui, há mais arma do que deveria. Há mais do droga do que deveria haver para uma cidade desse tamanho. E o aumento da violência não nos transforma em uma prioridade dentro da polícia. Olha só o meu prédio. Não dá para fazer milagre."

Lorena se destaca no estudo inédito sobre violência do Instituto Sou da Paz, antecipado com exclusividade pelo jornal

O Estado de S. Paulo

. O Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV) de 2017 mostrou que a liderança do ranking das mais violentas pertence à cidade do Vale do Paraíba onde o índice foi de 54,4 - a média geral de São Paulo ficou em 21,3.

Da sala do delgado Braga, no primeiro andar de um prédio visivelmente sem a manutenção devida, ele sai para mostrar rachaduras nas salas vizinhas, a porta quebrada e as janelas estilhaçadas no térreo e o mato alto do lado de fora. Na equipe, ressente-se de escrivães, que poderiam acelerar o trabalho cartorial, facilitando as investigações. "A equipe se desmotiva com isso tudo", diz.

A queda na motivação é notada na taxa de esclarecimento de homicídios. Diz Braga que, em 2016, 90% dos 30 homicídios da cidade foram esclarecidos. Em 2017, foram só 50% dos 28 assassinatos. "Tem de haver a repressão contra esses casos. Quando não há, o tráfico fica mais à vontade. Precisamos de prioridade para melhorias", diz. Braga considera que a maioria dos assassinatos se dá pela disputa entre diferentes quadrilhas que vendem droga na cidade, na disputa por território.

Braga ainda não era o delegado da cidade quando em 1991 quatro homens entraram em uma residência ampla no centro de Lorena e mataram Cristiano, de 18 anos, e Graziela, de 15. A intenção era furtar o que vissem pela frente, mas o resultado acabou sendo muito mais trágico. Os detalhes ainda estão vivos na lembrança da psicóloga Alda Patrícia Fernandes Nunes Rangel, de 69 anos, mãe das duas vítimas.

Luto

Os detalhes estão vivos, mas não são mais tão dolorosos para ela, que estudou no seu doutorado o que chama de luto parental, a dor de pais que perdem filhos. "O caminho natural é que os filhos enterrem seus pais", diz no seu consultório, uma sala conjugada que dá acesso à residência, a mesma onde chegou naquela noite do seu aniversário e se deparou com os corpos dos filhos.

No grupo, que Alda diz ser "terapêutico como consequência", as mães contam as histórias dos filhos e recebem apoio de colegas. A notícia do trabalho já se espalhou pelas cidades vizinhas. "As memórias dos entes têm de ser preservadas, mas o luto deve ser feito com o lema de superação. Contar e recontar a história ajuda a criar uma narrativa e lidar melhor com a situação, mesmo que às vezes não haja uma explicação lógica para o que aconteceu", diz.

A Secretaria Estadual da Segurança Pública disse que as ações realizadas por ambas as polícias "possibilitaram que os indicadores criminais seguissem a tendência de queda de todo Estado". "Em 2017, os homicídios dolosos caíram 6,66%, e cerca de 50% dos casos foram esclarecidos." As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Marco Antônio Carvalho, enviado especial)


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