O Zimbábue sofre graves problemas econômicos e muitos habitantes desse país do sul da África depositam as suas esperanças de um futuro melhor nas eleições presidenciais.
A votação, na qual estão inscritos 6,6 milhões de zimbabuenses, dividiu o país.
No geral, as cidades costumam ser redutos da oposição e as áreas rurais são controladas pelo partido governista Zanu-PF, no poder desde a independência. Mas Mbare, o subúrbio mais antigo de Harare, é visto como um campo de batalha para as eleições.
"As estradas não são boas, as escolas não são boas, nossa economia não é boa, esperamos que tudo isso mude!", disse à AFP Tendai Kativhu, um carpinteiro que veio ao mercado de Mbare com os filhos.
Poucos o dizem abertamente, mas a mudança que muitos aqui esperam é representada por Nelson Chamisa, líder da oposição, cuja figura aparece pintada em pequenos cartazes amarelos colados por toda parte.
Mas depois de uma campanha marcada por manifestações proibidas e prisões de vários opositores, em um país com um longo histórico de eleições manchadas por irregularidades, poucos acreditam na vitória do advogado e pastor de 45 anos.
A Human Rights Watch previu um "processo eleitoral muito falho" e incompatível com um voto livre ou igualitário.
A Coalizão de Cidadãos pela Mudança (CCC), de Chamisa, o "Triplo C" como é conhecido nas ruas, se queixa de ser prejudicada pelas autoridades por meio de intimidação, eventos boicotados e invisibilidade na televisão pública.
- Irregularidades eleitorais -
Foram encontradas graves irregularidades nas listas eleitorais, o que gera temores de que a eleição já esteja decidida. Apesar disso, a oposição espera capitalizar o forte descontentamento e levar a vitória.
Orador talentoso, Chamisa perdeu por pouco para Mnangagwa em 2018, uma derrota que questionou. Dois dias após as eleições, o Exército disparou contra os manifestantes e deixou seis mortos.
Durante aquela primeira eleição após o longo governo autoritário de Robert Mugabe, havia uma forte esperança de liberdade, que logo se desvaneceu.
A situação se deteriorou desde então. O Parlamento adotou leis que, segundo grupos de direitos humanos, controlam a sociedade civil e limitam qualquer crítica ao governo.
A economia não decolou, apesar da declaração de Mnangagwa de que o Zimbábue estava "aberto para negócios". Anos de má administração levaram os investidores a evitar o país.
A economia e o desemprego são as principais preocupações dos eleitores, segundo uma pesquisa recente, que também mostra que uma maioria esmagadora desaprova a gestão do atual governo.
A inflação neste país agrícola e rico em minerais, de mais de 15 milhões de habitantes, foi de 101% em julho, segundo dados oficiais. Alguns economistas consideram o valor real mais alto.
No Zimbábue, o presidente é eleito por maioria absoluta. Se nenhum candidato obtiver 50% dos votos mais um, será organizado um segundo turno.
HARARE