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Estado de Minas MADRI

Alberto Núñez Feijóo, uma aposta frustrada da direita espanhola


29/09/2023 13:51
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Alberto Núñez Feijóo assumiu a liderança da direita espanhola com o objetivo de devolvê-la ao poder, mas viu, nesta sexta-feira (29), a maioria dos deputados espanhóis certificarem seu fracasso no Parlamento, ao rejeitarem sua candidatura para presidente do Governo.

Com o vento a seu favor nas pesquisas durante meses, o líder do Partido Popular (PP, conservadores) chegou a dar como certa sua chegada ao Palácio da Moncloa para substituir o socialista Pedro Sánchez.

Embora tenha vencido as eleições legislativas de 23 de julho, isso não foi suficiente. Mesmo com o apoio da extrema direita do Vox e de alguns pequenos partidos regionais, Feijóo não conseguiu uma maioria de votos no Parlamento que lhe permitisse ser empossado.

Justificando sua antecipada derrota, ele afirmou na terça-feira (26), no debate de investidura no Congresso, que "nem mesmo a Presidência do governo justifica os meios", acusando Sánchez de estar disposto, ao contrário dele, a ceder às demandas dos separatistas catalães para permanecer no poder. "Tenho princípios, limites e palavra", alfinetou o político de 62 anos na tribuna.

"Hoje não poderei, com toda probabilidade, dar-lhes um governo", admitiu nesta sexta para seus simpatizantes, antes de prometer que o PP chegará ao poder "cedo ou tarde".

"Chamem de fracasso, se quiserem, mas não há mais possibilidade de vitória para nenhum candidato, mesmo que ganhe a presidência, porque não há sucesso possível no engano", acrescentou.

- Ambiguidade com Vox -

Com fama de moderado desde o início de sua carreira política, Feijóo acabou pagando uma conta alta por sua estratégia ambígua em relação ao partido de extrema direita Vox, com o qual o PP governa em diferentes regiões e municípios desde as eleições locais de maio. A aproximação mobilizou a esquerda nas legislativas de julho e impediu-o de obter apoio parlamentar de partidos regionais contrários à extrema direita ultranacionalista.

O líder do PP, que chegou à liderança do partido em abril de 2022 após uma de suas piores crises internas, também cometeu uma série de erros que complicaram sua vida na reta final da campanha, quando exibiu, em diferentes momentos, uma imagem de excessiva confiança e se recusou a participar de um debate com os principais candidatos.

Durante a campanha, também voltaram a aparecer imagens que já haviam sido problemáticas para seu mandato como presidente da Galícia. Nessas fotos, de meados dos anos 1990, ele compartilha momentos de amizade com Marcial Dorado, conhecido na época como contrabandista de tabaco e depois condenado por tráfico de drogas.

De qualquer forma, em um contexto de instabilidade política na Espanha, os analistas advertem contra considerar Feijóo totalmente derrotado no futuro.

"Tudo parecia indicar que, com o resultado das eleições, Feijóo já havia perdido seu momento e que seria destituído da presidência do PP", mas "ainda tem margem", avalia Oriol Bartomeus, cientista político da Universidade Autônoma de Barcelona.

E essa segunda oportunidade poderá surgir em breve, se Pedro Sánchez também não tomar posse nas próximas semanas. Nesse cenário, novas eleições serão realizadas, provavelmente em janeiro.

- Previsível e pragmático -

Nascido em 10 de setembro de 1961, na localidade de Os Peares, Feijóo é filho de um pedreiro e de uma funcionária de uma loja de alimentos. Estudou Direito na Universidade de Santiago de Compostela, com o objetivo de se tornar juiz, mas, quando o pai perdeu o emprego, tornou-se funcionário público em 1985.

Seus primeiros passos na política foram dados em 1991, no governo regional da Galícia, junto com um futuro ministro da Saúde que o levou com ele para Madri, em 1996. Na capital, dirigiu diversas instituições públicas antes de retornar para a Galícia, em 2003, como diretor regional de Obras Públicas. Três anos depois, assumiu a presidência do PP regional.

Quando assumiu as rédeas do PP, em abril de 2022, Feijóo foi saudado como um político pragmático e previsível. Até então, era presidente da Galícia há 13 anos, sempre com maioria absoluta no Parlamento regional.

"É um moderado" que "mostra (...) o quão previsível é, ou seja, se vende para o eleitorado como um político de confiança", disse Fran Balado, jornalista galego e autor da biografia "El viaje de Feijóo", lançada em 2021.

Com um estilo que a revista feminina ''Yo Dona", do jornal "El Mundo", descreveu como "bastante austero", Feijóo é muito discreto em relação à sua vida privada. Isso não o impediu de confessar à "Yo Dona" que estava muito feliz por ter sido pai aos 55 anos, "aos 45 do segundo tempo". Às vezes pode ser visto pelas ruas de Madri com sua companheira, Eva Cárdenas, seu filho, Alberto, e sua cadela, Cata.


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