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Estado de Minas

'Fui internado porque tenho uma mediunidade', diz brasileiro que foi preso


postado em 12/01/2018 16:13

O brasileiro Jonatan Moisés Diniz, de 31 anos, que ficou 11 dias detido na Venezuela, confirmou ontem ao Estado que viajou ao país com intenção de ser preso para promover sua ONG, Time to Change the Earth. "Só um burro acharia que eu não seria preso", disse. Em entrevista, ele declarou que já esteve internado com problemas psiquiátricos. "Fui internado porque tenho uma mediunidade", disse. "Uma prisão de 11 dias na Venezuela não é nada comparado às minhas internações." A seguir, trechos da conversa de Diniz com o jornal

O Estado de S. Paulo

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Por que você decidiu ir para a Venezuela para ser preso?

Quando vim pros EUA, não sabia se voltaria. Decidi ir para a Venezuela mesmo sabendo que era perigoso. Cruzei vários países de ônibus. De todos os países, a Venezuela é o mais impactante. A gasolina é de graça. Água, luz e telefone, também. Eu me apaixonei por uma venezuelana e decidi conhecer a realidade do país. Eu vi uma aberração total. Para mim, os dois lados estavam errados. Esquerda e direita, ninguém se entendia. Pensei que, enquanto eles brigavam, eu faria alguma coisa para melhorar a vida das pessoas. As crianças morrendo de fome não têm culpa de os adultos serem estúpidos.

Por que você quis ser preso?

Primeiro, quero dizer que me prenderam mesmo. Eles me colocaram na cadeia e eu não sabia quando sairia. Eles me chamaram de terrorista da CIA e eu nem sabia do que era acusado. No tempo em que fiquei na prisão, não sabia o que estava acontecendo. Dizem que tive sorte de ficar só 11 dias na cadeia, mas não acho que tive sorte. Eu fui pra Venezuela com o meu dinheiro. Eu sabia que seria preso. Eu estava em um país com enorme repressão. Critiquei o governo e eles sabiam quem eu era. Espalhei 200 camisetas pela cidade com os dizeres: "Se você doar US$ 11, você pode ajudar 66 crianças que estão morrendo de fome na Venezuela". Só um burro acharia que eu não seria preso. Eu estava tentando ajudar, mas sabia do risco. Há um ensinamento que diz: "Use a força do inimigo contra ele mesmo". A força do inimigo é prender as pessoas. A minha força é usar a força do inimigo para divulgar minhas ações.

Por que você revelou o plano?

Relatei porque tenho respeito pelas pessoas. Eu quis mostrar que minha vida não vale nada em comparação ao sofrimento das crianças que estão morrendo na Venezuela. Eu não quero me promover. Eu quero que as pessoas se ajudem, que ajudem umas às outras. É inacreditável ouvir que os brasileiros sabem o que se passa na Venezuela e ninguém fala nada.

Você ficou chateado com as críticas por você ter provocado a prisão?

Não. Eu entendo de psicologia humana. Sabia que isso aconteceria. As pessoas que estão me criticando são as mesmas que estão interessadas em política. Não sou Deus para criticar ninguém. Enquanto me xingam de playboy, de filhinho de mamãe, ninguém sabe o perrengue que passo para ajudar aos outros. Quem me chama de oportunista não sabe da minha vida.

O que você achou das críticas do MBL, que o comparou a Maduro e o chamou de mentiroso?

Não conhecia esse grupo. Falei com uma pessoa do MBL pelo WhatsApp. Ela me contou que o MBL tentou me ajudar. Devem ter trabalhado para me soltar e serei eternamente grato. Não ao MBL, mas às pessoas que trabalharam para me soltar, sem interesse de se promover ou de promover um grupo político.

Você realmente teve problemas psiquiátricos?

Sim. Foram seis internações. Quatro vezes, em 2012, e duas, em 2015. Fui internado porque tenho uma mediunidade. Eu estudo tudo o que é religião, cultura, filosofia. Eu sou médium. Recebo mensagens. Mas sempre disse que ser um médium famoso é fácil. Difícil é ser um médium desconhecido. Já me chamaram de bipolar, de esquizofrênico. A prisão de 11 dias na Venezuela não é nada comparada às minhas internações. Vocês não sabem o que é sofrer no hospital. Na cadeia, pelo menos, ninguém me segura e me injeta drogas à força. Nunca queira ir para um hospício, porque aquilo sim é um inferno.

As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Rodrigo Turrer e Murillo Ferrari)


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