"A Audiência absolve Neymar e os demais processados por corrupção entre particulares e fraude", anunciou a Audiência de Barcelona em um comunicado sobre a decisão publicada nesta terça-feira (13), que inocenta todos os acusados pelo fundo de investimentos brasileiro DIS.
A sentença do julgamento é uma boa notícia para Neymar poucos dias após a eliminação do Brasil para a Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar.
O horizonte judicial, no entanto, já estava muito mais livre para o jogador desde que o Ministério Público - que inicialmente pediu dois anos de prisão e multa de 10 milhões de euros (10,5 milhões de dólares) para o atleta - surpreendeu no penúltimo dia de audiências e retirou todas as acusações contra os réus.
Além de Neymar e seus pais, também foram inocentados no processo iniciado pelo DIS há sete anos dois ex-presidentes do Barça - Sandro Rosell e Josep María Bartomeu - e o ex-presidente do Santos Odilio Rodrigues Filho, assim como o próprio Barcelona, o clube brasileiro e a empresa que administra a carreira do atacante.
O fundo de investimentos brasileiro, dono de 40% dos direitos federativos de Neymar quando ele ainda era uma promessa do Santos, recorreu à justiça espanhola em 2015 e acusou o Barça, o jogador e sua família - e mais tarde também o clube paulista - de mentir para ocultar o verdadeiro valor da transferência milionária.
O DIS, que recebeu 6,8 milhões de euros na operação, também alegava não ter sido informado sobre um suposto contrato de exclusividade assinado em 2011 com o Barça, que teria prejudicado a livre concorrência pela contratação do então promissor atacante.
- Mudança do MP -
Nem o Ministério Público - que acabou contrariando a visão dos procuradores de Madri que haviam formulado a acusação, antes do envio do processo a Barcelona -, nem posteriormente os magistrados consideraram os fatos como criminosos.
"Das provas apresentadas não há indícios de que ao jogador tenha sido oferecido suborno que ele exigiu ser contratado pelo FC Barcelona. A acusação faz deduções que não passam de mera suspeita", argumentou o tribunal da Seção 6 da Audiência dee Barcelona em sua sentença.
"Não foi provada a simulação contratual e tampouco o objetivo de prejudicar o DIS", acrescenta o veredicto sobre a empresa, que reclamava o pagamento do dinheiro que alegava ter perdido.
A mudança de visão do Ministério Público não determinava a decisão final, mas representou um duro golpe para a acusação, desde então apenas nas mãos do fundo DIS, porque o ordenamento jurídico espanhol permite à suposta vítima de um crime aparecer como o acusador em um processo.
O julgamento provocou o retorno em outubro do jogador brasileiro a Barcelona, cidade que deixou ao trocar o Barça pelo Paris Saint-Germain em 2017.
Em seu breve depoimento no tribunal, Neymar, muito tranquilo, declarou que apenas assinava os documentos apresentados pelo pai e que sua vontade sempre foi clara: cumprir o sonho de jogar pelo Barça, descartando ofertas como a do Real Madrid.
- Longa saga judicial -
A transação acabou virando uma saga legal de quase uma década.
O Barça anunciou inicialmente que a contratação de Neymar custou 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), a justiça espanhola calculou que o valor foi de pelo menos EUR 83 milhões.
A polêmica operação rendeu uma multa de 5,5 milhões de euros ao Barça por irregularidades fiscais, além de vários processos entre o clube e Neymar após a transferência do jogador para o PSG.
Finalmente, o clube e o camisa 10 da seleção brasileira chegaram a um acordo amistoso no ano passado para encerrar todos os processos pendentes.
BARCELONA