O grupo extremista Estado Islâmico (EI), que instaurou um regime de terror na Síria e no Iraque antes de ser derrotado, anunciou nesta quarta-feira (30) a morte de seu líder, o iraquiano Abu Hassan al-Hashimi al-Qurashi, e a nomeação de um sucessor.
O porta-voz do EI, Abu Omar al-Muhajir, afirmou em uma mensagem de áudio que o líder foi assassinado ao combater "os inimigos de Deus", mas não deu mais informações sobre as circunstâncias, nem sobre a data de sua morte.
Um novo "califa dos muçulmanos", Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi, foi nomeado, acrescentou o porta-voz. Trata-se do quarto líder da organização.
De acordo com o comando militar dos Estados Unidos no Oriente Médio (Centcom), Abu Hassan al-Hashimi al-Qurashi morreu em meados de outubro na província de Daraa, no sul da Síria, nas mãos de rebeldes do Exército Livre da Síria.
Sua morte é "um novo golpe para o Estado Islâmico", declarou o Centcom.
"Nos alegramos com o anúncio de que outro líder do EI não caminha mais sobre a Terra", disse John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, não quis fazer comentários sobre o possível envolvimento dos Estados Unidos na operação que pôs fim à vida do líder do EI.
"Essa morte representa mais um golpe para a organização terrorista. Mas não devemos minimizar a ameaça persistente que representa no Iraque e na Síria, assim como em inúmeras outras regiões do mundo", reagiu o Ministério de Relações Exteriores da França.
Assim como seus antecessores, o novo dirigente inclui em seu nome o termo "al-Qurashi", uma referência à tribo do profeta Maomé e que indica que o novo líder é considerado um de seus descendentes.
Segundo o porta-voz, o novo "califa" está entre os "antigos mujahedines" (combatentes islâmicos) do grupo.
O Estado Islâmico conquistou amplos territórios da Síria e do Iraque em 2014, mas seu autoproclamado "califado" caiu depois de ofensivas em 2017 e 2019.
Mesmo tendo perdido seus bastiões na Síria e no Iraque, o grupo continua reivindicando ataques nesses dois países, por meio de células adormecidas.
A organização jihadista também ampliou sua influência em outras regiões do mundo, como no Sahel, na Nigéria, no Iêmen e no Afeganistão.
Milhares de prisioneiros
Depois da derrota do EI no Iraque e na Síria, milhares de supostos jihadistas foram detidos.
O grupo instaurou um regime de terror nas regiões que controlava e impôs uma versão bastante rígida da lei islâmica, a "sharia".
Durante sua existência, o autoproclamado califado cometeu inúmeros abusos, alguns deles diante das câmeras. Também perseguiu minorias étnicas e religiosas, como os yazidis no Iraque.
Segundo Hassan Hassan, que escreveu um livro sobre o grupo, um cenário possível, mas "sem precedentes", seria Hashimi ter morrido de forma "acidental" durante um ataque ou um enfrentamento.
O primeiro líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi al-Qurashi, foi assassinado durante um ataque americano na Síria em 2019.
Seu sucessor, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi foi morto em fevereiro em uma operação das forças especiais dos Estados Unidos no noroeste do país.
Os Estados Unidos lideram uma coalizão militar que luta contra o EI na Síria e continua tendo seus líderes como alvo.
Em outubro, as forças americanas mataram um integrante "sênior" do grupo em uma operação no nordeste da Síria, informou na ocasião o Comando Central dos Estados Unidos (Centcom).
E, em julho, o Pentágono afirmou que tinha assassinado o líder do EI na Síria em um ataque com drones no norte do país. Segundo o Centcom, ele era considerado "um dos cinco" líderes supremos do grupo.