Os apelos se multiplicam para o envio de ajuda humanitária a esta faixa de terra, onde mais de dois milhões de pessoas vivem confinadas em 362 km2. Gaza é submetida a intensos bombardeios israelenses desde o ataque lançado pelo Hamas, em 7 de outubro, que deixou 1.400 mortos, a maioria civis, e no qual 230 pessoas foram feitas reféns.
Os ataques em represália deixaram 8.000 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, no poder do Hamas desde 2007.
Apesar dos apelos por uma trégua, Israel intensificou seus ataques aéreos e suas incursões terrestres a Gaza desde a sexta-feira.
"Nossos combatentes travam atualmente intensos combates com metralhadoras e armas anti-tanques contra as forças de ocupação inimigas no noroeste de Gaza", afirmaram, em um comunicado, as Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas.
O primeiro-ministro israelense, o conservador Benjamin Netanyahu, advertiu na véspera que a guerra contra o grupo islamista - que prometeu "aniquilar" - seria "longa e difícil".
Seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, informou, por sua vez, que com as incursões por terra tinha começado uma "nova fase" da guerra.
Neste domingo, o exército israelense informou ter atingido centenas de alvos do Hamas e aumentando seus efetivos terrestres no território. Também reportou disparos de foguetes a partir de Gaza para o centro e o sul de Israel.
- Saques a centros de abastecimento da ONU -
Dezenas de milhares de pessoas protestaram, neste domingo, em Marrocos, Espanha e Grécia, pedindo um cessar-fogo em Gaza.
Na república russa do Daguestão, de maioria muçulmana, dezenas de manifestantes invadiram o aeroporto de Makhachkala, após o anúncio de que um avião procedente de Israel estava chegando.
Os distúrbios levaram o controlador aéreo russo, Rosaviatsia, a suspender todos os voos com origem e destino neste terminal. À noite (tarde no Brasil), as autoridades informaram que as forças de ordem tinham retomado o controle da situação.
A situação em Gaza se torna "cada vez mais desesperadora" à medida que as horas passam, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
A Faixa de Gaza é submetida a um bloqueio israelense terrestre, marítimo e aéreo há 16 anos, ao que se soma, desde 9 de outubro, um "assédio total" do território. Seus moradores buscam desesperadamente comida, água, remédio e refúgio.
A organização Crescente Vermelho palestino informou que Israel bombardeia reiteradamente os arredores do hospital Al-Quds, no centro de Gaza.
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) informou que milhares de pessoas saquearam vários de seus centros de distribuição em busca de farinha ou artigos de higiene.
"Este é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a desmoronar", advertiu a agência.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, insistiram na necessidade de um "apoio humanitário urgente em Gaza", informou o gabinete do premiê, após uma conversa entre os dois dirigentes.
- Ajuda a conta-gotas -
Em Rafah, no sul de Gaza, Etidal al Masri fazia fila com a esperança de poder comprar um pouco de pão.
Os habitantes de Gaza "agora temos que fazer fila para conseguir pão, tomar banho e inclusive para dormir", lamentou esta deslocada do norte de Gaza.
A ONU estima que haja cerca de 1,4 milhão de pessoas deslocadas em Gaza pelos bombardeios incessantes e as ordens de Israel de evacuar o norte do território.
Dez caminhões com ajuda humanitária entraram neste domingo a partir do Egito, aumentando a 94 o total de veículos que conseguiram entrar em Gaza desde 21 de outubro, segundo o Crescente Vermelho palestino.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, pediu a Israel para "tomar todas as medidas possíveis (...) para distinguir entre o Hamas - os terroristas que são alvos militares legítimos - e os civis, que não são".
- Netanyahu reúne-se com parentes de reféns -
Netanyahu se reuniu no sábado com familiares dos reféns, cada vez mais descontentes com a "completa incerteza" sobre seu retorno, segundo Haim Rubinstein, seu porta-voz.
Quatro mulheres foram libertadas até o momento e o líder do grupo islamista em Gaza, Yahya Sinwar, disse estar disposto a uma troca "imediata" dos reféns em seu poder pelos presos palestinos em Israel.
As operações terrestres de Israel aumentam o temor de que o conflito se estenda e que outros países decidam intervir.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, cujo país apoia o Hamas, declarou que Israel tinha cruzado "as linhas vermelhas" ao intensificar sua ofensiva.
As tensões se multiplicam na fronteira entre Israel e Líbano, com novas trocas de tiros entre tropas israelenses e o grupo Hezbollah.
A violência também aumenta na Cisjordânia ocupada, onde o Ministério da Saúde reportou mais de 110 mortos palestinos desde 7 de outubro.
FAIXA DE GAZA