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Estado de Minas CARACAS

Quatro pontos de destaque do chavismo 'pragmático' de Maduro


03/03/2023 18:50

"Suas políticas são neoliberais", "Chávez não faria isso". O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem sido alvo de críticas de setores do chavismo que o acusam de se distanciar de seu padrinho político, o falecido presidente Hugo Chávez, para se manter no poder a qualquer preço.

"O socialismo é o caminho", diz reiteradamente Maduro, que, no entanto, flexibilizou os estritos controles econômicos instaurados por Chávez e permitiu uma dolarização de fato da economia para fazer frente a uma crise sem precedentes, sem ter à disposição a carteira recheada de petrodólares do seu antecessor.

Confira a seguir quatro destaques do chavismo "pragmático" de Maduro.

- Sair da sombra de Chávez -

Maduro nunca teve altos índices de popularidade, que hoje se situam em 22%, muito longe dos 70% de Chávez em seu melhor momento.

Desde a morte de Chávez, em 5 de março de 2013, o presidente abandonou a ideia de ser uma "imitação ruim" e começou a desenhar sua própria identidade, diz à AFP o analista político Luis Vicente León, diretor do renomado instituto de pesquisas Datanálisis. Maduro "percebeu que ao lado de Chávez perde força", acrescenta.

Embora tente interagir com o público como fazia Chávez, Maduro mudou sua oratória e, parcialmente, seu discurso.

"Cada vez mais, Chávez é mais um símbolo e menos um poder; e cada vez mais, Maduro é mais um poder e menos um símbolo", comenta o doutor em Ciência Política Daniel Varnagy.

- Flexibilização econômica -

Maduro não conta com os enormes recursos petroleiros da era Chávez.

Hoje, a produção de petróleo venezuelana está estagnada em cerca de 700.000 barris por dia, após sofrer uma queda vertiginosa que especialistas vinculam à corrupção e ao desinvestimento de uma indústria que chegou a render ao país 90% de sua receita.

O presidente defende o desenvolvimento de um modelo que não dependa do petróleo, em um momento de leve recuperação após sete anos de recessão e quatro de hiperinflação, que derreteram o poder aquisitivo da população.

Diante da crise, agravada pelas sanções dos Estados Unidos, abandonou a visão "dogmática" de Chávez: relaxou os controles de preços e o sistema cambiário, dando lugar a uma dolarização informal, que abriu o caminho a sinais de recuperação.

Também se distanciou de políticas de estatização - promovendo a venda de ações de empresas públicas - e reduziu ao mínimo um subsídio histórico à gasolina. Foram "mudanças táticas" para se manter no poder, afirma Varnagy.

"Era necessário pragmaticamente" para resistir a "toda a estratégia sancionatória", concorda León.

- 'Repressão brutal' -

Maduro se aproveitou de manifestações multitudinárias nas ruas, mas enfrenta uma onda de denúncias de violações dos direitos humanos no controle dos protestos. Por isso, enfrenta uma investigação no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade.

Desde 2014, foram registradas no país mais de 200 mortes durante protestos.

O processo no TPI inclui denúncias de torturas, mortes sob custódia do Estado e execuções extrajudiciais em operações contra a criminalidade.

"A repressão durante o governo Maduro tem sido brutal e contínua, sistemática", assegura a ONG Fórum Penal, líder na defesa dos "presos políticos". "A violação dos direitos humanos tem sido mais frequente do que com Chávez".

A Fórum Penal estima que existam na Venezuela mais de 250 "presos políticos".

- Dividir para conquistar -

Maduro também sobreviveu a rachas internos do chavismo, que se mostra um bloco unido e forte, apesar das dissidências.

E, ao mesmo tempo, tem tirado proveito de divisões da oposição, que começou a perder força em 2017, com prisões e inabilitações de líderes, e acabou por rachar em janeiro passado, quando pôs fim ao "governo interino" de Juan Guaidó, a última estratégia impulsionada para tirar o presidente do poder.

A um ano das eleições presidenciais, Maduro não tem um adversário definido e "fará o que tiver que fazer" para se manter no poder. "Essa é a estrategia", reforça León.

A oposição espera definir um candidato único nas primárias de 22 de outubro.

TPI


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