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Estado de Minas

Bombeiros ainda buscam terceira vítima de queda da ciclovia no Rio

Pelos menos duas pessoas morreram em desabamento de pista de ciclistas. Obra custou R$ 44 milhões e foi inaugurada em janeiro passado


postado em 22/04/2016 00:12 / atualizado em 22/04/2016 08:52

(foto: AFP / CHRISTOPHE SIMON )
(foto: AFP / CHRISTOPHE SIMON )

Os Bombeiros seguem as buscas por uma possível terceira vítima da queda da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, em São Conrado, no Rio de Janeiro. Dois corpos foram localizados nessa quinta. Uma das vítimas é o engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, reconhecido pelo cunhado. O corpo será velado hoje (22) à tarde no Crematório Memorial do Carmo, no bairro do Caju, zona portuária do Rio, onde será cremado. O outro é Ronaldo Severino da Silva, 60 anos. Os dois corpos ainda permanecem no Instituto Médico Legal (IML) e devem ser liberados agora pela manhã.

 

As buscas pela terceira vítima, que seria uma mulher, de acordo com testemunhas, estão sendo  feitas por 130 homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil e os trabalhos ocorrem com o auxílio de helicópteros, com moto aquática e mergulhadores, além de homens que fazem a varredura da praia com o uso de binóculos. Os mergulhares estão sendo usados na ação porque há possibilidade de o corpo estar preso entre as fendas dos rochedos. A Marinha está dando apoio com um navio-patrulha para evitar que embarcações particulares se aproximem do local com o objetivo de acompanhar o trabalho de resgate.

 

A ciclovia, que é suspensa e junto ao mar, teve um pedaço de mais de 50 metros arrancado pela ressaca do mar por volta das 11h30 de ontem. Hoje, representantes da prefeitura e do consórcio Contemat-Concrejato, responsável pela obra – que foi inaugurada em 17 de janeiro – terão uma reunião para discutir o acidente. Técnicos ainda avaliam se há risco de outros desabamentos. Em nota, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que estava a caminho da Grécia, classificou o acidente de “imperdoável”e disse que já determinou a apuração imediata dos fatos.

 

A ciclovia custou R$ 44 milhões, tem 3,9 quilômetros, 2,5 metros de largura, vai do Leblon a São Conrado e é uma obra de infraestrutura viária também para a Olimpíada do Rio, marcadas para agosto. Na solenidade de inauguração, o prefeito Eduardo Paes declarou que a obra tinha “um efeito de integração incrível, já que juntou o bairro do Leblon e São Conrado” e potencial para servir de trajeto para pessoas que utilizam bicicleta para ir trabalhar. O trecho é a primeira fase do Complexo Cicloviário Tim Maia, que irá até a Barra da Tijuca.

(foto: AFP / CHRISTOPHE SIMON )
(foto: AFP / CHRISTOPHE SIMON )

Ontem, o secretário de Governo Pedro Paulo Carvalho afirmou que é prematuro dizer que houve falha na construção da ciclovia. “É hora de os engenheiros avaliarem e fazer um laudo. Estamos apurando as causas e falando com a empresa que construiu a ciclovia. Todos os cálculos que foram feitos serão revistos. Estamos com técnicos da GeoRio para identificar esse acidente. É claro que há a suspeição para saber se a ciclovia é segura ou não. A prefeitura vai cobrar, seja da empresa que fez a obra, dos engenheiros que fizeram o cálculo. Vamos cobrar a responsabilidade de quem fez”, afirmou. A ciclovia ficará interditada para vistorias técnicas, sem previsão para ser reaberta. De acordo com Pedro Paulo, também serão paralisadas as obras do Elevado do Joá e refeitos os cálculos.

O Consórcio Contemat-Concrejato, responsável pela obra, divulgou nota informando que uma equipe técnica da empresa foi enviada ao local e que “as prioridades neste momento são garantir o atendimento às vítimas e seus familiares e avaliar as causas do acidente”. Além de Pedro Paulo, participam do encontro de hoje o prefeito Eduardo Paes, o secretário de Transportes, Rafael Picciani, e o secretário de Obras, Alexandre Pinto da Silva. Paes chegou ontem à Grécia, para a cerimônia de transporte da tocha olímpica, mas decidiu voltar ao Rio assim que soube do acidente.

Em nota, Paes afirmou que “lamenta profundamente” o desabamento e se solidariza com as famílias das vítimas e com todos os cariocas. A Prefeitura informou ainda que “a prioridade neste momento é garantir a segurança da população e o atendimento às vítimas e aos seus familiares”. Os reparos na ciclovia serão executados pela empresa responsável pela construção, sem ônus ao município, já que a ciclovia ainda está na garantia de obra.

Empresa é de família de secretário


A empreiteira Concremat, responsável pela construção da Ciclovia Tim Maia, que desabou ontem, pertence à família do secretário de Turismo da cidade do Rio, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello. A Concremat foi fundada por Mauro Ribeiro Viegas, avô de Antonio Pedro Viegas Figueira de Mello. Atualmente, a empresa tem como diretor-presidente Mauro Viegas Filho.

Em seu site na internet, a Concremat afirma que o consórcio Contemat Geotecnia/Concrejato foi contratado pela Fundação Geo-Rio, braço da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura, para executar a contenção de encosta e a estabilização da área para a implantação da ciclovia.    

Em informativo de outubro, a Concremat divulgou um texto sobre a Ciclovia Tim Maia em que o gerente técnico Jorge Schneider explicou que “cerca de metade da extensão total da ciclovia foi concebida com uma estrutura independente, projetada ao lado e à jusante da Avenida Niemeyer”.

Segundo a Concremat, ao longo do percurso “foram executadas contenções com cortinas atirantadas, contrafortes atirantados e muretas de contenção chumbadas”. “Para a proteção dos taludes resultantes de escavações para a construção das fundações, foram também aplicadas as técnicas de solo grampeado e rip-rap”, informou a empreiteira.

“Tivemos o desafio de realizar uma obra em área urbana, com a construção em toda a sua extensão junto a uma avenida com largura reduzida e intenso fluxo diário de veículos, além de estar inserida em uma área com forte presença habitacional”, contou o coordenador da obra, Saulo Rahal.

O informativo da empreiteira disse ainda que “com a impossibilidade de interdição da via durante o dia para as concretagens, além de dificuldades de escoramento por conta da altura e das irregularidades da encosta, a solução encontrada foi de pré-moldagem tanto da meso como da superestrutura”.

Questionada se o secretário teve alguma influência na contratação da empresa da família, a Concremat disse em nota que “o consórcio participou de processo de licitação que foi acompanhado por todos os órgãos de fiscalização competentes”. A Secretaria de Turismo da Prefeitura do Rio não retornou o contato da reportagem.

‘Grande golpe para prestígio’


A mídia internacional colocou em xeque a credibilidade do Rio como anfitrião dos Jogos Olímpicos. O britânico The Guardian classificou o acidente como “grande golpe para o prestígio do Rio e levanta questões sobre os padrões de engenharia e de segurança”. O jornal destacou que o acidente ocorreu a 100 dias da Olimpíada. Já o americano The New York Times ressaltou que a ciclovia faz parte de projeto de revitalização urbana para receber a competição. E citou a crise política: “O Rio será a primeira cidade sul-americana a sediar os Jogos Olímpicos, mas está lutando contra sua maior recessão em quase um século e uma crise política que pode levar ao impeachment da presidente”.

 

 


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