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Estado de Minas CHECAMOS

Vídeo de 'enterro falso' associado a conflito entre Israel e Hamas em 2023 circula desde 2020

A sequência que mostra um grupo de pessoas carregando um suposto cadáver que levanta e começa a correr após o toque de sirenes não tem relação com a guerra iniciada pelo grupo islamita palestino Hamas contra Israel em 2023. Desde pelo menos 11 de outubro, quatro dias após o começo do conflito, usuários compartilharam as imagens mais de 2,7 mil vezes nas redes sociais alegando que seria um vídeo de 'propaganda' do Hamas que teria sido interrompido. Mas o conteúdo circula ao menos desde março de 2020, associado a medidas de confinamento na Jordânia.


16/10/2023 11:38 - atualizado 16/10/2023 12:45
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A sequência que mostra um grupo de pessoas carregando um suposto cadáver que levanta e começa a correr após o toque de sirenes não tem relação com a guerra iniciada pelo grupo islamita palestino Hamas contra Israel em 2023. Desde pelo menos 11 de outubro, quatro dias após o começo do conflito, usuários compartilharam as imagens mais de 2,7 mil vezes nas redes sociais alegando que seria um vídeo de 'propaganda' do Hamas que teria sido interrompido. Mas o conteúdo circula ao menos desde março de 2020, associado a medidas de confinamento na Jordânia.

'Quando o vídeo da Propaganda é interrompido por sirenes de ataque aéreo na Palestina.  Os mortos ressuscitam...', diz um dos conteúdos compartilhados no X (antes Twitter). O conteúdo circula também no Facebook, no Instagram e no TikTok.

Captura de tela feita em 11 de outubro de 2023 de uma publicação no X
Captura de tela feita em 11 de outubro de 2023 de uma publicação no X

As imagens circulam após o início de uma ofensiva do Hamas a partir da Faixa de Gaza contra Israel em 7 de outubro, que levou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a uma declaração de guerra.

Até o décimo dia de conflito, mais de 1.400 pessoas morreram em território israelense. Já na Faixa de Gaza, a resposta de Israel já deixa ao menos 2.750 mortos.

No entanto, uma busca reversa por um dos fragmentos do vídeo viral no motor Yandex levou a uma versão mais longa da mesma sequência, publicada em 25 de março de 2020 no YouTube, em uma conta chamada 'Weirdo and funny' ('Estranho e engraçado', em português), com o título: 'A tentativa falha na Jordânia de burlar o toque de recolher do coronavírus', em tradução livre do inglês. Ao fundo, escutam-se risadas.

Uma pesquisa pelas palavras-chave, em árabe, 'funeral falso vírus Jordânia', filtrando por resultados de 20 a 25 de março de 2020, levou a um artigo publicado pelo jornal egípcio Youm7 a respeito da gravação. 

Segundo o texto, o vídeo circulou entre usuários nas redes sociais como se mostrasse um grupo de jovens jordanianos que teriam criado o funeral falso como um truque para sair de suas casas durante o toque de recolher imposto pelas autoridades em resposta à pandemia de covid-19. O humor do vídeo vem do fato de que o homem que fingia ser o 'morto' também se levanta e foge ao ouvir as sirenes da polícia.

O artigo também incluía uma publicação feita no X em 24 de março de 2020 pelo veículo 24.ae, dos Emirados Árabes Unidos, que contém o mesmo vídeo viral e a mensagem, em tradução livre do árabe: 'Jovens jordanianos inventaram um truque para sair de casa: fizeram um funeral falso para o amigo.. Foi o que aconteceu com eles assim que ouviram as sirenes'. A publicação também contém a hashtag '#StayAtHome', ou '#FiqueEmCasa', utilizada durante a pandemia do coronavírus.

O mesmo vídeo já havia circulado em 2021, também falsamente vinculado a um conflito entre Israel e o Hamas, e foi checado à época pela AFP. Na ocasião, a equipe de checagem da AFP localizou um artigo publicado em março de 2020 pela agência de notícias Al Roeya, sediada nos Emirados Árabes Unidos, por meio de uma busca reversa no motor TinEye.

O texto indica que as imagens mostram um grupo de pessoas que tentava passar por uma barreira instalada para conter os casos de covid-19 na Jordânia.

Em 2020, a Jordânia foi um dos países que impuseram um toque de recolher em seu território para conter a circulação do vírus. O rei Abdullah assinou um decreto concedendo poderes excepcionais ao governo e centenas de pessoas foram presas por não respeitarem a medida.

O AFP Checamos já verificou outros conteúdos que circulam atrelados ao conflito entre o grupo Hamas e Israel em 2023.

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