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Estado de Minas ISTAMBUL

Cerca de 200 presos em desfile do Orgulho LGBTQIA+ em Istambul


26/06/2022 15:43

A Marcha do Orgulho LGBTQIA+ deste domingo (26) em Istambul foi vista como em outros anos violentamente perturbada pela polícia, que prendeu cerca de 200 pessoas, incluindo um fotógrafo da AFP, segundo ONGs.

Mesmo antes do início da manifestação, a polícia antidistúrbios invadiu vários bares do bairro Cihangir, ao redor da Praça Taksim, prendendo "aleatoriamente" pessoas, incluindo jornalistas e ativistas LGBTQIA+.

De acordo com a contagem feita pelos organizadores da marcha, cerca de 200 pessoas foram presas. Ao cair da noite, elas começaram a ser soltas.

A ONG Kaos GL, que milita pela proteção das pessoas LGTBQIA+, havia indicado mais cedo no Twitter que mais de 150 participantes da marcha foram presos em Istambul.

Por sua vez, a Anistia Internacional pediu no Twitter a "libertação incondicional imediata" dos detidos.

A Marcha do Orgulho LGBTQIA+ foi oficialmente proibida pelo governador da cidade, mas centenas de manifestantes com bandeiras de arco-íris começaram a se reunir nas ruas adjacentes à famosa Praça Taksim, completamente fechada ao público.

Aos gritos de "O futuro é 'queer'", "Você nunca estará sozinho" ou "Aqui estamos, somos 'queer', não iremos a lugar nenhum", os manifestantes desfilaram por pouco mais de uma hora pelas ruas do bairro Cihangir. Muitos moradores deram sinais de apoio das janelas.

Os detidos foram transferidos em dois ônibus da polícia para a principal delegacia da cidade, confirmou um cinegrafista da AFP.

- "Defender nossos direitos" -

"Eles tentam nos banir, impedir [nossa presença], nos discriminar e até nos matar a cada minuto de nossa existência", disse Diren, 22 anos. "Mas hoje é hora de defender nossos direitos, de gritar que existimos: vocês nunca vão conseguir parar queers", acrescentou o jovem, usando um termo que designa qualquer forma de altersexualidade e rejeita a definição biológica de gênero.

A polícia tentou impedir a imprensa de filmar as prisões.

Bülent Kilic, um premiado fotógrafo da AFP com experiência em zonas de conflito, foi algemado nas costas, sua camisa arrancada e levado com outros detidos em uma van da polícia. Ele já havia sido preso no ano passado nas mesmas circunstâncias.

"Apesar de três condenações proferidas pelo Tribunal Constitucional nos últimos três anos, as forças de segurança continuam com a violência e prisões arbitrárias de jornalistas. Infelizmente, a administração se acostumou a ignorar as decisões da Corte ou a lei", denunciou no Twitter um representante da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Erol Onderonglu.

Após um desfile espetacular de mais de 100.000 pessoas em Istambul em 2014, as autoridades turcas proíbem o evento ano após ano, oficialmente por razões de segurança.

Na sexta-feira, a Comissária Europeia para os Direitos Humanos, Dunja Mijatovic, pediu às "autoridades de Istambul que levantem a proibição em vigor contra a Marcha do Orgulho e garantam a segurança dos manifestantes pacíficos".

"Os direitos humanos das pessoas LGBTQIA+ na Turquia devem ser protegidos", enfatizou, pedindo "um fim ao estigma [deles]".

A homossexualidade foi descriminalizada na Turquia desde meados do século XIX. Não é proibida, mas ainda é mal visto pela sociedade e pelo partido no poder, o AKP (Islamo-conservador), ao qual pertence o governo de Recept Tayyip Erdogan.

Um ministro chegou a classificar as pessoas LGBTQIA+ como "degeneradas".

Em 2020, a plataforma Netflix foi obrigada a desistir de produzir uma série na Turquia porque incluía um personagem gay e não havia obtido permissão das autoridades.


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