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Estado de Minas LONDRES

Seguros são usados como arma da UE para bloquear o petróleo russo


29/06/2022 08:51

Menos espetacular do que o embargo progressivo ao petróleo, a proibição da União Europeia (UE) às companhias de seguros europeias de cobrirem o transporte de hidrocarbonetos russos pode penalizar ainda mais Moscou.

A medida, que está incluída na sexta série de sanções anunciada no início de junho pela UE, tem "consequências mais importantes para o mercado de petróleo do que o embargo", afirma Carsten Fritsch, analista do Commerzbank.

As seguradoras europeias têm até o final do ano para aplicá-la aos contratos atuais e os profissionais britânicos devem aderir à medida, o que "provavelmente terá um impacto (de aumento) nos preços", diz Marcus Baker, diretor internacional de seguros de transporte de mercadorias para a Marsh.

E os líderes do G7, que se reuniram na segunda e terça-feira na Alemanha, também estudam como criar um sistema para limitar o preço do petróleo russo. O setor privado, tanto de seguros quanto de transporte, deve ser incluído.

A UE já recorreu à proibição de segurar o transporte de petróleo em 2012. Naquela época foi contra o petróleo iraniano, no âmbito das sanções contra o programa nuclear de Teerã.

- "Somas colossais" -

Os navios comerciais precisam de apólice para o casco e estrutura do navio, seguro de frete e seguro de proteção e indenização (P&I;), que inclui cobertura ilimitada de danos a terceiros.

Este seguro marítimo especial, que cobre desde riscos de guerra a problemas ambientais, é realizado por associações profissionais, denominadas "Clubes P&I;", que dividem os riscos.

São necessárias "somas colossais", explica Mathieu Berrurier, CEO do grupo Eyssautier Verlingue, contactado pela AFP.

As seguradoras de um clube P&I; são praticamente as únicas que podem oferecer garantias para grandes riscos, como "grandes vazamentos de petróleo" ou "colisão com um transatlântico", de acordo com Berrurier. Esses danos podem chegar a bilhões de dólares.

Entre 90 e 95% do mercado de seguros P&I; está em mãos de empresas da UE e do Reino Unido, de acordo com estimativas de profissionais do setor.

"O mercado está tão intimamente ligado à Europa que será quase impossível" evitar as sanções, afirma à AFP o diretor de uma empresa de transporte de petróleo, falando sob condição de anonimato. "Não existe um mercado de seguros alternativo suficientemente maduro e sério".

Dmitri Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, avançou no início de junho a possibilidade de "garantias públicas no âmbito de acordos intergovernamentais" com Estados terceiros. A Rússia poderia assim se auto-segurar e evitar as sanções da UE, segundo ele.

"É verdade, mas até certo ponto", diz Livia Gallarati, analista da Energy Aspects. "O valor dos possíveis danos é tão grande que nenhuma empresa está disposta a assumi-lo sozinha."

"Nenhuma empresa russa tem superfície financeira suficiente para enfrentar" riscos desse tipo, concorda Mathieu Berrurier.

Sobre a possibilidade de a Rússia transportar seu petróleo, Gallarati confirma que o país tem capacidade de embarque própria, mas muito baixa.

Índia, China ou Japão parecem alternativas possíveis. O Japão já ofereceu garantias aos navios iranianos.

"As circunstâncias políticas não são mais as mesmas", segundo Gallarati, mas a Índia "pode ser tentada".

Suas relações com o governo americano não são das melhores, demorou a condenar a invasão russa da Ucrânia e aumentou suas importações de petróleo russo, apesar das críticas.

A Índia também fornece certificação para mais de 80 embarcações pertencentes a uma subsidiária com sede em Dubai da empresa de navegação nacional russa Sovcomflot, segundo Carsten Fritsch.

Mas o risco para a reputação é grande demais para as resseguradoras ocidentais se elas se unirem às seguradoras asiáticas para cobrir o transporte de petróleo russo, adverte Marcus Baker.

COMMERZBANK

MARSH & MCLENNAN COMPANIES INC.


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