(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas BASRA

Iates de Saddam Hussein evocam sua megalomania e invasão do Iraque


14/03/2023 10:42

Na confluência dos rios Tigre e Eufrates, dois superiates simbolizam os delírios de grandeza de Saddam Hussein, o presidente do Iraque derrubado há duas décadas por uma invasão dos Estados Unidos.

Apenas 500 metros separam os barcos no rio Shatt al-Arab, formado pelas águas do Tigre e do Eufrates.

O "Al-Mansur" ("Vitorioso") está meio afundado, após ser atingido por aviões americanos em março de 2023.

Ancorado em um píer próximo, o "Basrah Breeze" - equipado com piscinas e, em algum momento, com um lançador de mísseis - está parcialmente aberto ao público que desejar conhecer esta relíquia do passado recente do país.

"Todo mundo que vem fica impressionado com o luxo do iate", diz Sajjad Kadhim, instrutor do Centro Científico da Universidade de Basra, que tem jurisdição sobre a embarcação.

Para surpresa de muitos visitantes, Saddam nunca navegou no "Basrah Breeze" de 82 metros de comprimento, mais uma extravagância do ditador iraquiano.

A suíte presidencial do iate é decorada em tons de ouro e na cor creme e tem uma cama gigante com dossel, além de poltronas luxuosas do século XVIII. Seus amplos banheiros têm torneiras douradas.

- "Desperdício"

Com capacidade para 30 passageiros e 35 tripulantes, o "Basrah Breeze" foi entregue em 1981. Tem 13 quartos, três salas e um heliponto.

Talvez o mais impressionante seja o corredor secreto que levava a um submarino, uma porta de fuga ante ameaças iminentes, conforme indicado no painel de informações do iate.

"Enquanto o povo iraquiano vivia os horrores da guerra e um embargo, Saddam tinha um barco assim", diz Kadhim, de 48 anos.

Temendo as repercussões da guerra Irã-Iraque na década de 1980, Saddam deu o navio para a Arábia Saudita antes de ser transferido para a Jordânia, contou Kadhim.

Em 2007, o iate foi ancorado em Nice, na França, onde um ano depois se tornou centro de uma disputa judicial.

As autoridades iraquianas reivindicaram a propriedade do "Basrah Breeze", que uma empresa registrada nas Ilhas Cayman tentava vender por quase US$ 35 milhões. Depois de recuperar o navio, o governo iraquiano tentou vendê-lo, sem sucesso. Finalmente, em 2009, decidiu ancorar a embarcação em Basra.

"O que eu gosto é do equipamento antigo, do fax e dos telefones antigos na cabine de comando", disse à AFP o professor universitário Abbas al-Maliki. "Isso me lembra da época em que não existia Internet".

A condição do "Basrah Breeze" é bem diferente do estado do "Al-Mansur", que está semi-submerso e com a carcaça enferrujada.

Pesando mais de 7.000 toneladas, o antigo iate presidencial foi montado na Finlândia e entregue ao Iraque em 1983, segundo o site do designer dinamarquês Knud E. Hansen. Tem capacidade para 32 passageiros e 65 tripulantes.

Antes da invasão americana há 20 anos, o "Al-Mansur" estava ancorado no Golfo, mas Saddam enviou-o pelo rio Shatt al-Arab "para protegê-lo do bombardeio de aviões americanos", relata o engenheiro marítimo Ali Mohamed.

"Foi um fracasso", acrescentou.

O ex-diretor do patrimônio de Basra Qahtan al-Obeid conta que o navio foi bombardeado por vários dias em março de 2003, "mas nunca afundou completamente".

Nas fotos de um fotógrafo da AFP em 2003, o "Al-Mansur" é visto flutuando no rio, com o convés superior manchado por um incêndio causado por bombardeios.

O navio começou a adernar em junho daquele ano e virou "quando os motores foram roubados. Isso criou aberturas, e entrou água, e ele perdeu o equilíbrio", segundo Obeid.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)