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Estado de Minas CARACAS

Cotação do dólar dispara na Venezuela


26/08/2022 20:26

O dólar voltou a disparar na Venezuela. Nos últimos cinco dias, o bolívar perdeu um quinto do seu valor em relação à moeda americana, um aumento que acionou alarmes no país inflacionário.

A taxa oficial saltou de 6,18 bolívares por dólar na última segunda-feira para 7,85 bolívares hoje, com a moeda nacional se desvalorizando 21,07%.

O preço no mercado paralelo - referência em meio ao controle cambial em vigor desde 2003, ultrapassou ontem a barreira de 9 bolívares por dólar, recuando nas últimas horas, após uma "intervenção cambial", como o Banco Central chama as injeções de divisas no mercado feitas pelo Estado para conter as taxas.

A aposentada Solaida Romero, 72, sentiu o golpe no bolso. "Está tudo muito caro. É para chorar", lamentou.

Com injeções constantes de divisas nos bancos, o governo do presidente Nicolás Maduro havia mantido uma certa estabilidade nas taxas nos últimos meses, depois que o bolívar se desvalorizou 76% em 2021 e mais de 95% a cada ano entre 2018 e 2020.

Embora a Venezuela ainda sofra com uma das inflações mais altas do mundo, o crescimento dos preços havia desacelerado, em uma economia onde o dólar começou a circular livremente em 2019, depois de 15 anos.

A inflação venezuelana no primeiro semestre foi de 48,4%, segundo o Banco Central do país (BCV). Foram 130.000% em 2018, 9.585% em 2019, 3.000% em 2020 e 686% em 2021. A alta do dólar gera nervosismo, com os venezuelanos buscando um porto seguro para seu dinheiro, o que aumenta a demanda de divisas.

"É uma profecia auto-realizável", comentou José Manuel Puente, professor do Instituto de Estudos Superiores de Administração (Iesa): "Compro dólares porque o bolívar irá se desvalorizar, e ele se desvaloriza porque compro dólares."

- Mais bolívares, menos dólares -

Especialistas divergem. O Estado honrou na semana passada compromissos trabalhistas vencidos, após protestos em massa de funcionários públicos, mas o fez por meio da emissão de bolívares e, por sua vez, reduziu sua oferta de dólares no mercado cambial. O sistema de alocação de divisas aos bancos também mudou, com leilões substituindo as cotas diretas para a venda.

"Houve uma expansão da base monetária, que coincidiu com uma mudança de política", apontou Henkel García, diretor da Albusdata. Essa base, que compreende a massa de bolívares em circulação e nas reservas do Banco Central, cresceu 36,2% na semana passada.

- Supervalorização -

Especialistas como José Manuel Puente consideram que, com taxas "artificialmente amarradas", existe uma supervalorização do bolívar, que, mais cedo ou mais tarde, iria se traduzir em uma taxa de câmbio insustentável.

A situação levou a um forte aumento dos preços em dólar, de 40% em 2021 e 34% no primeiro semestre de 2022, estimou a consultoria Ecoanalítica.

Sem divulgar valores, o BCV admitiu que fez 40 "intervenções" neste ano. Isso foi possível, segundo Puente, devido a um "tiro de canhão de petrodólares" decorrente do aumento dos preços do petróleo bruto devido à guerra na Ucrânia, apesar da crise na indústria petrolífera venezuelana, cuja produção é de 700.000 barris diários, cinco vezes menor do que há 15 anos.

HENKEL AG & CO KGAA


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