O incêndio, sem precedentes neste tipo de instalação, começou na segunda-feira à noite, quando 68 homens estavam detidos no local, todos maiores de idade e procedentes da América Central e da América do Sul.
"O Instituto Nacional de Migração (INM) da Secretaria de Governo lamenta o falecimento - até o momento - de 39 migrantes estrangeiros em um incêndio", afirma um comunicado.
Os 29 feridos, em estado grave, foram levados para quatro hospitais.
"Estabelecemos uma comunicação e coordenação com autoridades consulares de diferentes países para implementar as ações que permitam a identificação plena dos migrantes falecidos", acrescentou o INM.
O incêndio começou na área em que estavam alojados os estrangeiros sem documentos.
"O INM repudia veementemente os atos que levaram a esta tragédia", acrescenta.
Uma correspondente da AFP observou o momento em que as equipes de emergência retiravam os cadáveres do local e os carregavam para o estacionamento do centro migratório, antes do transporte por parte dos legistas.
A tragédia no centro de migrantes, perto da fronteira, provocou a mobilização de bombeiros, e dezenas de ambulâncias foram enviadas para o local, que foi isolado por militares e agentes da Guarda Nacional.
Vários migrantes foram transferidos para este centro migratório nos últimos dias, depois que as autoridades locais retiraram vendedores ambulantes, muitos deles estrangeiros, das ruas.
- "Não falam nada"-
Viangly, uma venezuelana, gritava desesperada do lado de fora do centro migratório, para onde seu marido, de 27 anos, foi levado depois de ser detido, apesar de, segundo a jovem, estar com documentos que autorizam sua permanência no México.
Ela sabe que o marido está entre as vítimas do incêndio, mas não tem informações sobre o estado de saúde. "Ele foi levado em uma ambulância. Eles (agentes migratórios) não falam nada. Um parente pode morrer, e eles não falam 'está morto'".
Ciudad Juárez, vizinha de El Paso, no Texas, é uma das localidades fronteiriças em que permanecem retidos vários dos migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos para pedir asilo.
Cansados da espera, centenas deles, a maioria venezuelanos, tentaram atravessar a ponte internacional em 13 de março, mas guardas americanos impediram o trajeto.
Um relatório recente da Organização Internacional para as Migrações (OIM) informa que 7.661 migrantes faleceram, ou desapareceram, na travessia para os Estados Unidos desde 2014, e 988 morreram em acidentes, ou por viajarem em condições desumanas.
O presidente americano, Joe Biden, endureceu a política migratória e obrigou os migrantes de Ucrânia, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Haiti a pedirem asilo a partir dos países de trânsito, ou por meio de consultas online.
As medidas foram anunciadas depois que o presidente democrata foi acusado pela oposição republicana de perder o controle da fronteira, com mais de 4,5 milhões de pessoas sem documentos interceptadas na região desde que ele assumiu o poder.
CIUDAD JUÁREZ