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Estado de Minas LONDRES

Liz Truss e a arte de ser a herdeira de Boris Johnson sem parecer


01/08/2022 09:49

A ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, pode se tornar a terceira mulher à frente do governo britânico, mas para ser eleita pelos conservadores deve conseguir o difícil equilíbrio entre renovação e continuidade.

Os apoiadores do atual primeiro-ministro Boris Johnson veem seu adversário Rishi Sunak como um traidor. Assim, Truss, de 47 anos, tenta destacar os sucessos do atual governo: Brexit e uma inédita maioria parlamentar desde os anos 1980.

Truss chegou a afirmar que lamentava a saída de Johnson, o que abre as portas de Downing Street, ocupada apenas duas vezes por mulheres até agora: Margaret Thatcher (maio de 1979 - novembro de 1990) e Theresa May (julho de 2016 - julho de 2019).

Assim como Thatcher, apelidada de "dama de ferro" por sua mão dura quando governou o país de 1979 a 1990, Truss é uma defensora do livre comércio e entrou na campanha para suceder Johnson encarnando a ala mais à direita do Partido Conservador.

Ela é titular da pasta das Relações Exteriores há quase um ano e chegou a imitar Thatcher, posando com um gorro de pele russo na Praça Vermelha em fevereiro, durante uma viagem a Moscou para tentar dissuadir o presidente Vladimir Putin de invadir a Ucrânia.

Mas a viagem, além das piadas geradas por estas fotos, terminou em um fiasco diplomático.

Em particular, Truss caiu na armadilha de seu colega russo, Sergei Lavrov, ao dizer que ela "nunca" reconheceria a soberania de Moscou sobre duas cidades russas próximas da Ucrânia, Rostov e Voronezh, cujo pertencimento à Rússia ninguém discute.

Ao lado de Johnson, Truss incorporou o forte apoio do Reino Unido para a Ucrânia, com sanções econômicas em uma escala sem precedentes.

Também se destacou por sua postura, primeiro conciliadora e depois intransigente, com a União Europeia nas delicadas negociações sobre os acordos pós-Brexit para a Irlanda do Norte.

- Acordos comerciais -

Sua indicação ao ministério de Relações Exteriores foi tanto um incentivo como um meio, por parte de Johnson, de tentar controlar as ambições de uma figura ascendente.

Mostrando-se leal até o fim, agora ela terá que conseguir um delicado equilíbrio para aproveitar o trabalho realizado nos últimos meses sem que seja vista como uma herdeira direta do polêmico líder conservador.

Quando chegou ao poder em julho de 2019, Johnson confiou a Elizabeth ('Liz') Truss a pasta de Comércio Exterior.

Nesse cargo, que permitiu que se familiarizasse com os canais diplomáticos, Truss se tornou o rosto das negociações comerciais de Londres após o Brexit.

Foi uma mudança de rumo total para uma mulher que havia defendido a permanência britânica na União Europeia durante o referendo de 2016, antes de passar a afirmar que via oportunidades econômicas no Brexit.

Ela trabalhou para forjar novas alianças de livre comércio e concluiu acordos com Japão, Austrália e Noruega.

- Da esquerda para a direita -

Nascida em 26 de julho de 1975, casada e com duas filhas, Truss se apresenta como a encarnação do conservadorismo britânico por excelência, com cortes fiscais e redução do papel do Estado.

Após uma década no setor privado, sobretudo como diretora comercial, ela foi vereadora no sudeste de Londres e depois se tornou deputada em 2010, pela circunscrição de South West Norfolk, no leste da Inglaterra.

Em 2012, ela entrou no governo e ocupou uma série de ministérios, primeiro como secretária de Estado de Educação e depois como ministra do Meio Ambiente de 2014 a 2016.

Também foi a primeira mulher titular do ministério da da Justiça e, posteriormente, secretária-chefe de Tesouro.

No entanto, sua presença nas fileiras conservadoras estava longe de ser óbvia.

Truss cresceu em um entorno bastante ligado à esquerda. Na Universidade de Oxford, onde se formou em Política e Economia, presidiu um grupo liberal-democrata.

Como ela mesma admitiu, escandalizou seus pais, um professor de matemática e uma defensora do desarmamento nuclear que costumava acompanhar nas manifestações quando criança, ao acabar adotando posturas muito à direita.

Os conservadores, entre os quais ela rapidamente se converteu em uma estrela emergente, tinham ideias que se encaixavam melhor com as suas.

"Minha filosofia pessoal", disse uma vez ao jornal The Guardian, "é dar às pessoas a oportunidade de tomar suas próprias decisões".

Desde o início da campanha, algumas pessoas gostam de recordar um apelido que ela tinha quando estava no ministério da Educação: a "granada humana".

"Um elogio retirado de contexto", explicou Truss recentemente ao tabloide The Sun: "Significa que eu faço as coisas".


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