Marcada para as 12h45 GMT (9h45 em Brasília) da base europeia de Kourou, na Guiana Francesa, a decolagem foi atrasada pelo risco de raios, poucos minutos antes do início da contagem regressiva final.
A próxima tentativa de lançamento será em 24 horas, informou a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
A sonda pesa mais de duas toneladas e meia e leva mais quatro toneladas de combustível para os anos de manobras no espaço.
Acrônimo em inglês para Explorador das Luas Geladas de Júpiter, a Juice vai demorar oito anos para chegar ao seu destino, cuja distância da Terra oscila entre 640 e 900 milhões de quilômetros.
"É um dos objetos espaciais mais complexos já enviados ao sistema solar externo", destacou o diretor-geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Josef Aschbacher.
Construída pela Airbus, a sonda leva dez equipamentos específicos (câmera ótica, espectrômetro, radar, magnetômetro...), protegidos das temperaturas extremas - em especial do poderoso campo magnético de Júpiter - por uma cobertura de isolamento de múltiplas camadas.
A sonda também está equipada com imensos painéis solares de 85m², para conservar a potência em um ambiente onde a luz do sol é 25 vezes menor do que na Terra.
A chegada está prevista para julho de 2031. A viagem se anuncia sinuosa, já que a sonda terá que realizar complexas manobras de assistência gravitacional, que consistem em utilizar a força de atração dos outros planetas como uma catapulta.
Primeiro realizará um sobrevoo Lua-Terra, depois irá em direção a Vênus (2025), voltará à Terra (2029), antes de tomar seu impulso em direção ao maior planeta do sistema solar e às suas quatro maiores luas, descobertas por Galileu há 400 anos: a vulcânica Io e suas três companheiras de gelo Europa, Ganímedes e Calisto.
- Oceanos de água em estado líquido -
O sistema de Júpiter tem "todos os ingredientes de um mini-sistema solar", diz Carole Mundell, diretora de ciências da ESA. Sua exploração "facilitará os estudos sobre como funciona nosso sistema solar e como se formam os planetas. E vai conseguir finalmente responder a pergunta: "Estamos sozinhos no universo?", acrescentou a astrofísica.
O objetivo principal da Juice não é encontrar propriamente vida, mas sim ambientes propícios para seu surgimento. Apesar de Júpiter, planeta gasoso, ser inabitável, suas luas Europa e Ganimedes são candidatas ideais: sob suas superfícies de gelo, há oceanos com água em estado líquido e apenas em água nesse estado é possível o surgimento de vida como conhecemos.
Após três anos sobrevoando em repetidas ocasiões Europa, Calisto e Ganímedes, Juice entrará na órbita de Ganímedes em 2034. Essa lua de Júpiter é o maior satélite do sistema solar e o único que possui um campo magnético.
No ano que vem, a Nasa lançará outra missão ao sistema jupiteriano, a Europa Clipper, com destino a esse satélite e que vai chegar um ano antes da Juice, por fazer um caminho mais curto e ter um foguete impulsor mais poderoso.
Missões espaciais anteriores sugerem a presença, sob as espessas camadas de gelo, de um gigantesco oceano, "de várias dezenas de quilômetros, muito mais profundo que os oceanos terrestres", disse Josef Aschbacher.
Uma das perguntas é saber se a água em estado líquido interage com o fundo rochoso para dissolver elementos com potencial nutritivo, uma das condições para o desenvolvimento de um ecossistema.
Com um custo total de 1,6 bilhão de euros (cerca de 1,7 bilhão de dólares, 8,4 bilhões de reais), Juice (Jupiter Icy Moons Explorer) é a primeira missão europeia a explorar um planeta no sistema solar externo, que se inicia depois de Marte.
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KOUROU
Lançamento da sonda europeia Juice em direção a Júpiter é adiado para sexta-feira
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