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Estado de Minas MIKOLAIV

Teatro da cidade ucraniana de Mykolaiv renasce em abrigo subterrâneo


26/08/2022 08:17

No teatro de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, percebe-se o nervosismo dos dias de estreia. Pela primeira vez desde o início da guerra, uma peça será apresentada, mas desta vez em um abrigo subterrâneo devido aos bombardeios diários.

O diretor artístico Artiom Svytsun, 41 anos, recebeu os espectadores na quinta-feira e os fez visitar as instalações.

Graças aos fundos de ajuda europeus, sua equipe teve dois meses para transformar um abrigo, quatro metros abaixo do solo, em uma pequena sala para 35 pessoas. Um afresco que lembra o antigo teatro cobre as paredes brancas e irregulares do porão.

"Precisamos deste lugar para lutar na frente cultural", explica ele no palco, onde cabem apenas um punhado de atores e um cenário pequeno.

Este porto estratégico no sul da Ucrânia, onde 500.000 pessoas viviam antes da invasão russa em 24 de fevereiro, foi bombardeado quase diariamente por seis meses.

A 300 metros do elegante edifício neoclássico onde fica o teatro, é possível ver o que resta da estrutura de concreto da administração regional, destruída em 29 de março por um míssil que matou 37 pessoas.

Segundo a Prefeitura, Mykolaiv teve apenas 25 dias de calma desde 24 de fevereiro.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que, junto com Kharkiv e as cidades do Donbass, no leste do país, esta é a "cidade mais bombardeada da Ucrânia".

A destruição não afeta apenas alvos militares, mas também universidades e organizações culturais. O antigo Teatro de Drama Russo Mykolaiv - seu nome oficial até a guerra - agora é chamado de Teatro de Drama Mykolaiv.

No camarim minúsculo, a atriz Kateryna Chernolishenko, 43 anos, recebe os retoques finais da maquiagem.

"Estou muito feliz por voltar ao nosso palco, à nossa casa, e acho muito importante que a arte possa ser um suporte para as pessoas", conta a intérprete que, assim como os outros colegas, se voluntariou para esta estreia.

Sua colega Marina Vassyleva, prestes a colocar um vestido de noiva, acrescenta: "Os atores, nessas circunstâncias, são os médicos da alma humana. Eu vejo minha missão e o significado da minha vida agora. Precisam de mim aqui, em Mykolaiv".

Desde o início da guerra, três atores se juntaram ao exército e 20% da companhia de teatro foi para outro lugar na Ucrânia ou no exterior, uma proporção pequena nesta cidade que perdeu mais da metade de sua população, segundo dados das autoridades locais.

"Espero voltar todo fim de semana. O teatro traz emoção às pessoas nestes tempos de guerra e isso facilita a nossa vida", conta empolgada Olga Kruchok, espectadora de 55 anos.


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