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Estado de Minas FACT-CHECKING

Checamos o vídeo gravado na Bahia e usado para ligar MST a apagão no Amapá em 2020

Imagens feitas em 2017 estão sendo compartilhadas em redes sociais como se fossem agora em 2020


30/11/2020 14:48 - atualizado 01/12/2020 08:03

Um vídeo de pessoas derrubando redes de transmissão de energia foi compartilhado centenas de vezes nas redes sociais desde o último dia 26 de novembro, afirmando mostrar a ação de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Amapá.

Mas isto é falso: a gravação data de novembro de 2017, três anos antes da crise de energia elétrica vivida no estado, e foi registrada em Correntina, na Bahia.
“Militantes do MST destruindo uma estação de transmissão no Amapá. Isso a mídia podre não mostra”, indica a legenda de uma das postagens que contém o vídeo, visualizado milhares de vezes no Facebook (1, 2, 3).

A sequência também circulou no Instagram (1, 2), no Twitter (1, 2, 3) e no YouTube mais de três semanas após um incêndio na subestação elétrica do Amapá, que deixou todo o estado na escuridão. O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos para verificação.

Nas cenas é possível ver um grupo de pessoas gritando enquanto alguns indivíduos vão na direção dos postes para derrubá-los, enquanto escuta-se: “Deixa o homem derrubar, gente. [...] Empurra pra lá, empurra pra lá”.

Uma busca reversa no Google pela captura de tela do vídeo obtida por meio da ferramenta InVid-WeVerify* mostrou que o vídeo circula ao menos desde 5 de novembro de 2017 no Facebook e Twitter, e nos dois casos havia uma coincidência de informação: a de que a sequência foi gravada em uma fazenda em Correntina, na Bahia.

Desde então, a gravação foi publicada em outras contas do Facebook e em canais no YouTube (1), nos quais também é assinalado que a cena foi registrada no município baiano de Correntina.

Uma pesquisa pelas palavras-chave “fazenda + Correntina + Bahia + invasão” levou a uma notícia publicada pelo portal de notícias G1 com o mesmo vídeo, que informava sobre a invasão de uma fazenda, de propriedade da empresa Lavoura e Pecuária Igarashi.

De fato, em 4 de novembro de 2017, a empresa agrícola divulgou uma nota de esclarecimento na qual assinala que as suas instalações em Correntina “foram ilegal e arbitrariamente invadidas por indivíduos que, arrebentando cercas, ateando fogo nas instalações, destruindo maquinários, todo sistema de energia, tratores, ameaçando seus colaboradores, promoveram um ato de vandalismo”.

A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), por sua vez, havia indicado no dia anterior em um comunicado que, “em relação à invasão e a depredação de empreendimentos rurais no município de Correntina [...] esclarece que apoia toda e qualquer manifestação de cunho ambiental, mas repudia veementemente ações violentas e atos de vandalismo”.

Muitas postagens, tanto de 2017 quanto de 2020, associam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) à ação. Em 6 de novembro de 2017, contudo, a Direção Estadual do MST na Bahia publicou uma nota assinalando que, “enquanto organização popular”, não teve “envolvimento nessa mobilização”, embora tenha reiterado o seu apoio ao que chamou de “ações de denúncia ao agronegócio”.

Devido aos problemas no fornecimento de energia elétrica no Amapá desde o início de novembro de 2020, as autoridades tentavam restaurar lentamente o abastecimento de eletricidade na maior parte das cidades. Em 24 de novembro, governo federal e a distribuidora indicaram que o rodízio do fornecimento de energia havia sido encerrado e que o serviço estava normalizado.

Um conteúdo semelhante foi checado pelas equipes do Estadão Verifica, da Agência Lupa, do Boatos.org e do E-farsas.

Em resumo, é falso que o vídeo em que várias pessoas derrubam redes de transmissão de energia mostre militantes do MST no Amapá. A gravação data de novembro de 2017, quando uma fazenda na cidade de Correntina, na Bahia, foi invadida. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, naquela ocasião, negou que a organização tivesse participado da ação.

*Uma vez instalada a extensão InVid-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o botão direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em vários buscadores.


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