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Foto de protesto ocorrido em dezembro de 2019 circula como se fosse de 1º de maio de 2021

'Se você não divulgar, a grande mídia não fará isso por você', diz o texto visto abaixo da imagem de pessoas reunidas


04/05/2021 20:40 - atualizado 04/05/2021 20:41


 

Captura de tela feita em 4 de maio de 2021 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 4 de maio de 2021 de uma publicação no Facebook
A imagem de uma multidão na Avenida Paulista foi compartilhada mais de 29,8 mil vezes nas redes sociais desde o último 1º de maio, Dia do Trabalhador, como se tivesse sido registrada durante o protesto a favor do presidente Jair Bolsonaro ocorrido na mesma data. Mas isso é falso. A foto foi tirada, na verdade, em dezembro de 2019, quando manifestantes foram às ruas para defender a prisão em segunda instância.


“Se você não divulgar, a grande mídia não fará isso por você”, diz o texto visto abaixo da imagem de pessoas reunidas, usando as cores verde e amarelo, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), em postagens compartilhadas milhares de vezes no Facebook (1, 2) desde o início de maio de 2021.

Uma das publicações é mais explícita a respeito da data e do objetivo do ato do último fim de semana: “Hoje nos 4 canto do Brasil protesto para que a nossa pátria não vire uma Venezuela fora comunismo”.

Em 1º de maio, milhares de brasileiros participaram de manifestações em várias cidades, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, apesar da pandemia de covid-19 que já deixou mais de 408 mil vítimas no país.

Os atos tinham como um dos lemas a frase “Autorizo Bolsonaro” e pediam “intervenção militar”. Em meados de abril, o presidente disse estar esperando “um sinal do povo” para “tomar medidas” contra as restrições adotadas por governos locais para combater a propagação da covid-19 no país.

Mas a foto de uma multidão viralizada nas redes em frente ao Masp não é, contudo, do início de maio.

A origem da fotografia


Uma busca na ferramenta CrowdTangle por postagens semelhantes mostrou que a mesma imagem já havia sido compartilhada no Facebook em 15 de março de 2021, impossibilitando que ela fosse dos protestos do último dia 1º de maio.

Uma segunda pesquisa, dessa vez ampliando o período de compartilhamento, levou a uma postagem datada de 8 de dezembro de 2019.

Uma análise dos comentários, selecionando pelos mais recentes, levou a um feito em 10 de dezembro de 2019 com a fotografia da deputada federal pelo PSL Carla Zambelli.

Uma comparação entre a imagem viralizada do protesto e a que mostra Zambelli em um ato permite identificar os mesmos elementos ao fundo, com a diferença de que a foto da deputada federal está espelhada.

Uma pesquisa no Twitter de Carla Zambelli mostra que em 8 de dezembro de 2019 ela fez uma publicação em seu perfil com a legenda “Chegando à Paulista! #PrisãoEm2aInstânciaJá!”. Nas fotos, ela era vista com a mesma blusa preta e usando argolas, como na imagem acima.

Em suas contas no Instagram e Facebook, por sua vez, a deputada compartilhou outras imagens do ato, entre elas a que agora viralizou, atribuída às manifestações de 1º de maio de 2021.

 

Comparação feita em 4 de maio de 2021 entre a foto viralizada (à esquerda) e a imagem de dezembro de 2019
Comparação feita em 4 de maio de 2021 entre a foto viralizada (à esquerda) e a imagem de dezembro de 2019

Uma transmissão ao vivo feita no próprio dia 8 de dezembro em seu perfil no Facebook permite ter a mesma vista da multidão observada na imagem viralizada nas redes.

Naquela data, manifestantes foram às ruas (1, 2) protestar pela prisão somente após a condenação em segunda instância, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter considerado, um mês antes, que era “constitucional a regra do Código de Processo Penal (CPP) que prevê o esgotamento de todas as possibilidades de recurso (trânsito em julgado da condenação) para o início do cumprimento da pena”.

Com isso, o ex-presidente Lula foi solto após passar um ano e meio na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpria a pena de oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.


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