O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) errou ao divulgar, em 26 de março, que 65% da população concordava que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". O Ipea assumiu nesta sexta-feira, 4, que houve falha e que o porcentual correto de pessoas que concordam com essa afirmativa é de 26%. A divulgação do dado, no final de março, gerou ampla repercussão em diversos segmentos da sociedade, repudiando que tamanha fatia da população concordasse com essa afirmativa.
Para a elaboração da pesquisa, foram entrevistadas 3.810 pessoas. Na verdade, 58,4% dos brasileiros ouvidos afirmaram discordar totalmente da afirmação "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Fatia de 13,2% disse concordar totalmente e parcela de 12,8% disse concordar parcialmente. "Corrigida a troca, constata-se que a concordância parcial ou total foi bem maior com a primeira frase (65%) e bem menor com a segunda (26%). Com a inversão de resultados entre as duas questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias", cita a nota do Ipea divulgada hoje.
Outro erro envolveu a frase "mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar". Na verdade, nesse caso, 42,7% dos consultados disseram, nesta versão corrigida da pesquisa, concordar totalmente; 22,4% afirmaram concordar parcialmente. Fatia de 24% disse discordar totalmente e 8,4%, discordar parcialmente. O Ipea cita que a "correção da inversão dos números entre duas das 41 questões da pesquisa enfatizadas acima reduz a dimensão do problema anteriormente diagnosticado no item que mais despertou a atenção da opinião pública". Mesmo após a correção, o instituto cita que "os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros". A errata é assinada por Rafael Guerreiro Osorio e Natália Fontoura, autores do estudo. O Ipea afirma que as conclusões gerais da pesquisa continuam válidas, "ensejando o aprofundamento das reflexões e debates da sociedade sobre seus preconceitos".