"As Nações Unidas no Afeganistão expressam sua profunda preocupação" pelo pessoal feminino afegão "impedido de comparecer ao trabalho na província de Nangarhar", disse pelo Twitter a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama).
"Recordamos às autoridades de fato que as entidades das Nações Unidas não podem funcionar e fornecer assistência vital sem pessoal feminino", enfatizou.
Contatado pela AFP, Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo, afirmou que se informaria sobre o ocorrido.
O Afeganistão passa por uma das piores crises humanitárias do mundo. Mais da metade de seus 38 milhões de habitantes enfrentam grave insegurança alimentar e três milhões de crianças estão ameaçadas pela desnutrição.
Na sociedade afegã, profundamente conservadora e patriarcal, não é permitido a uma mulher falar com um homem que não é parente próximo. Portanto, uma mulher que precise de ajuda humanitária só pode solicitar a outra mulher.
Em 24 de dezembro de 2022, o Ministério da Economia afegão anunciou que as 1.260 ONGs que operam no país estavam proibidas de trabalhar com mulheres afegãs, devido a "graves queixas" pelo descumprimento do uso do hijab. No entanto, a ONU não foi afetada pela norma.
Após a proibição, várias organizações não governamentais anunciaram que suspenderiam suas atividades, antes de retomá-las em meados de janeiro com o apoio de suas funcionárias em alguns setores que gozavam de isenções, como Saúde e Nutrição.
Desde seu retorno ao poder em agosto de 2021, o Talibã voltou à austera interpretação do Islã, que marcou sua primeira transição ao poder (1996-2001), multiplicando as medidas contra a liberdade das mulheres.
CABUL