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Coronavírus: cinco potenciais crises internacionais para além da pandemia

Controle de armas nucleares, Brexit, disputas por territórios e mudanças climáticas %u2014 esses temas não esperam e, com a covid-19, podem inclusive se tornar ainda mais desafiadores.


postado em 17/05/2020 15:11 / atualizado em 17/05/2020 16:37

Mulher no Irã; perspectiva é de piora na relação do país com os EUA, sobretudo pelo tema do armamento nuclear(foto: Getty Images)
Mulher no Irã; perspectiva é de piora na relação do país com os EUA, sobretudo pelo tema do armamento nuclear (foto: Getty Images)

No meio de uma pandemia que virou o mundo de cabeça para baixo, há muitas outras coisas relevantes acontecendo no planeta das quais é difícil dar conta.

Mesmo os conflitos internacionais — existentes ou potenciais — mais sérios podem ficar mais de lado neste momento. Em alguns casos, a crise global na saúde pode inclusive agravar a situação.

Por exemplo, alguns governos estão se aproveitando do foco no coronavírus para tocar ambições de longa data.


São situações que, como o vírus, também têm potencial para afetar o mundo todo. Aqui, apresentamos cinco destas situações para as quais talvez seja prudente voltar a nossa atenção nos próximos meses:

1. Tratado da Guerra Fria prestes a expirar

O novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas — que limita os arsenais nucleares de longo alcance com os quais os Estados Unidos e a Rússia trocam ameaças — expira no início de fevereiro do próximo ano, e o prazo para renová-lo está se esgotando.


Dos grandes acordos de controle de armas herdados da Guerra Fria, este é o último sobrevivente. Sem ele, há temores reais de que a ausência de restrições e a falta de transparência decorrentes levem a uma nova corrida armamentista nuclear.


O desenvolvimento de mísseis hipersônicos ultrarrápidos torna a corrida armamentista um risco maior. A Rússia parece pronta para renovar o acordo, o que poderia ser um procedimento simples. Mas o governo do presidente americano Donald Trump parece determinado a abandoná-lo, a menos que seu escopo seja ampliado e inclua a China.


No entanto, Pequim não está interessada em aderir ao tratado. De qualquer forma, é tarde demais para escrever um novo documento. Portanto, a menos que haja uma mudança de opinião tardia em Washington ou um novo governo após as eleições de novembro nos EUA, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas pode se tornar história.


O presidente Hassan Rouhani inspeciona tecnologia nuclear; tudo indica que o Irã está avançando com seus projetos nessa área(foto: AFP)
O presidente Hassan Rouhani inspeciona tecnologia nuclear; tudo indica que o Irã está avançando com seus projetos nessa área (foto: AFP)

2. Controle de atividades nucleares do Irã

Considerando os últimos episódios, os próximos capítulos da disputa entre Estados Unidos e Irã referente a atividades nucleares devem ser preocupantes.

Atualmente, existe um amplo embargo das Nações Unidas que impede os países de vender vários tipos de armas para Teerã, mas ele expirará em 18 de outubro.

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, já alertou que, se os EUA conseguirem cumprir o plano de renovar o embargo, "as consequências serão sérias".


Em outras frentes, Trump pressiona por mais sanções econômicas contra o Irã, em mais um sinal hostil contra Teerã desde que ele anunciou em 2018 a retirada de Washington do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), um acordo internacional de controle do programa nuclear iraniano.

O Irã, por sua vez, violou muitos dos termos do acordo, mas não necessariamente de forma irreversível.


Agora, o governo Trump parece indicar que o Irã deve se ater ao acordo que Washington abandonou ou enfrentar sanções. E não se trata apenas de um conflito entre EUA e Irã, pois a pauta também tem gerado conflitos entre Washington e países europeus.

3. Planos de Israel sobre territórios na Cisjordânia


Tropas israelenses jogam gás lacrimogêneo sobre palestinos protestando contra assentamentos; conflito pode ser acirrado se Benjamin Netanyahu seguir com suas promessas de campanha(foto: Reuters)
Tropas israelenses jogam gás lacrimogêneo sobre palestinos protestando contra assentamentos; conflito pode ser acirrado se Benjamin Netanyahu seguir com suas promessas de campanha (foto: Reuters)

A longa disputa eleitoral em Israel chegou ao fim e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu permanecerá no cargo, pelo menos por um período, graças a um acordo com um dos principais partidos da oposição para formação de governo.

Apesar da dor de cabeça com acusações de corrupção, que tramitam na Justiça, Netanyahu conseguiu se manter no poder em parte por defender uma agenda nacionalista que inclui o plano de anexar áreas da Cisjordânia ocupadas por Israel.


Este avanço pode acabar de uma vez por todas com a possibilidade do que é conhecida como "solução de dois Estados", uma tentativa de conciliação entre Israel e Palestina.


Palestinos e governos europeus já pedem cautela com a situação e, como sempre, a posição do governo Trump será crucial. Ele dará sinal verde aos planos de Israel para estes territórios ou se posicionará aconselhando Netanyahu a não seguir com isto?


Parece que as ações do presidente americano endossando a anexação das Colinas de Golã por Israel e mudando a embaixada dos EUA para Jerusalém encorajaram Netanyahu. Por outro lado, são os EUA que estão conseguindo negociar um acordo de paz entre as partes.


A posição atual dos EUA é ambígua, com sugestões de que condicionarão seu apoio à anexação de áreas da Cisjordânia a Israel concordar em negociar o reconhecimento do Estado palestino.


Alguns analistas acreditam que, depois de usar a questão da anexação para mobilizar o apoio nacionalista na campanha eleitoral, Netanyahu pode encontrar uma maneira de recuar. Uma coisa é certa: há mais um período complicado vindo à frente.

4. Brexit: o elefante ainda está na sala

Após anos de negociações para o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, não é que quase nos esquecemos dele?

Mas o tempo está passando: o período de transição até a saída termina em 31 de dezembro.


As discussões sobre os termos do relacionamento "pós-divórcio" entre as partes começaram apenas provisoriamente e não há sinais de que o primeiro-ministro Boris Johnson esteja disposto a considerar uma prorrogação ou adiamento do período de transição.


Período para transição do Brexit termina em 31 de dezembro(foto: PA Media)
Período para transição do Brexit termina em 31 de dezembro (foto: PA Media)

No entanto, a pandemia mudou todo o contexto ao redor do Brexit, em particular precipitando uma recessão econômica da qual o Reino Unido pode levar anos para se recuperar. Assim, parece haver pouco apetite em Londres para reviver o antigo debate.


E embora a resposta inicial da União Europeia à pandemia do coronavírus não tenha colocado o bloco sob uma luz particularmente favorável, ela, em certa medida, foi favorecida por respostas integradas. E o tratamento da crise no Reino Unido também não foi um grande exemplo.


A saída do Reino Unido da UE pressionará os dois lados. Talvez o contexto atual produza uma abordagem mais consensual para planejar seu futuro relacionamento.

5. Mudanças climáticas: o problema maior

A resposta global à pandemia é, de certo modo, um experimento teste da capacidade da comunidade internacional de enfrentar o maior e mais complexo para o planeta: as mudanças climáticas.


Em termos de cooperação, a resposta à covid-19 até agora mostrou um quadro muito variado. Impasses e problemas que sempre rondaram o tema ambiental provavelmente persistirão, e o cenário pós-pandemia possivelmente os complicará bastante.


E uma coisa é ter a perspectiva de uma agenda de discussões sobre as mudanças climáticas — a conferência sobre o tema na ONU, a ser realizada em Glasgow, Reino Unido, deve ficar para o ano que vem, após a data original de novembro deste ano ter sido adiada.


Mas perguntas antigas foram catalisadas pela pandemia: haverá um renovado senso de urgência e propósito da pauta ambiental, ou diante de outras prioridades o progresso nesta questão complexa pode ser adiado mais uma vez?


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