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Estado de Minas MOSCOU

Os Dugin, profetas ultranacionalistas e midiáticos


22/08/2022 15:44

O filósofo ultranacionalista Alexander Dugin e sua filha Daria Dugina, assassinada em um atentado no sábado (20), compartilhavam a mesma ideologia e gozavam de importante exposição midiática na Rússia, embora sua influência no Kremlin seja alvo de debate.

Alexander Dugin, de 60 anos, ficou conhecido na Rússia nos anos 1990, no caos intelectual que se seguiu ao colapso do sistema comunista. Durante um tempo, esteve alinhado com o escritor Eduard Limonov, que defendia a existência de um partido de oposição "nacional-bolchevique".

Teórico do neoeurasianismo, corrente de pensamento antiliberal que defende uma aliança entre Europa e Ásia liderada pela Rússia, Dugin é uma figura habitual de programas televisivos, reconhecível por sua longa barba que lhe confere um ar de profeta.

Embora muitos questionem esta afirmação, Dugin se gabou de ser uma espécie de guru ideológico do presidente russo, Vladimir Putin, que transmitiu suas condolências pessoais ao filósofo após a morte de Daria Dugina, de 29 anos, denunciada por Moscou como uma ação do serviço secreto ucraniano.

"Como jornalista, cientista, filósofa e correspondente de guerra, serviu ao povo e à pátria com sinceridade, ilustrando com seus atos o que significa ser uma patriota russa", afirmou Putin.

- Relacionada com a extrema direita ocidental -

No contexto nebuloso do sistema de poder russo, há observadores que colocam em dúvida os vínculos reais de Dugin com o Kremlin.

Putin jamais apareceu em público com o filósofo e, inclusive, criticou os ultranacionalistas no passado, considerados um perigo em uma Rússia multiétnica.

Real ou simulada, a proximidade - embora apenas ideológica - de Dugin com o presidente russo lhe rendeu represálias bem reais: desde 2014, após a anexação russa da Crimeia, o ultranacionalista se tornou alvo de sanções da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos.

Além disso, nos últimos anos, algumas de suas ideias radicais parecem ter realmente entrado no Kremlin, que lançou contra a Ucrânia uma ofensiva militar denunciada como uma tentativa de reconstrução do antigo império russo.

Seguindo os passos de seu pai, Daria, nascida em 1992, tinha começado a construir uma reputação nos meios de comunicação públicos da Rússia nos últimos anos.

Apelidada de Daria Platonova por seus estudos em filosofia, trabalhou com a mídia pró-Kremlin, como as emissoras Russia Today (RT) e Tsargrad.

Assim como seu pai, depois de estudar em Bordeaux, no sudoeste da França, Daria começou a se relacionar com personalidades da extrema direita na Europa Ocidental. Entre elas, nomes ligados à política francesa, Marine Le Pen.

Daria Dugina também viajou aos territórios separatistas do leste da Ucrânia como correspondente em meio à ofensiva das tropas russas, que os Dugin defendiam com entusiasmo. E também acabou sancionada por Estados Unidos e Reino Unido.

No sábado, pai e filha retornavam juntos, mas em carros distintos, de um festival cultural conservador na região de Moscou, quando o veículo em que estava Dugina explodiu.

Em sua última entrevista, gravada pouco antes de sua morte, criticou o que chamou de "racismo" dos direitos humanos e a homossexualidade, assegurando que, com o ataque na Ucrânia, a Rússia acabaria com o "perigoso totalitarismo ocidental".


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