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Estado de Minas CONFLITO

Rússia recruta prisioneiros como soldados para guerra contra a Ucrânia

Uma série de indícios apontam que o exército russo está recrutando detentos e a eles é prometido liberdade depois do serviço


28/10/2023 19:48 - atualizado 28/10/2023 19:48
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Outdoor mostrando soldado e, ao lado, a letra Z
Z é uma insígnia usada pelas forças russas na Ucrânia e se tornou um símbolo pró-guerra (foto: Getty Images)
O Ministério da Defesa da Rússia tem recrutado detentos para lutar na Ucrânia, aparentemente substituindo o grupo de mercenários Wagner, que foi o primeiro a adotar a prática no ano passado.

 

Essas unidades do exército russo são comumente conhecidas como Storm-Z, sendo a letra Z um dos símbolos da chamada "operação militar especial" do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia. É também a primeira letra da palavra russa "zek", que significa "preso".


O nome Storm-Z não é oficial e pode ser aplicado a uma série de unidades do exército russo ativas em diferentes partes da Ucrânia. Da mesma forma que as unidades de prisioneiros do Wagner, os destacamentos Storm-Z são frequentemente tratados como uma força “dispensável” em batalha - com pouca consideração pelas vidas dos seus militares.


Há também indícios de que membros de outras unidades do exército estão sendo enviados para grupos Storm-Z como forma de punição por violações como insubordinação ou embriaguez.

O papel do grupo Wagner

No ano passado, o chefe do Wagner, Yevgeny Prigozhin foi autorizado a recrutar soldados nas prisões depois de dezenas de milhares de soldados russos terem sido mortos na Ucrânia.

 

Ele visitou pessoalmente diversas prisões e prometeu aos criminosos condenados que eles poderiam voltar para casa em liberdade e com as condenações anuladas após seis meses de serviços com o grupo Wagner na Ucrânia.

Leia: Lula condena a guerra na Ucrânia, mas poupa Putin.

 

O grupo, que empregava mercenários experientes e também condenados, provou ser uma força de combate importante em locais como a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.

 

Mas então Prigozhin escalou publicamente as suas críticas aos altos escalões da Rússia, acusando-os de incompetência e de privar deliberadamente o grupo Wagner de munições.

 

Dois meses depois de encenar um motim de curta duração, Prigozhin morreu em um acidente de avião em agosto de 2023, juntamente com outros comandantes de alto escalão de Wagner. O grupo praticamente desapareceu do campo de batalha na Ucrânia.

Militares assumem

Relatórios provenientes da Rússia sugerem que o Ministério da Defesa substituiu o grupo Wagner como recrutador de detentos para a guerra contra a Ucrânia.

 

“É o mesmo esquema da empresa militar privada [de Wagner]”, disse o RTVI, um site de notícias russo. “Os presos assinam contratos com o Ministério da Defesa e, após concluí-los, podem voltar para casa ou continuar servindo”.

Leia: Zelensky agradece a Biden o apoio vital dos EUA à Ucrânia.

Um membro do Storm-Z, ex-prisioneiro, disse ao site que os recrutadores do Ministério da Defesa prometeram pagamentos aos presos: um salário de 205 mil rublos (cerca de R$ 10 mil) por mês, um pagamento de 3 milhões de rublos (R$ 154,7 mil) por ferimento e 5 milhões de rublos (R$ 259 mil) a serem pagos aos parentes do recruta se ele for morto.

 

"Tudo parecia ótimo!", disse o soldado.

 

Mas logo depois de serem enviados para a Ucrânia, os ex-prisioneiros perceberam que foram levados para um “moedor de carne” sem armamentos adequados ou sem sequer serem informados da situação real na linha de frente, afirmou.

 

O homem - que pediu anonimato - perdeu uma perna no campo de batalha, mas sobreviveu, ao contrário de alguns de seus colegas do Storm-Z.

 

Embora os militares russos não tenham confirmado ou negado o recrutamento de detentos, há numerosos indícios de que pessoas condenadas foram enviadas para unidades conhecidas como Storm-Z.

 

Mikhail Razvozhayev, o governador da cidade ocupada de Sebastopol, na Crimeia, empossado pela Rússia, confirmou em 17 de outubro que um dos dois membros da Storm-Z recentemente mortos em combates era um ex-preso que tinha "decidido expiar o seu culpa e assinou um contrato com o Ministério da Defesa na primavera de 2023".

Leia:
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Também em outubro, o popular jornal russo Moskovsky Komsomolets entrevistou outro membro do Storm-Z, um homem condenado por homicídio. O soldado havia cumprido seis dos 19 anos de sua pena antes de ingressar no exército russo.

 

“Não importa se você é um soldado contratado, se foi mobilizado ou se é mesmo um condenado. Não, somos como uma família”, disse o soldado ao jornal. "Só espero que o Ministério da Defesa cumpra o que prometeu e garanta o perdão para mim."



'Eles são apenas carne'

O Ministério da Defesa em Moscou se referiu pela primeira vez a uma “unidades de assalto” em 25 de janeiro deste ano, publicando um vídeo de um treinamento, mas sem entrar em detalhes sobre quem eram os seus membros. É possível que a unidade mencionada seja diferente das unidades Storm-Z que incluem detentos.

 

O órgão afirmou que "o trabalho das unidades de assalto é romper as camadas mais complicadas das defesas ucranianas".

 

Na prática, isso parece significar que muitas vezes eles são prontamente mobilizados sem muita consideração pelas suas chances de sobrevivência.

 

“Os combatentes do Storm-Z são apenas carne”, disse à Reuters um soldado regular que lutou ao lado de membros do agrupamento.

Em sua investigação, a agência de notícias também disse que militares de outros destacamentos do exército podem ser enviados para a Storm-Z como punição por desobedecer ordens ou por ingerir bebidas alcóolicas.

 

O site independente russo Agentstvo citou um soldado que lutava na região ucraniana de Kherson que afirmou que militares regulares foram enviados para Storm-Z como forma de punição. O homem compartilhou com o site um vídeo de três homens mascarados que seriam membros de sua brigada. Um deles afirma no vídeo:

“Isso significa que eles estão ficando sem pessoal, e nossos comandantes tapam essas lacunas enviando pessoas para Storm-Z. Achamos que isso é ilegal e ilegítimo."

 

Uma conta do Telegram, supostamente administrada por um instrutor militar envolvido no treinamento de unidades Storm-Z, afirma que alguns de seus membros foram levados ao desespero e a tentar deserção após serem maltratados por comandantes.

 

“As pessoas podem simplesmente enlouquecer porque estão sendo tratadas como carne dispensável. E essa atitude na realidade não é incomum”, disse o autor do perfil, que se autodenomina “Filólogo da Zona Cinzenta”.

 

Ele também afirma que os militares do Storm-Z não são os únicos membros do exército russo sujeitos a maus-tratos por parte de “comandantes devoradores de homens desequilibrados”.

O Ministério da Defesa do Reino Unido afirma que é possível que as unidades Storm-Z tenham sido originalmente concebidas como “organizações de elite”.

 

Em atualização publicada em 24 de outubro, o órgão britânico afirma que os agrupamentos se tornaram efetivamente "batalhões penais", formados por condenados e tropas regulares sob acusações disciplinares".


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