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Estado de Minas WASHINGTON

Pré-candidatos republicanos dos EUA disparam contra cartéis de drogas no México


28/08/2023 10:28
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Com o desenrolar da campanha das primárias republicanas diante das eleições presidenciais de 2024, as ameaças dos pré-candidatos do partido de lançar ataques militares contra os cartéis de droga do México fizeram soar o alarme em ambos os lados da fronteira.

No debate eleitoral realizado na semana passada, o governador da Flórida, Ron DeSantis, segundo lugar nas pesquisas, afirmou que caso chegue à Presidência, enviará o Exército americano para desmantelar laboratórios de drogas mexicanos "no primeiro dia".

"Os cartéis de droga estão matando dezenas de milhares de nossos cidadãos, temos todo o direito de fazê-lo", argumentou.

Trump, que não participou da sabatina, é um dos candidatos que mais defende estes ataques. A revista Rolling Stone divulgou recentemente que o líder nas pesquisas para a indicação republicana pediu a seus assessores "aviões de batalha" militares contra o México caso alcance um segundo mandato no ano que vem.

Outros três postulantes à vaga, Vivek Ramaswamy, Nikki Haley e Tim Scott também corroboram a ideia.

Haley, ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, disse que Washington deve fazer frente aos traficantes mexicanos como faz com o grupo jihadista Estado Islâmico.

"Podemos fazê-lo implantando operações especiais lá... assim como tratamos o EI, o mesmo deveria ser feito com os cartéis", afirmou.

Especialistas em política internacional alertam que é necessário levar as ameaças a sério, pois elas apresentam um perigoso risco à delicada relação entre os dois países.

"É uma loucura", considerou à AFP Arturo Sarukhán, ex-embaixador do México nos EUA, atualmente no centro de pesquisa Brookings, em Washington.

- Aumento do fentanil -

Os ataques não são novidade. Durante seu governo (2017-2021), Trump já havia se mostrado favorável a atacar cartéis fora do território americano. Mas aparentemente sua equipe o dissuadiu e a operação nunca foi considerada uma opção real.

Recentemente, o fentanil, um opioide produzido no México que é até 50 vezes mais potente que a heroína, aumentou sua projeção nos EUA, causando uma epidemia de mortes por overdose em solo americano.

Sarukhán afirma que o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, reduziu sua cooperação com as autoridades dos Estados Unidos em questão do tráfico de drogas e a imigração ilegal.

Como resultado, os republicanos apelam a ataques com drones e noturnos, como os que o Exército americano fez contra grupos jihadistas no Iraque, na Síria e na Somália, com poucas consequências diplomáticas.

No ano passado, uma empresa aliada à Trump, The Center for Renewing America, publicou um documento político afirmando que se a Cidade do México não restringir o comércio de fentanil, o presidente deveria mobilizar diretamente os militares dos EUA: "O objetivo é esmagar as redes de cartéis com força militar total".

Os republicanos do Congresso propuseram em janeiro que o presidente tivesse poderes formais de guerra para ordenar que as tropas americanas se movimentassem contra os traficantes mexicanos.

Dois meses depois, os conservadores apresentaram uma lei para designar nove grupos de cartéis como "organizações terroristas estrangeiras", uma distinção que aumenta o poder do chefe do Executivo para utilizar o Exército contra eles.

- Blefe eleitoral -

Para Brian Finucane, do International Crisis Group, as declarações dos republicanos não deviam ser vistas como um blefe eleitoral.

"A postura acarreta riscos reais. Tais manobras no Congresso e a belicosidade na campanha aumentam a probabilidade de um futuro presidente considerar tal ataque uma opção real", escreveu Finucane em julho, acrescentando que uma ruptura radical da cooperação entre o México e Washington poderia ameaçar ainda mais a segurança dos EUA.

No início do ano, quando surgiram as conversas republicanas sobre uma possível ação militar, o presidente mexicano já havia qualificado a ideia como uma "irresponsabilidade" e "uma falta de respeito" à soberania do país latino-americano.

"Não vamos permitir a intervenção de nenhum governo estrangeiro, muito menos das forças armadas de um governo estrangeiro", disse ele.


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