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Estado de Minas GUERRA NO LESTE EUROPEU

Rússia ataca shopping; Otan anuncia reforço

Míssil russo atinge centro comercial lotado de Kremenchuk, na Ucrânia, e deixa pelo menos 13 mortos e 50 feridos


28/06/2022 04:00

bombardeio em centro comercial lotado de Kremenchuk, na Ucrânia
Com bombardeio, centro comercial que teria mil pessoas no momento do ataque pegou fogo (foto: Ministério da Emergência da Ucrânia/AFP)

Às 15h42 de ontem (9h42 em Brasília), o alarme antiaéreo soou em Kremenchuk (centro), a 330km de Kiev. Oito minutos depois, Larysa Horyslavets – deputada do conselho municipal – sentiu uma pancada forte. “As paredes do escritório tremeram, como em um terremoto. Ficamos com muito medo e percebemos que os russos tinham bombardeado o centro da cidade", contou ao Estado de Minas. A 2km dali, o shopping center Amstor havia acabado de ser atingido por um míssil. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que mil pessoas estariam no prédio e denunciou um dos “atos terroristas mais ousados da história europeia”. “Era uma cidade pacífica, um shopping center comum, mulheres, crianças e civis dentro. Cerca de mil pessoas estavam lá antes de as sirenes antiaéreas tocarem. Apenas terroristas totalmente imprudentes, que não têm lugar na Terra, podem lançar mísseis contra tal alvo”, desabafou.

Reunidos em Elmau, no Sul de Alemanha, a 2.113km de Kremenchuk, os líderes do G7, os sete países mais ricos, advertiram que o “ataque abominável” contra o shopping constitui “crime de guerra”. Em videoconferência, Zelensky pediu ao grupo “um apoio pleno e total” para acabar com a guerra antes do fim do ano e evitar “a dureza do inverno ucraniano”. Enquanto isso, em Bruxelas, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) planeja o maior reforço militar no Leste da Europa desde o fim da Guerra Fria.

O anúncio oficial da Otan deverá ser feito durante a cúpula da aliança militar em Madri, entre hoje e quinta-feira. “Acredito que os aliados deixarão claro que consideram a Rússia como a maior e mais direta ameaça para a nossa segurança”, declarou Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, que vê a reunião como um “ponto de virada”. Ele explicou que a organização fortalecerá os grupamentos táticos na parte leste, até atingirem o nível de brigada. De acordo com Stoltenberg, a Otan também “transformará a sua Força de Resposta”, de 40 mil soldados, e aumentará o contingente de alta prontidão “bem acima” de 300 mil militares.

Até o fechamento desta edição, as autoridades ucranianas confirmavam ao menos 16 mortos e 59 feridos em Kremenchuk. “Este terrível ataque mostra mais uma vez a profundidade da crueldade e da barbárie a que o líder russo está disposto a cair”, comentou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante a cúpula do G7. O presidente da França, Emmanuel Macron, classificou o bombardeio como uma “abominação”. Em declaração conjunta, o grupo denunciou “ataques indiscriminados contra civis inocentes”, condenou, “de forma solene”, o ataque “abominável” e assegurou que o presidente russo, Vladimir Putin, “terá que prestar contas”. A pedido da Ucrânia, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá às 16h de hoje (hora de Brasília) para debater o disparo do míssil contra o shopping Amstor.

Relatos do horror 

Chefe da organização não governamental Centro Anticorrupção Kremenchuk, Oksana Guida, 49, escapou por pouco da morte. Por telefone, ela relatou ao EM que, 15 minutos antes do bombardeio, tinha visitado o shopping center. “Eu estava a 200m de lá, em um posto de combustível, no centro da cidade, quando houve o ataque. O centro comercial era muito grande e requisitado por vender eletrônicos. Fiquei em choque. É algo horrível. Não era um objetivo militar, apenas um shopping center”, disse. “Eu vi o míssil atingir o prédio. A sensação era como se o tempo parasse. Fiquei muito nervosa e tive problemas de audição na hora. Precisei tomar sedativos. Era como se toda a minha vida passasse diante de mim em um segundo. Foi algo muito assustador", acrescentou.

O engenheiro de software Oles Olehovych Ovcharenko, 20, se dirigia a outro shopping próximo quando foi surpreendido pela explosão. “Foi inesperado. Algumas vezes você consegue escutar o míssil se aproximar, mas não foi o que ocorreu”, afirmou à reportagem. Como havia muitos prédios ao redor, ele não viu nada. “Apenas escutei o estrondo alto vindo do nada. Os alarmes de todos os carros dispararam. Todo mundo começou a correr para qualquer lugar. Cerca de 10 a 30 segundos depois, ouvi outra explosão”, contou. “Não senti medo, apenas ódio. Na Ucrânia, acho que todos não se importam consigo mesmos. Você apenas pega seu telefone para avisar os seus parentes que você está bem.” Olvcharenko foi atingido por uma chuva de cinzas e de pedaços pequenos de vidro.

Poucas horas depois, uma bateria de foguetes russos matou oito civis e feriu 42 em Lysychansk, na província de Luhansk, no Leste da Ucrânia. "Essas pessoas apenas buscavam água em um caminhão-tanque, quando os russos dispararam os foguetes 'MLRS Hurricane' contra a multidão. Entre os mortos, está um garoto de 15 anos; entre os feridos, um de 14”, explicou à reportagem Serhiy Hayday, chefe da administração militar da região de Luhansk.


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