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Estado de Minas QUITO

Mulheres trans no Equador disputam nova batalha por seus direitos


19/05/2023 12:08
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Nebraska León é uma ativista incansável da luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ no Equador. Na década de 1990, lutou pela descriminalização da homossexualidade e hoje briga para que o Estado se desculpe e repare os abusos policiais contra essa comunidade.

Aos 67 anos, ela espera há quase cinco anos uma resposta para uma denúncia pelas agressões da força pública contra gays, lésbicas, trans e bissexuais entre 1980 e 2000.

"Quando sair essa reparação, acho que estarei no cemitério. Não tenho esperança de receber essa justiça e essa reparação que deveriam nos dar agora, agora que estamos vivas", disse León, presidente da associação Nueva Coccinelle, que em 1997 conseguiu a descriminalização da homossexualidade no Equador.

Em seu apartamento no centro histórico de Quito, o cômodo mais amplo e iluminado é uma espécie de museu, com cartazes, recortes de jornal e fotos antigas das Coccinelles em seus anos de juventude. León teme ter o mesmo destino de Jacinta, Rita, Pepita, Vanessa, Gaby e outras mulheres trans que envelheceram em condições precárias e morreram esperando uma resposta da Justiça.

Todas denunciaram estupro, extorsão, violência física e psicológica, prisões arbitrárias e outros abusos por parte da polícia, em uma ação à qual se somaram as organizações "Años dorados LGBTI" e "Sobrevivientes del 516".

- Sobreviver -

A perseguição da força pública ficou registrada em depoimentos reunidos no livro "Los fantasmas se cabrearon", de Purita Pelayom, e coletados por uma Comissão da Verdade formada em 2010 para investigar crimes de Estado. O relatório informa que, até 1997, a polícia tinha o "poder" para "reprimir" a população LGBTQIAP+.

León se recorda das represálias dos agentes, quando não pagavam a extorsão exigida: "Mandavam a gente para uma cela (...), onde tinha gente muito ruim (...) Colocavam a gente lá para sermos estupradas".

A Comissão da Verdade determinou que houve vítimas, principalmente durante o governo de direita de Léon Febres Cordero (1984-1988), mas não identificou casos específicos, afirma Luisa Villacís, que até abril deste ano tratou do caso, patrocinado pela organização de direitos humanos Inredh.

"Como não foram individualizadas neste relatório, as companheiras não poderiam ser indenizadas", explicou Villacís à AFP.

As Coccinelles esperam receber "desculpas públicas por todos esses ultrajes" e uma "reparação financeira para sobreviver, ou viver com dignidade" seus "últimos dias", diz León.

Ela vende o que pode na rua - às vezes, roupa usada, às vezes, comida.

Após 25 anos de descriminalização da homossexualidade, ela garante que "nada mudou" para a população trans.

"Não vivemos, sobrevivemos", desabafa a ativista, reconhecendo que algumas de suas companheiras já idosas se prostituem por necessidade. Outras cuidam de carros em espaços públicos em troca de algumas moedas.

"As pessoas trans continuam sofrendo como se estivéssemos nos anos 1990, quando as pessoas trans eram criminalizadas e discriminadas", acrescenta.

Mas León e suas companheiras não são do tipo que esperam de braços cruzados. Em 17 de maio, reuniram-se em frente à Promotoria em Quito para protestar, mais uma vez, por seus direitos violados.

O estudo oficial mais recente sobre a população LGBTQIAP+ no Equador data de 2012 e indica que 7 em cada 10 de seus membros foram maltratados em casa, ou em ambientes educacionais e de trabalho.


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