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Estado de Minas

Condutores de embarcações cobram mais fiscalização para evitar acidentes


postado em 24/05/2011 08:10

Consumo de álcool, manobras perigosas e excesso de passageiros podem transformar um passeio pelo Lago Paranoá em uma atividade perigosa. Essas são algumas das irregularidades mais comuns cometidas por pilotos de lanchas e barcos que circulam pelo espelho d’água, especialmente nos fins de semana. Condutores de embarcações cobram mais fiscalização para evitar novos acidentes fatais, como os registrados no último domingo e em maio do ano passado. A fim de coibir abusos e barrar outras tragédias, a Marinha garante que vai reavaliar o esquema de fiscalização do Lago Paranoá, por onde circulam quase 2 mil embarcações.

Os militares pretendem transformar a delegacia fluvial em uma capitania, com mais barcos e a ampliação do número de funcionários. Apesar de estudar as mudanças, a corporação garante que o efetivo atual é suficiente para monitorar a navegação no Lago Paranoá. O delegado fluvial de Brasília, Rogério Leite, explica que é preciso também conscientizar os pilotos. “As normas existem, mas é necessário mudar a mentalidade das pessoas. Não adianta manter fiscalização 24 horas por dia se os pilotos não tiverem a consciência de que não podem beber e de que necessitam circular com todos os equipamentos de segurança”, explica Rogério.

Depois do acidente que matou as irmãs Liliane e Juliana Queiroz de Lira, em 22 de maio do ano passado, a Marinha aumentou o número de fiscais e de operações no Lago Paranoá. Além de realizar o teste do bafômetro, os funcionários verificam a documentação do condutor, a presença de coletes salva-vidas e o sistema de iluminação.

Diretor náutico da Associação Brasiliense das Agências de Turismo Receptivo (Abare), Edmilson Figueiredo Guimarães relata que a segurança do Lago Paranoá precisa melhorar. “A Marinha tem papel determinante, mas sabe que a estrutura (de fiscalização) é limitada”, ressalta. Desde 2003, Edmilson mantém a Barca Brasília — especializada em turismo educativo e cultural no lago brasiliense. “Na semana passada, fui fiscalizado. Eles são muito rigorosos e têm fiscalização competente. Mas precisam dar um passo à frente”, comenta.

Operações de rotina

No momento do naufrágio do barco Imagination, havia quatro fiscais da Delegacia Fluvial em atuação no lago. Na véspera, dois barcos foram apreendidos por irregularidade, durante operações de rotina. “Temos equipes 24 horas por dia no lago, mas o trabalho é intensificado nos momentos de grande circulação de embarcações”, garante o delegado Rogério Leite. “Não houve falha de fiscalização”, acrescenta o representante da Marinha, sobre o acidente do último domingo.

Um médico, que preferiu não se identificar, pratica esqui aquático no Lago Paranoá. Segundo ele, entre sexta-feira e domingo, o movimento de pessoas em busca de diversão a bordo de lanchas aumenta. Ele perde as contas de quantas latas de cerveja vê em cada uma das embarcações. “A convivência é perigosa. A maioria das pessoas, inclusive os pilotos, está sob o efeito de álcool e só anda em alta velocidade. A coisa mais difícil é ver algum tipo de fiscalização. Deveria haver postos por toda a orla, em lugares de maior risco, como o Pontão e a Ponte JK”, sugere. O médico acrescenta que a escuridão da noite indica mais uma ameaça. “As luzes são muito discretas, são só uma lâmpada no alto do mastro. A chance de alguém de te ver, mesmo você estando em outro barco, é mínima”, descreve.

Já o presidente da Federação Náutica de Brasília, Marcos Carraca, elogia o trabalho de fiscalização da Marinha e garante que o controle da circulação de barcos aumentou muito desde maio do ano passado. “Ela ficou bastante incisiva, quase exagerada. Eles param muita gente e verificam coletes, rádio e outros equipamentos. É uma coisa necessária”, comenta Marcos. “Se endurecer mais a fiscalização, vai ser como colocar um quebra-molas no meio do lago. Vai acabar inibindo o lazer”, acredita.

Capitania à vista

A Marinha mostra um aumento do total de operações de fiscalização realizadas no Lago Paranoá. De acordo com a corporação, a quantidade de embarcações inspecionadas cresceu 88% no primeiro quadrimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2010. Já a de notificações aumentou 59% e o total de barcos apreendidos pela Delegacia Fluvial de Brasília, 350%. Entretanto, a Marinha não quis divulgar os números absolutos e revelou apenas os percentuais.

De acordo com os militares, algumas ações foram voltadas para a conscientização dos pilotos. Eles participaram de um seminário, em agosto do ano passado, com especialistas de todo o Brasil, que deram dicas para evitar acidente e noções de primeiros socorros.

A reavaliação anunciada pela Marinha sobre a fiscalização no DF pode levar à criação da 24ª capitania do Brasil. Hoje, a instituição tem 23, 15 delegacias fluviais e 19 agências de fiscalização. Se a delegacia de Brasília mudar de status poderá ganhar mais funcionários e embarcações, o que vai facilitar as operações de monitoramento.


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