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Estado de Minas PARIS

Repressão aumenta no Irã após um ano de governo de Raisi


02/08/2022 08:19

De um número sem precedentes de execuções em muitos anos a prisões em larga escala de críticos da República Islâmica, incluindo cineastas renomados: o primeiro ano de Ebrahim Raisi na presidência foi marcado por um aumento da repressão, segundo ativistas iranianos dos direitos humanos.

O ex-diretor ultraconservador da Autoridade Judiciária confirma os temores provocados pela sua chegada ao poder em agosto de 2021, depois de suceder o mais moderado Hassan Rohani.

Raisi e o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, enfrentam uma profunda crise econômica, devido às sanções ocidentais contra o programa nuclear iraniano e uma série de catástrofes, como o desabamento de um prédio em Abadan (sudoeste) em maio, que causou dezenas de mortes e desencadeou uma série de protestos.

"A repressão atual está profundamente relacionada à multiplicação das manifestações", disse à AFP Ali Fathollah-Nejad, especialista em Irã da Universidade Americana de Beirute (AUB).

O governo aprendeu a reagir após a mobilização nacional de dezembro de 2017 e novembro de 2019 e, embora os protestos tenham origem socioeconômica, "rapidamente se tornam políticos e visam o sistema como um todo", diz. "As manifestações nas ruas continuam representando uma ameaça à estabilidade do governo", insiste o especialista.

- Ritmo "frenético" de execuções -

O aumento do número de execuções no Irã, descrito pela Anistia Internacional (AI) como "frenético", é espetacular: dobraram no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2021, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, que registrou 316 execuções por enforcamento em 2022.

Em julho, o governo realizou sua primeira execução pública em mais de dois anos. Entre os executados este ano estão 10 mulheres, segundo o IHR, três delas no mesmo dia, 27 de julho, todas por matarem seus maridos.

O Irã também retomou a prática de amputar dedos para os condenados por roubo, uma punição infligida a pelo menos dois deles desde maio, usando uma guilhotina instalada na prisão de Evin, em Teerã, segundo a AI.

"As autoridades usam a série de execuções para instaurar o medo na sociedade como forma de dissuadir as manifestações antigovernamentais", diz o diretor do IHR, Mahmood Amiry Moghaddam.

Apesar disso, os protestos contra a pena capital no Irã - o segundo país em número de execuções, depois da China - se multiplicam nas redes sociais com o rótulo "edam nakon" ("não execute").

Uma das vozes desse movimento, o cineasta Mohammad Rasoulof, vencedor do Urso de Ouro 2020 na Berlinale por "A Vida dos Outros", foi preso em julho por uma carta aberta divulgada alguns meses antes em que pedia às forças de segurança para "baixar as armas" diante da indignação contra "corrupção, roubo, incompetência e repressão".

- "Manobras para dissuadir" -

O cineasta Jafar Panahi, uma estrela do cinema iraniano no exterior, que tentou descobrir dois dias depois qual era a situação de seu colega, foi preso e enviado para a penitenciária de Evin para cumprir uma sentença de seis anos pronunciada em 2010.

Segundo Tara Sepehri Far, pesquisadora sobre o Irã da ONG Human Rights Watch (HRW), as detençõesrecentes são "manobras cínicas para dissuadir a expressão de indignação da população diante das inúmeras falhas do governo".

Dezenas de cidadãos de países ocidentais, muitos deles também com passaporte iraniano, embora Teerã não reconheça a dupla nacionalidade, ainda estão detidos ou bloqueados no país, segundo o Centro de Direitos Humanos no Irã (CHRI), com sede em Nova York.

As ONGs acusam o Irã de tomá-los como reféns para obter concessões das potências estrangeiras.


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