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Estado de Minas TENSÃO

A 'extraordinária' ameaça de ataque com míssil feita por Putin, segundo Boris Johnson

Ex-premier britânico afirmou, no entanto, que acredita que a declaração foi feita em tom de brincadeira


30/01/2023 09:08 - atualizado 30/01/2023 12:28


Boris Johnson em Kiev em 1º de fevereiro de 2022
Johnson disse que Putin adotou 'tom bastante descontraído' e um 'ar de distanciamento' durante a ligação (foto: Getty Images)

O ex-premiê britânico Boris Johnson contou que o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou atacá-lo com um míssil durante um telefonema "extraordinário" pouco antes da invasão da Ucrânia.

De acordo com Johnson, que ocupava o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido na época, Putin afirmou que "levaria apenas um minuto".

O comentário teria sido feito depois que o então premiê britânico alertou que a guerra seria uma "catástrofe total" durante um telefonema "muito longo" em fevereiro de 2022.

Os detalhes da conversa são revelados no documentário da BBC Putin vs the West, que analisa as interações do presidente russo com líderes mundiais.

Johnson teria alertado Putin que invadir a Ucrânia levaria a sanções ocidentais e a mais tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nas fronteiras da Rússia.

Ele também teria tentado dissuadir a ação militar russa dizendo a Putin que a Ucrânia não se juntaria à Otan "num futuro próximo".

No entanto, conforme Johnson relatou: "Ele me ameaçou em um dado momento e disse: 'Boris, não quero te machucar, mas, com um míssil, levaria apenas um minuto' ou algo assim".

"Mas acho que pelo tom bastante descontraído que ele estava adotando, o tipo de ar de distanciamento que ele parecia ter, ele estava apenas brincando com minhas tentativas de convencê-lo a negociar."

Segundo Johnson, Putin havia sido "bastante amistoso" durante o "telefonema mais extraordinário".

Nenhuma referência ao diálogo apareceu nos registros da ligação feita por Downing Street e pelo Kremlin. É impossível saber se a ameaça de Putin era genuína.

No entanto, dados os ataques russos anteriores ao Reino Unido — mais recentemente em Salisbury, em 2018 —, Johnson provavelmente não teria escolha a não ser levar a sério qualquer ameaça do líder russo, ainda que tenha sido dita em tom leve.


Boris Johnson caminhando ao lado de Volodymyr Zelensky em Kiev em 1º de fevereiro de 2022
Boris Johnson recebeu uma ligação de Putin um dia depois de se encontrar com Volodymyr Zelensky em Kiev (foto: Getty Images)

Nove dias depois, em 11 de fevereiro, o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, voou para Moscou para se encontrar com seu homólogo russo, Sergei Shoigu.

O documentário da BBC revela que Wallace saiu com garantias de que a Rússia não invadiria a Ucrânia, mas disse que ambos os lados sabiam que era mentira.

Ele descreveu isso como uma "demonstração de intimidação ou força, do tipo: vou mentir para você, você sabe que estou mentindo, e eu sei que você sabe que estou mentindo e ainda assim vou mentir para você".

"Acho que se tratava de dizer: 'Sou poderoso'", declarou Wallace.

Ele disse que a "mentira bastante assustadora, mas direta" havia confirmado sua crença de que a Rússia invadiria a Ucrânia.

Ao sair da reunião, ele conta que o general Valery Gerasimov — chefe do Estado-Maior da Rússia — disse a ele: "nunca mais seremos humilhados".

Menos de quinze dias depois, quando os tanques cruzaram a fronteira em 24 de fevereiro, Johnson recebeu um telefonema do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no meio da noite.

"Zelensky está muito, muito calmo", conta Johnson. "Mas, ele me diz, você sabe, estão atacando em todos os lugares."

O então premier britânico diz que se ofereceu para ajudar a levar Zelensky para um local seguro. "Ele não aceitou essa oferta. Ele heroicamente ficou onde estava."

O documentário "Putin Vs the West" será transmitido nesta segunda-feira (30/01) no canal BBC Two, às 21h, e estará disponível no iPlayer no Reino Unido.


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