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Estado de Minas CHECAMOS

'CPX', inscrito em boné usado por Lula, é sigla referente a complexo de favelas, não ao tráfico

Boné foi presente de líderes comunitários ao ex-presidente, representando o Alemão e outras favelas que levam 'complexo' no nome, como a Maré e a Penha


13/10/2022 21:07 - atualizado 15/10/2022 07:40

O termo 'CPX', inscrito em um boné usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz referência a complexos de favelas, como o do Alemão, não a facções criminosas, como sugerem publicações.

As mensagens foram compartilhadas milhares de vezes nas redes após a ida de Lula ao local, em 12 de outubro de 2022, onde participou de um ato de campanha para o segundo turno das eleições.

O boné foi um presente de lideranças comunitárias ao ex-mandatário com o intuito de representar não só o Alemão, mas outras favelas que levam 'complexo' no nome, como a Maré e a Penha.

'Mais uma coincidência de simpatia pelo tráfico de drogas?' e 'Gíria utilizada pelo crime 'CPX = Cupinxa "Parceiro de crime'. CPX = Complexo no Rio Abreviação utilizada pela facção', dizem publicações que acompanham imagens de Lula usando o boné com a sigla 'CPX' no Twitter, Facebook e Telegram. O conteúdo também chegou ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem enviar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem de sua veracidade.

A alegação foi compartilhada por diversos políticos ligados ao governo de Jair Bolsonaro (PL), como seu filho e senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal e ex-ministro Osmar Terra, o ex-Secretário da Cultura Mário Frias, e a deputada federal Carla Zambelli.
Captura de tela feita em 13 de outubro de 2022 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 13 de outubro de 2022 de uma publicação no Twitter ( .)

Mas a sigla inscrita no boné usado por Lula faz referência a complexos de favelas, como o do Alemão, no Rio de Janeiro, onde ele participou de um evento de campanha em 12 de outubro de 2022.

Antes de seguir para a caminhada no local, o ex-presidente participou de uma conversa com lideranças comunitárias. Uma consulta à íntegra da transmissão mostra o momento em que ele recebe o objeto de Camila Moradia, uma das organizadoras do evento. Ela falou à AFP sobre a motivação por trás do presente:

'CPX significa Complexo, e a ideia do evento era a das favelas com o Lula. Várias favelas utilizam esse termo 'Complexo': Complexo da Maré, Complexo da Penha, e o próprio Complexo do Alemão. Para a gente, seria simbólico e representaria de fato as favelas'.

Moradia disse que a ideia surgiu em uma reunião para a organização do evento, quando um amigo sugeriu presentear o ex-presidente: 'Aí conseguimos o boné, e eu entreguei a ele [Lula] porque era um combinado nosso. Pode ver no vídeo que, quando entrego o boné, muitas pessoas gritam 'agora é Complexo, agora é Complexo''.

Ela comparou o boné com outros presentes típicos entregues a Lula em seus atos de campanha pelo Brasil: 'O Lula vai para o Nordeste e usa um chapéu que é típico de lá. Para onde ele vai, ele ganha um presente e utiliza. Nós entregamos na ideia de que nas favelas todo mundo gosta de usar boné, que iria nos representar'.

A terminologia também é usada por órgãos oficiais, como a Polícia Militar do Rio de Janeiro, que afirmou à AFP em 13 de outubro de 2022: 'O termo 'CPX' era utilizado no Twitter da corporação como forma de abreviação da palavra 'Complexo' até o ano de 2017, quando só eram permitidas publicações com até 140 caracteres'.

Bom dia.@PMERJ está em operação no Cpx Chapadão e na Cidade de Deus. #PMERJTrabalhoSerio#ServireProteger
— @pmerj (@PMERJ) December 4, 2016

O governo do Rio também já utilizou a sigla, como por exemplo neste documento em que faz referência ao Complexo da Maré.

Uma nota publicada no site oficial de Lula sobre a tentativa de vincular o boné a facções criminosas afirma: 'CPX significa complexo. Para bolsonaristas, todos que moram em comunidades são bandidos'.

Moradia também repudiou os comentários, que reforçam estigmas sobre moradores de favelas e periferias: 'Estão acostumados a nos olhar sempre pela mira de um fuzil. Infelizmente para eles, só prestamos quando estamos os servindo. Quando voltamos para o nosso lar, para a nossa favela, somos criminalizados'.

O jornal Voz das Comunidades, que cobre favelas do Rio de Janeiro e foi criado no Complexo do Alemão, publicou uma matéria chamando a alegação de 'completamente falsa'. Em um movimento coletivo, a página e outras lideranças acrescentaram 'CPX' ao nome de usuário no Twitter no dia após o evento.

O conteúdo também foi verificado pela Agência Lupa, Fato ou Fake e Estadão Verifica.


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