Toledo, de 77 anos, se apresentou às 9h15 locais (13h15 em Brasília) em um tribunal federal de San José e ficou à disposição do Serviço de Delegados dos Estados Unidos (US Marshals).
Em Lima, a procuradora do caso, Silvana Carrión, estimou que, "em dois ou três dias", o ex-presidente será enviado ao Peru em um voo comercial.
O político, que governou o Peru de 2001 a 2006, deixou sua residência em Menlo Park acompanhado de sua advogada e sua esposa, Eliane Karp.
Uma ampla comitiva de meios de comunicação o aguardava desde cedo na entrada do edifício federal Robert F. Peckham, onde ele deveria se entregar. O ex-presidente, no entanto, conseguiu despistar os jornalistas e entrou discretamente por outro lugar.
A informação de sua entrega efetiva foi confirmada à AFP pelo Serviço de Delegados dos Estados Unidos.
Espera-se que o processo de extradição seja executado em menos de uma semana, explicaram fontes do sistema judicial à AFP.
O ex-presidente permanecerá "em uma carceragem adequada" até que seja entregue às autoridades peruanas, detalhou, em uma decisão esta semana, o juiz Thomas Hixson, do distrito norte da Califórnia, que ordenou ao político que se entregasse sem mais delongas nesta sexta-feira.
Toledo é acusado em Lima no âmbito do caso Odebrecht, mas sempre negou as acusações e apresentou várias petições para impedir a extradição que o Peru tentava desde 2018 e que os Estados Unidos autorizaram em fevereiro.
Além disso, todos os recursos que ele apresentou para adiar a extradição foram negados.
Na quarta-feira, ele pediu que sua entrega fosse adiada por quatro dias alegando compromissos médicos, algo que o juiz Hixson rechaçou. Ontem, ele apresentou uma moção de emergência a um tribunal de Washington para que reconsiderasse o seu caso.
Toledo argumentou em todos os pedidos que é inocente e que sua integridade física poderia estar em risco no Peru. Entretanto, os diferentes tribunais aos quais ele recorreu não encontraram razões substanciais para impedir o processo de extradição.
"Estamos prontos para transferir o doutor Toledo ao Peru para acatar a determinação do tribunal", disse esta semana Kyle Waldinger, representante do procurador-geral dos EUA.
- Lava Jato -
O político residia nos Estados Unidos, onde estudou e trabalhou na Universidade de Stanford.
Após as acusações e o pedido de extradição de Lima, ele foi detido em 2019, na Califórnia, e, no ano seguinte, foi colocado em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
O Peru o acusa de ter recebido milhões de dólares da Odebrecht em troca de licitações para obras públicas. O Ministério Público peruano pede 20 anos e seis meses de prisão para o ex-mandatário.
A Odebrecht reconheceu o pagamento de propinas no Brasil e em outros países da América Latina no âmbito da operação Lava Jato, que levou dezenas de políticos e empresários da região à prisão.
Outros quatro ex-presidentes peruanos enfrentam processos judiciais por corrupção: Ollanta Humala (2011-2016), Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Martín Vizcarra (2018-2020) e Pedro Castillo (2021-2022).
O ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) também foi condenado por corrupção, além de crimes contra a humanidade, e Alan García (2006-2011) suicidou-se em 2019, quando a polícia estava prestes a prendê-lo por suspeita de ligação com o caso Odebrecht.
Os advogados de Toledo não responderam ao contato feito pela AFP.
SÃO JOSÉ