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Estado de Minas CHECAMOS

A foto em que um PM apreende produtos de uma ambulante é de 2016, sem relação com a pandemia

No Instagram este conteúdo ganhou ainda mais destaque depois que foi publicado na conta do filho do presidente e vereador no Rio, Carlos Bolsonaro


17/03/2021 20:08 - atualizado 17/03/2021 20:08


 

Captura de tela feita em 16 de março de 2021 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 16 de março de 2021 de uma publicação no Twitter
Publicações que mostram uma vendedora ambulante tentando impedir que um policial militar apreenda o seu recipiente térmico somaram mais de 134,4 mil interações nas redes sociais desde o último dia 11 de março. Segundo os usuários, a ação fez parte das medidas adotadas por governadores e prefeitos para enfrentar a pandemia de covid-19. Mas a foto viralizada foi registrada em setembro de 2016, durante uma manifestação contra o então presidente Michel Temer.


“Se isso não te fazer repensar sobre as ‘medidas’ que governadores e prefeitos estão tomando não há nada que possa ser feito no Brasil”, diz o texto que acompanha a imagem, em postagens compartilhadas centenas de vezes no Facebook (1, 2, 3) e no Twitter (1).

No Instagram (1, 2, 3) este conteúdo ganhou ainda mais viralidade depois que foi publicado na conta do filho do presidente Jair Bolsonaro e vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos). 

Uma busca reversa* pela fotografia, contudo, mostra que ela não tem qualquer relação com a pandemia de covid-19 ou com as medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores.

Usando o buscador Bing foi possível chegar a uma postagem feita na rede social Pinterest de um texto publicado no site da Folha de S.Paulo em 18 de setembro de 2016 intitulado: “Protesto anti-Temer chega ao fim com início da chuva e menos manifestantes”.

Na matéria é explicado que, durante a manifestação, houve um tumulto entre manifestantes e policiais militares depois que estes tentaram apreender os produtos de uma vendedora ambulante, que resistiu à ação.
Captura de tela feita em 16 de março de 2021 de uma publicação no Twitter
Captura de tela feita em 16 de março de 2021 de uma publicação no Twitter

Uma pesquisa no Google pelas palavras-chave “tumulto vendedora ambulante protesto 18/09/2016” levou a outros artigos publicados pela imprensa sobre o mesmo caso (1, 2, 3), nos quais é possível conferir a cena a partir de outros ângulos.

Um dos envolvidos no tumulto foi o atual vereador Eduardo Suplicy (PT-SP), que tentou intervir quando viu a ação da Polícia Militar. Ao se aproximar, foi empurrado e afastado com spray de gás de pimenta, segundo o relato da imprensa.

Em vídeos publicados em sua página oficial no Facebook é possível ver o momento em que Suplicy intervém após os policiais retirarem a caixa de isopor da vendedora.

Ao subir novamente no carro de som durante o protesto, o político falou sobre o caso: “Afinal, o que eles [os policiais] estavam querendo? Uma mulher estava ali, deitada, e retiraram dela uma caixa com latas de cerveja. O trabalho dela”.

À imprensa (1, 2), a Polícia Militar do Estado de São Paulo declarou: “Eles foram fazer uma apreensão dos equipamentos de uma senhora. Se houve agressão, será apurado. Mas já orientei para cessarem essas ações porque é um ambiente de manifestação, é difícil”.

No dia do protesto, a PM de São Paulo indicou em sua conta no Twitter que realizava ações de combate ao comércio irregular e apreensões de mercadorias de ambulantes.

Na época, o governador do estado de São Paulo era Geraldo Alckmin (PSDB), que ocupou o cargo até 2018, quando foi sucedido por João Doria, do mesmo partido.

Em suas contas oficiais no Instagram e Facebook, a Polícia Militar do Estado de São Paulo desmentiu no último dia 12 de março a afirmação que circula nas publicações viralizadas atribuindo a imagem ao atual momento de pandemia. Novamente, indicaram que o registro foi feito “durante intervenção policial em Atividade Delegada para combate ao comércio irregular”.

Desde que o novo coronavírus chegou ao Brasil, São Paulo foi um dos primeiros estados a decretar medidas que limitam o funcionamento de estabelecimentos públicos. O governador João Doria e o presidente Jair Bolsonaro já tiveram embates (1, 2) devido à condução da pandemia.

Com o aumento dos casos e das mortes nos primeiros meses de 2021, várias localidades voltaram a decretar as medidas de restrição. O Brasil é o segundo país do mundo com mais óbitos e casos, ultrapassando a marca de 280 mil mortos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Um conteúdo semelhante também foi checado pelas equipes da Agência Lupa e do Aos Fatos.

*Uma vez instalada a extensão InVid-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o botão direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em vários buscadores.


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