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Estado de Minas PANDEMIA

Brasileiros antecipam volta ao Reino Unido para fugir de quarentena

Medida para países em %u201Clista vermelha%u201D, incluindo o Brasil, entra em vigor no dia 15 de fevereiro e custará equivalente a R$ 13 mil, pagos pelo próprio viajante.


12/02/2021 07:31 - atualizado 12/02/2021 08:14


Medida para países em %u201Clista vermelha%u201D, incluindo o Brasil, entra em vigor no dia 15 de fevereiro e custará £1,750 (R$ 13 mil), pagos pelo próprio viajante(foto: Juliana Gragnani/BBC)
Medida para países em %u201Clista vermelha%u201D, incluindo o Brasil, entra em vigor no dia 15 de fevereiro e custará £1,750 (R$ 13 mil), pagos pelo próprio viajante (foto: Juliana Gragnani/BBC)

A perspectiva de passar 10 dias em um hotel pagando £1,750 (R$ 13 mil) do próprio bolso para entrar no Reino Unido fez residentes brasileiros que estavam de férias fora do território britânico tremerem na base, decidindo fazer as malas de um dia para o outro e antecipando seu retorno.

"Eu não teria condições de pagar esse valor. É mais do que o meu aluguel em Londres", diz a professora de inglês Vanessa Lima, de 40 anos. Ela viajou para o Rio de Janeiro na virada do ano, justamente para pegar um voo mais vazio, por causa da pandemia de coronavírus. Ficou "acompanhando freneticamente as notícias" até sair a data em que as novas regras entrarão em vigor - dia 15 de fevereiro - e marcou a passagem de volta para o dia 13, dois dias antes.

"O problema não é a quarentena de dez dias - já enfrentamos confinamentos, estou acostumada e até gosto de ficar em casa -, o problema é o realmente o valor", diz ela.

"Eu não estou a fim de pagar essa grana toda. O governo deveria investir em uma tornozeleira eletrônica e deixar as pessoas fazerem quarentena em casa", brincou Gustavo Meixner, 41, à BBC News Brasil enquanto estava na fila da imigração. Ele mora há 14 anos no Reino Unido e voltou do Brasil nesta quarta (10/2), ao lado de vários brasileiros que fizeram o mesmo para escapar da quarentena em hotéis.

As regras se aplicam a residentes do Reino Unido e da Irlanda voltando de 33 países de uma "lista vermelha", como Brasil e África do Sul. É uma tentativa do governo de conter infecções por novas variantes do coronavírus (consideradas mais infecciosas e perigosas) encontradas nesses países.

Aqueles que tentarem esconder que passaram por um país de "lista vermelha" em um formulário do governo (que deve ser apresentado no embarque e na imigração) enfrentam multas de até £10.000 (R$ 74 mil) ou processo com risco de pena de até 10 anos de prisão.


"Inventaram essa história dos hotéis, corre embora", diz administrador João Sibin da fila da imigração no aeroporto de Heathrow (foto: Juliana Gragnani/BBC)

Cerca de 1.300 pessoas por semana estão chegando ao Reino Unido dos 33 países da lista vermelha no momento, segundo o secretário de Transportes britânico, Grant Shapps.

Todos que viajam ao Reino Unido devem apresentar um exame de covid-19 negativo feito em até 72 horas antes do embarque, sob pena de multa de £500 (R$ 3.700) e permanecer 10 dias isolados. Os viajantes que chegarem de países de fora dos 33 da lista vermelha deverão fazer dois exames de covid pagos do próprio bolso durante o período de dez dias de quarentena também a partir do dia 15 de fevereiro.

Meixner viajou com a família para o Brasil de férias em dezembro. Voltaria em janeiro, mas teve diversos voos cancelados, e passou a trabalhar do país natal. Quando surgiu a exigência de permanência em hotel, ele procurou novas passagens - "que estavam caríssimas" - para fugir da quarentena forçada e conseguiu chegar nesta quarta (10/2), poucos dias antes do início das novas regras.


Todos os passageiros devem apresentar teste de covid negativo feito em até 72 horas antes da chegada no Reino Unido(foto: Juliana Gragnani/BBC)
Todos os passageiros devem apresentar teste de covid negativo feito em até 72 horas antes da chegada no Reino Unido (foto: Juliana Gragnani/BBC)

Para Stephanie Camargo, de 29 anos, a perspectiva de "ficar presa, sem nem poder abrir a janela", foi o que mais a assustou. Ela estava no Rio desde março do ano passado, quando foi passar duas semanas por causa de um problema de saúde e acabou ficando o ano inteiro. Pretendia voltar em abril, mas antecipou o retorno em dois meses. "A grande dificuldade foi ter informação sobre o que ia acontecer. Imagino para quem ainda não havia comprado passagem", diz ela.

Os planos de voltar apenas em abril, quando o frio começa a dar trégua no Reino Unido, também foram frustrados para o administrador João Sibin, de 45 anos. "Inventaram essa história dos hotéis, corre embora. Já tem comentários de que serão só 20 minutos por dia de caminhada ao lado de um oficial. Vou fazer a quarentena em casa", disse, também da fila da imigração. Ele havia viajado ao Brasil no início de novembro para ficar com a família. Mas há uma semana decidiu antecipar o retorno para fugir dos hotéis, e os planos que tinha no Brasil ficaram para trás. "Meu pai vai operar da catarata semana que vem, eu iria acompanhá-lo. Minha mãe e meu pai têm problemas de saúde, queria apoiá-los. Agora tudo ficou no ar."

"Eu não ia querer pagar 2 mil libras de hotel se eu moro aqui", disse a produtora de TV Helynd Feltrin, de 26 anos que mora há cinco em Londres. Segundo ela, seis voos seus foram cancelados até que ela finalmente conseguisse remarcar um com escala em Paris para chegar no Reino Unido.

Na opinião de Valeria Oliveira, gerente de projetos de 37 anos, a quarentena em hotel "até faz sentido", para monitorar os viajantes. "Mas se você tem onde se isolar sem colocar outras pessoas em risco, acho mais complicado ter de pagar tudo isso", diz ela, enquanto esperava seu voo de Paris a Londres nesta quinta (11/2), depois de pegar um do Brasil.


"Eu não ia querer pagar 2 mil libras de hotel se eu moro aqui", disse a produtora de TV Helynd Feltrin, de 26 anos (foto: Juliana Gragnani/BBC)

Os viajantes que voltaram ao Reino Unido nesta quarta (10/2), depois do anúncio das novas regras, enfrentaram uma fila de três horas para entrar no país no aeroporto internacional de Heathrow.

Até agora, o governo contratou 16 hotéis com 4.600 quartos. Mais serão reservados conforme necessário. O pacote que o viajante da lista de países banidos terá que pagar inclui transporte, alimentação, hotel, segurança e testes para coronavírus. A acomodação deverá ser reservada com antecedência por meio de um sistema de reserva online prevista para entrar no ar nesta quinta (11/2).


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