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Estado de Minas LONDRES

Os motivos da revolta conservadora contra Boris Johnson


06/07/2022 10:29

Dois anos e meio após sua esmagadora vitória eleitoral, Boris Johnson sofre uma sangria de apoios em suas próprias fileiras conservadoras. O primeiro-ministro britânico, cada vez mais ameaçado em seu cargo, vê o acúmulo de escândalos e do descontentamento social.

- "Partygate" -

Enquanto os britânicos eram obrigados a ficar em casa, sem ver familiares nem amigos devido à covid-19, em Downing Street, onde Johnson vive e trabalha, eram organizados diversos eventos, de festas de Natal, despedidas e aniversário até celebrações no jardim para desfrutar do tempo bom, em um escândalo batizado como "partygate".

A polícia britânica investigou e impôs 126 multas, entre elas uma ao primeiro-ministro, primeiro chefe de Governo em exercício sancionado por infringir a lei.

A servidora Sue Gray também elaborou um relatório muito crítico aos "funcionários de alto escalão" responsáveis pelas reuniões com excessos de álcool, brigas, saídas pelas portas dos fundos às altas horas da madrugada e, às vezes, pela falta de respeito com os funcionários de segurança e limpeza.

Johnson disse assumir "toda a responsabilidade", mas se negou a renunciar e sua legitimidade foi afetada.

- Conflito de interesse -

As lucrativas atividades de lobby de alguns deputados conservadores provocaram indignação.

O deputado Owen Paterson foi acusado de fazer lobby junto ao governo em nome de duas empresas que o pagaram. Johnson tentou mudar as regras para evitar que ele fosse suspenso do Parlamento e recebeu uma avalanche de críticas que o forçaram a recuar.

Isso, entre outros casos de clientelismo e benefícios seletivos, alimentou acusações de corrupção por parte da oposição.

- Luxuosas obras em seu apartamento -

O primeiro-ministro afirmou que pagou de seu bolso a luxuosa reforma do apartamento oficial em que mora com sua família em Downing Street.

No entanto, recebeu uma doação, que posteriormente teve que devolver, de um rico simpatizante do Partido Conservador, que foi multado pela comissão eleitoral por não declará-la.

- Gestão da pandemia -

No início da pandemia, Johnson foi duramente criticado por sua gestão equivocada, acusado de não agir rápido o suficiente e não proteger os profissionais da saúde e os pacientes de lares de idosos.

Grande parte de seus próprios deputados conservadores se rebelou, votando contra a introdução de um passaporte sanitário para acessar grandes eventos, que acabou sendo aprovado graças aos votos da oposição trabalhista.

No entanto, Johnson conseguiu contornar as críticas sobre sua gestão da covid-19 apoiando-se em uma campanha de vacinação bem-sucedida.

- Crise pelo custo de vida -

A inflação descontrolada, que atingiu um recorde de 40 anos no Reino Unido, chegando a 9% anual em maio, afetou a popularidade do governo, acusado de não fazer o suficiente para ajudar as famílias que lutam para sobreviver no fim do mês.

A disparada do preço dos alimentos e da energia, acentuada desde o início da invasão russa da Ucrânia, deve piorar em outubro, quando está prevista uma brusca alta do preço máximo da energia no Reino Unido.

Nadhim Zahawi, que herdou o ministério das Finanças após a renúncia de Rishi Sunak na terça-feira (5), terá a difícil tarefa de lidar com esta crise do custo de vida.

- O escândalo Pincher -

Johnson admitiu que cometeu um "erro" ao nomear em fevereiro Chris Pincher como vice-líder do grupo parlamentar conservador, encarregado da disciplina de seus deputados.

Pincher renunciou na semana passada após ser acusado de abusar sexualmente de dois homens.

Alegando o contrário, Downing Street reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado de alegações anteriores contra Pincher em 2019, dizendo que se "esqueceu" delas.

Este último escândalo foi a gota d'água para Sunak e o ministro da Saúde Sajid Javid, que na terça retiraram seu apoio a Johnson ao renunciarem ao governo, provocando a renúncia de uma dúzia de membros menores do Executivo.


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