
Messina Denaro, 61 anos, recebia tratamento para câncer de cólon na penitenciária de segurança máxima desta localidade italiana, mas com o agravamento de seu estado de saúde o criminoso foi transferido para um hospital no mês passado.
O prefeito de L'Aquila, Pierluigi Biondi, confirmou a morte do mafioso no hospital "após o agravamento da doença", em declarações divulgadas pela agência de notícias ANSA, a primeira a informar o falecimento de Messina Denaro.
A morte "encerra uma história de violência e sangue", disse Biondi, que agradeceu aos funcionários da penitenciária e do hospitalar pelo "profissionalismo e humanidade".
"Foi o epílogo de uma existência vivida sem remorsos nem arrependimentos, um capítulo doloroso na história recente da nossa nação", acrescentou.
Messina Denaro foi um dos líderes mais impiedosos da Cosa Nostra, a máfia representada nos filmes "O Poderoso Chefão".
Ele foi condenado pelos tribunais por seu envolvimento no assassinato do juiz antimáfia Giovanni Falcone em 1992 e por atentados fatais em Roma, Florença e Milão em 1993.
Uma das seis penas de prisão perpétua contra Messina Denaro foi emitida pelo sequestro e assassinato do filho de 12 anos de uma testemunha no caso Falcone.
Messina Denaro desapareceu no verão de 1993 e passou 30 anos na clandestinidade, enquanto o Estado italiano combatia a máfia siciliana.
Ele permaneceu na lista de criminosos mais procurados da Itália e, com o tempo, virou uma figura criminosa lendária.
Em 16 de janeiro de 2023, o mafioso foi detido durante uma visita a uma clínica, onde era atendido com um documento de identidade falso.
O criminoso foi levado para o presídio de segurança máxima de L'Aquila, onde prosseguiu com o tratamento contra o câncer de cólon.
Em agosto, Messina Denaro foi transferido para a ala de detentos do hospital local, onde seu estado de saúde piorou nos últimos dias.
No fim de semana, a imprensa informou que ele estava em "coma irreversível". Os médicos interromperam a alimentação e ele havia solicitado para não ser reanimado.
- Escutas telefônicas-
Após a fuga de Messina Denaro, os italianos especularam intensamente sobre a possibilidade de fuga para o exterior. Mas as autoridades descobriram que ele permaneceu em sua cidade natal, Castelvetrano, oeste da Sicília.
A cerimônia de sepultamento deve acontecer no túmulo da família na localidade, ao lado de seu pai, Don Ciccio, segundo o jornal Corriere della Sera.
Don Ciccio também era chefe do clã local. Os rumores afiram que ele teria falecido vítima de um ataque cardíaco enquanto fugia e que seu corpo foi abandonado no campo, vestido para o funeral.
Os investigadores procuraram Messina Denaro durante anos no interior da Sicília, em esconderijos e interceptando escutas telefônicas de membros de sua família e amigos.
Estas pessoas conversaram sobre os problemas médicos de uma pessoa anônima que sofria de câncer e problemas oculares. Os detetives tinham certeza de que a identidade correspondia a Messina Denaro.
Os policiais utilizaram uma base de dados do sistema nacional de saúde para procurar pacientes do sexo masculino com a idade e o histórico médico adequados e, finalmente, conseguiram concluir o caso.
Embora a detenção tenha representado algum alívio para as vítimas, o chefe da máfia permaneceu em silêncio.
Em uma entrevista sob custódia, Messina Denaro chegou a negar que fosse membro da Cosa Nostra.
